SUDÃO SUL: “Não nos abandonem, continuem a rezar pela paz”, pede religiosa após o assassinato, a 16 de Agosto, de duas irmãs

SUDÃO SUL: “Não nos abandonem, continuem a rezar pela paz”, pede religiosa após o assassinato, a 16 de Agosto, de duas irmãs

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SUDÃO SUL: “Não nos abandonem, continuem a rezar pela paz”, pede religiosa após o assassinato, a 16 de Agosto, de duas irmãs

Terça-feira · 24 Agosto, 2021
O brutal assassinato há cerca de duas semanas de duas irmãs no Sudão do Sul continua a chocar a comunidade cristã deste país africano. O Arcebispo de Juba afirmou que as duas religiosas da Congregação do Sagrado Coração de Jesus são “mártires” e ficarão na memória de todos.

“As nossas irmãs morreram por causa da sua fé”, acrescentou D. Stephen Ameyu Martin Mulla durante a missa fúnebre, na sexta-feira, dia 20, defendendo que o caminho da paz no Sudão do Sul só se atinge fazendo o bem e não “matando pessoas, matando irmãs, matando inocentes…”

As irmãs Mary Daniel Abut e Regina Roba deslocavam-se de autocarro na segunda-feira, 16 de Agosto, na estrada que liga a cidade de Juba a Nimule. Regressavam das cerimónias do centenário da Paróquia Católica de Loa, dedicada a Nossa Senhora da Assunção, quando se deu o ataque.

Ao todo, viajavam 12 passageiros, dos quais sete eram consagradas. Quando se deu a emboscada, por homens armados, todos terão tentado fugir escondendo-se nas matas. As duas religiosas foram descobertas e mortas de imediato “a sangue-frio”, na descrição da irmã Christine John Amaa, em declarações citadas pela agência Fides.
SUDÃO SUL: “Não nos abandonem, continuem a rezar pela paz”, pede religiosa após o assassinato, a 16 de Agosto, de duas irmãs
O Arcebispo de Juba afirmou que as duas religiosas da Congregação do Sagrado Coração de Jesus são “mártires” e ficarão na memória de todos.
O assassinato, que levou o Papa Francisco a dizer-se “profundamente entristecido”, terá sido realizado por elementos ligados a grupos armados que estão afastados do compromisso de paz no Sudão do Sul. Isso mesmo foi referido pelo presidente do país, Salva Kiir, ao condenar “nos termos mais contundentes”, e em nome do governo de transição, aquele “acto de terror”.

Também a superiora das irmãs combonianas no Sudão do Sul condenou o crime apelando à paz para o seu país. “Não nos abandonem, continuem a rezar pela paz.” As palavras, emotivas, são da irmã Maria Martinelli, em entrevista ao Vatican News.

Para a médica italiana, o crime que tirou as vidas a Mary Abut e a Regina Roba deixou toda a comunidade cristã “muito chocada”.

“A violência nunca envelhece; estes eventos acontecem, infelizmente, naquela estrada e em outras estradas. Por questões de banditismo, questões políticas que se misturam, questões culturais. Mas este incidente deixou-nos ainda mais chocados porque não está no espírito destas pessoas matar directamente freiras”, diz ainda a irmã.

“Normalmente há respeito pelas pessoas religiosas, pelos sacerdotes e, especialmente, pelas freiras. Tal acto não faz parte da mentalidade do nosso povo. Isso indica uma mudança, que há realmente algo de errado no profundo”, acrescentou.

Sobre as duas religiosas agora assassinadas – crime que levou a Arquidiocese de Juba a declarar cinco dias de luto – a superiora das combonianas fala em “grandes mulheres”, amadas por todos e comprometidas com o desenvolvimento do país.

A sua morte não poderá significar o fim do trabalho que vinham realizando, diz ainda a irmã Martinelli. Isso significaria um fracasso na aposta na paz. “Não se pode ceder àqueles que só buscam a violência. Precisamos de mais empenho na educação dos jovens, para mostrar-lhes modelos de vida diferentes daqueles baseados na violência ou apenas em ter dinheiro. Os jovens devem voltar a ter valores para construir uma sociedade saudável”, disse.

Na entrevista, a médica italiana refere ainda o desejo de ver o Papa Francisco a visitar, mesmo que brevemente, o Sudão do Sul, pois isso “seria um importante sinal de esperança”, e deixa um apelo: “Não nos abandonem. Continuem a rezar pela paz, para que possamos verdadeiramente lançar as bases para um reinício sereno, para um caminho que conduza todos à fraternidade”.

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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