UCRÂNIA: “Muitas pessoas vieram à paróquia à procura de ajuda e abrigo”, descreve sacerdote durante ataque a Kiev

UCRÂNIA: "Muitas pessoas vieram à paróquia à procura de ajuda e abrigo”, descreve sacerdote durante ataque a Kiev

NOTÍCIAS

UCRÂNIA: "Muitas pessoas vieram à paróquia à procura de ajuda e abrigo”, descreve sacerdote durante ataque a Kiev

Segunda-feira · 28 Fevereiro, 2022

“Muitas pessoas vieram à paróquia à procura de ajuda e abrigo, e por isso criámos instalações de emergência na cave do nosso mosteiro e na inacabada igreja do mosteiro”, explicou, no final da semana passada, à Fundação AIS, o Padre Pauline Roman Laba, no seguimento dos primeiros ataques com misseis à capital ucraniana. “Neste momento, temos cerca de 80 pessoas connosco, incluindo membros da paróquia e pessoas de edifícios circundantes”, acrescentou o sacerdote desde Bowary, um subúrbio de Kiev. “Por favor, rezem pela Ucrânia”, disse ainda na mensagem enviada para a fundação pontifícia.

Incerteza e medo são duas constantes entre os ucranianos que enfrentam desde a madrugada de quinta-feira um ataque em larga escala em todo o país por parte das forças armadas russas. Magda Kaczmarek, directora de Projectos da Fundação AIS, tem estado em contacto permanente com responsáveis da Igreja local e destaca a decisão tomada pelos “principais bispos do país” para que ninguém abandone a Ucrânia. “Esta é uma decisão difícil, sobretudo para os sacerdotes da Igreja Greco-Católica, muitos dos quais são casados. Eles têm medo não tanto pelas suas próprias vidas como pela segurança dos seus filhos e famílias, explica Kaczmarek.

UCRÂNIA: "Muitas pessoas vieram à paróquia à procura de ajuda e abrigo”, descreve sacerdote durante ataque a Kiev
Incerteza e medo são duas constantes entre os ucranianos.

Nos contactos estabelecidos nos últimos dias com bispos, sacerdotes e religiosas – e muitos tiveram de passar já noites em “bunkers” –, Magda Kaczmarek ouviu relatos de tiroteios e explosões. “Não é claro [perceber] qual o alvo que vai ser atacado a seguir”, diz, recordando o sentimento de incerteza que escutou com frequência do outro lado da linha telefónica.

O Padre Pauline Laba, por exemplo, testemunhou um ataque de misseis à cidade de Kiev às cinco horas da manhã de quinta-feira, dia 24, que causou a morte a sete pessoas e ferimentos em quase duas dezenas. E esse foi apenas um ataque. Quando falou com a Fundação AIS, a cidade já tinha sofrido sete ataques levando muitas pessoas a abandonar a região rumo ao oeste do país.

Noutra zona da Ucrânia, no sudeste, o irmão Vasyl também viveu momentos difíceis. Desde uma aldeia perto de Mariupol, a apenas 60 quilómetros da fronteira com a Rússia, Vasyl disse à Fundação AIS que, por ali, ninguém teve “tempo para ter medo”, e reafirmou o propósito já anunciado de que a Igreja ficará ao lado do povo independentemente das condições. “Vamos ficar e ajudar as pessoas a sobreviver a esta situação”, afirmou.

O medo instalou-se naturalmente entre os ucranianos. A violência dos ataques, a força utilizada pelo exército russo levou muitas pessoas a procurarem apoio também ao nível espiritual. “Algumas pessoas vieram até nós para se confessarem pela primeira vez na vida”, explicou o Padre Pauline. “Pessoas mais velhas e doentes pedem-nos para irmos ter com elas para as ouvirmos em confissão. Querem estar prontas para a morte…” Também o Irmão Vasyl se tem desdobrado no acompanhamento espiritual e no apoio aos que se encontram numa situação mais fragilizada, nomeadamente procurando auxiliar a evacuação de crianças. “As crianças estão todas traumatizadas, porque tem havido tiroteios aqui nesta zona”, explica.

Outro dos contactos que Magda Kaczmarek estabeleceu logo nas primeiras horas de quinta-feira, quando as tropas russas avançaram pelo território ucraniano, foi com D. Jan Sobilo, Bispo de Saporischschja, uma diocese situada no leste do país. Originário da Polónia, o prelado reafirmou também o propósito de permanecer ao lado do povo, recusando ir para algum lugar eventualmente mais seguro. “Vim aqui para servir o povo”, disse, expressando a esperança de que a guerra possa mudar os corações, fazendo triunfar “a bondade e o amor”.

Mas, quando se está no meio de um conflito armado, não se pode prever o futuro. D. Jan Sobilo não pode saber, que consequências terá a guerra para a sua diocese, mas sabe já que a solidariedade do mundo está em marcha e sabe também que pode contar com a ajuda da Fundação AIS. “Se acontecer o pior, por favor, continuem a ajudar-nos…”

Um auxílio que foi reafirmado logo no primeiro dia da invasão das forças russas, com a Fundação AIS a assumir o compromisso de enviar uma ajuda de emergência no valor de 1 milhão de euros e que se destina, como explicou na ocasião Thomas Heine-Geldern, presidente executivo internacional da instituição, para os sacerdotes e religiosas que trabalham com refugiados, em orfanatos e em lares para idosos em todo o país.

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

PARTILHAR ESTE ARTIGO

Relatório da Liberdade Religiosa

O relatório da Fundação AIS analisa a situação da liberdade religiosa em 196 países. É um dos quatro relatórios sobre a situação da liberdade religiosa a nível mundial, sendo o único relatório não governamental na Europa que tem em conta a doutrina social católica.

196 PAÍSES

918 125 574

Multibanco

IBAN PT50 0269 0109 0020 0029 1608 8

Papa Francisco

“Convido-vos a todos, juntamente com a Fundação AIS, a fazer, por todo o mundo, uma obra de misericórdia.” 
PAPA FRANCISCO

© 2024 Fundação AIS | Todos os direitos reservados.