SUDÃO SUL: “O pouco que fazemos é muito”, diz religiosa face a refugiados que estiveram meses sem ajuda

SUDÃO SUL: “O pouco que fazemos é muito”, diz religiosa face a refugiados que estiveram meses sem ajuda

Em Deim Zubeir, um antigo entreposto de escravos situado no Sudão do Sul, há um campo improvisado onde vivem cerca de 4 mil refugiados, quase todos muçulmanos. Fugiram da violência que continua a assolar um país vizinho, a República Centro-Africana. Uma religiosa portuguesa em missão na Diocese de Wau foi encontrá-los numa situação terrível. Estavam há dois meses sem ajuda, sem comida. “Mas, graças a Deus, estamos a ir ao seu encontro”, diz a Irmã Beta Almendra à Fundação AIS.

São cerca de 4 mil pessoas que vivem num campo de refugiados em Deim Zubeir, no Sudão do Sul, e que fugiram da guerra, da violência dos grupos armados na República Centro-Africana. Deim Zubeir, um antigo entreposto de escravos, fica situado a cerca de 300 quilómetros do centro da cidade de Wau, no Sudão do Sul, onde se encontra a Irmã Beta Almendra. A viagem entre Wau e Deim Zubeir não é nada fácil, mas a irmã teve de fazer-se ao caminho para um encontro de formação com catequistas. Demorou mais de oito horas até chegar ao seu destino, pois as estradas transformaram-se, nesta que é a época das chuvas, em verdadeiros lamaçais. A viagem é lenta e todos os cuidados são poucos. “É realmente uma aventura fazer esta estrada, cheia de buracos, agora estamos na estação da chuva. Na estação seca dizem que se consegue fazer em seis horas, mas agora com as chuvas tem de se ir mais devagar e com mais cuidados, senão ficamos enterrados na lama”, relata a religiosa portuguesa numa mensagem enviada para Lisboa, para a Fundação AIS.

Beta Almendra foi a Deium Zubeir para dar formação a um grupo de catequistas, mas o que a impressionou mesmo foi a visita ao campo de refugiados onde estão cerca de 4 mil pessoas que fugiram da violência que está a assolar a República Centro-Africana. “Tiveram que fugir mesmo”, descreve a religiosa depois de ter conversado com eles, depois de ter escutado os seus lamentos. Todos eles viviam perto da fronteira com o Sudão do Sul quando rebeldes armados tomaram conta da região. “É mesmo na fronteira do Sudão do Sul com a República Centro-Africana”, explica a Irmã Beta Almendra. “Os rebeldes instalaram-se lá e expulsaram esta gente, mais de 4 mil pessoas que vieram até Deim Zubeir a pé, através da floresta.”

Tendas de plástico

A irmã já sabia da existência do campo de refugiados, mas não imaginava o que ia encontrar. “A realidade é realmente dramática, dramática…” A maioria destes refugiados são muçulmanos e isso também não ajuda pois têm sido vistos com alguma desconfiança pelas populações locais. “Estiveram dois meses sem nenhuma ajuda. Sem nenhuma ajuda, sem comida…” Antes da época das chuvas ainda se alimentavam com a fruta das árvores, como as mangas, “mas agora está mais difícil”, explica a religiosa. Durante o tempo em que esteve por lá, pelo acampamento improvisado de refugiados, “com casas construídas com paus”, a Irmã Beta Almendra praticamente só viu mulheres e crianças. “Vi só crianças e mães, que estão ali neste campo à espera se calhar que alguém lhes leve alguma coisa para comer.” Os homens tinham ido procurar comida na floresta. O campo de refugiados, explica a religiosa, “fica muito perto da floresta, e aí é possível encontrar alguma comida, algumas raízes”.

No acampamento, as mulheres e as crianças aguardam. “Estão ali à espera que as Organizações Não Governamentais e que a Igreja Católica leve alguma ajuda. Sei que a ajuda vai chegar”, diz a irmã, referindo-se à Cruz Vermelha que enviou para o local “umas tendas de plástico”, para proteger as pessoas da chuva, e à própria Diocese de Wau que já está a mobilizar-se face a esta situação humanitária tão difícil. “A nossa diocese, através da Cáritas, vai levar algumas carrinhas com comida para ajudar esta gente durante alguns meses”, explica a religiosa portuguesa. “Mas a situação está realmente muito complicada. Rezamos por todos para que realmente haja caridade, haja muita ajuda para que este povo inocente possa sair desta situação, possa regressar, se assim quiserem, ao seu país, ou para começarem as suas vidas do zero, porque vieram sem nada…”

Recomeçar a vida do zero

Deim Zubeir era um lugar onde se fazia o comércio de escravos, onde se comercializavam pessoas que eram normalmente levadas para a cidade de Cartum, mais a norte, no Sudão. Agora, continua a acolher pessoas em lágrimas, perseguidas, abandonadas à sua sorte. Hoje não são escravos, mas sim refugiados. São cerca de 4 mil refugiados, pessoas que fugiram da violência que tem assolado o país vizinho, a República Centro-Africana. Deim Zubeir fica longe, a cerca de 300 quilómetros de distância da cidade de Wau, e só lá se consegue chegar percorrendo estradas esburacadas que se transformam em armadilhas na época das chuvas. Fica longe, mas está perto da preocupação dos responsáveis da Igreja Católica. A Irmã Beta Almendra fala em pessoas desesperadas, que estão num país estrangeiro, sem família nem amigos, totalmente dependentes de ajuda, e que agora, estando de mãos vazias, têm de recomeçar as suas vidas do zero. “É esta a situação que encontrei em Deim Zubeir, nesta paróquia”, diz a irmã portuguesa, sublinhando a importância do apoio da Igreja a estes refugiados. “Graças a Deus, estamos a ir ao seu encontro, e o pouco que fazemos é muito.”

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

Relatório da Liberdade Religiosa

Dado que a grande maioria da população é cristã, os incidentes de violência registados contra fiéis cristãos estiveram menos relacionados com a liberdade religiosa do que com outras questões. Não obstante, foram registados ataques de extremistas islâmicos nas regiões do Norte que sofrem uma invasão islâmica. A situação da liberdade religiosa deve continuar sob observação.

SUDÃO DO SUL

918 125 574

Multibanco

IBAN PT50 0269 0109 0020 0029 1608 8

Papa Francisco

“Convido-vos a todos, juntamente com a Fundação AIS, a fazer, por todo o mundo, uma obra de misericórdia.” 
PAPA FRANCISCO

© 2024 Fundação AIS | Todos os direitos reservados.