SUDÃO DO SUL: “Se estiver com o Papa vou dizer-lhe ‘obrigado por nos dar esperança’”, diz irmã portuguesa

SUDÃO DO SUL: “Se estiver com o Papa vou dizer-lhe ‘obrigado por nos dar esperança’”, diz irmã portuguesa

Começa hoje, sexta-feira, dia 3, a visita do Santo Padre ao Sudão do Sul. Uma visita que esteve para acontecer em julho do ano passado e que foi adiada por motivos de saúde – os crónicos problemas com o joelho do Papa. Vai ser agora. Uma visita que está a ser acompanhada a par e passo por uma religiosa comboniana, a Irmã Beta Almendra.

O Papa Francisco vai começar hoje, dia 3, uma visita ao Sudão do Sul, o mais novo país do mundo, que só ganhou a independência em 2011 mas que tem vivido quase desde sempre em guerra. É também por causa disso, da violência, pobreza e sofrimento que guerra provoca, que esta visita do Papa é tão importante. Quem o diz é a Irmã Beta Almendra, uma comboniana de 53 anos, oriunda da Ericeira, Patriarcado de Lisboa. “A paz ainda não é uma realidade”, sublinha esta religiosa numa mensagem enviada para a Fundação AIS.

 

Gesto inesquecível

O tempo está seco, o que é bom. Permite as viagens por terra. Beta Almendra, que vive em Wau, não esconde a alegria e até uma certa excitação pela visita do Santo Padre ao Sudão do Sul. Na memória de todos está ainda o gesto inesquecível de Francisco, em Abril de 2019, num retiro espiritual que decorreu no Vaticano, ao beijar os pés dos principais líderes do país, o presidente Salva Kiir e os seus vice-presidentes, Riek Machar e Rebecca Nyandeng. Um gesto que permitiu, desde então, alimentar todas as esperanças. O Papa é um construtor de pontes, um fazedor de paz. A sua presença agora, no Sudão do Sul, não deixa ninguém indiferente.

 

Estar com o Papa

Beta Almendra não sabe se vai conseguir estar mesmo perto do Papa. Mas vai tentar. “Estamos aqui já a caminho de Juba. É com muita alegria que nos estamos a preparar para receber o Papa, estamos na estação seca e é uma boa oportunidade para viajar por terra. Vamos em comboio, em grupo, esperamos que em dois dias se consiga chegar a Juba. Estamos preparados.” Sorridente, a religiosa portuguesa explica que ninguém quer ficar de fora desta viagem que poderá ser um marco na história do Sudão do Sul. “As pessoas estão todas muito atentas às notícias, com expectativas, com muita alegria e com esperança. Com muita esperança” diz Beta Almendra. “Os que vão, querem participar, querem encontrar o Papa, querem rezar pelos outros cristãos, e os que ficam querem seguir, através da rádio, através da televisão, se conseguirem, querem acompanhar tudo nestes dias tão importantes para o Sudão do Sul.”

 

Guerra de etnias

Estes dois dias em que o Santo Padre vai estar no Sudão do Sul são muito importantes porque a paz demora. Há demasiados anos de guerra no Sudão do Sul. Desde 2013, uma desavença política entre o presidente Salva Kiir e o vice-presidente Riek Machar transformou-se num conflito aberto. Num conflito armado a que não serão alheias também as origens dos dois dirigentes. Kiir pertence à etnia dinka e Machar ao povo nuer. São as duas principais etnias do Sudão do Sul e as rivalidades entre ambas são muitas e antigas. A paz, aqui, precisa também de reconciliação. A presença do Papa – juntamente com o líder da Igreja Anglicana, o Arcebispo de Cantuária, Justin Welby, e de Jim Walace, da Igreja Presbiteriana da Escócia – permite alimentar todas as ilusões. “Há certas partes do país que continuam a lutar, porque a paz ainda não é uma realidade. É um processo que se está a tentar fazer e, por isso, o Papa vem nesta peregrinação, juntamente com outros elementos da comunidade cristã. Vêm pedir, vêm dialogar para que esta paz possa ser uma realidade concreta que tem de ser conquistada aos poucos e poucos.”

 

Dar esperança

Beta Almendra definiu a visita do Papa como uma peregrinação. É seguramente uma peregrinação pela paz. Se puder estar com Francisco, se puder trocar com ele algumas palavras, que lhe diria, que lhe dirá? A resposta vem de rajada, como se estivesse já ao lado do Santo Padre. “A primeira coisa que lhe posso dizer é ‘obrigada’. Obrigada por ter vindo, obrigada por vir ao Sudão do Sul visitar esta gente, rezar, rezar connosco, dar-nos realmente esperança em nome de toda a Igreja e do mundo. É bom saber que estamos unidos, que estamos todos juntos, e que esta é uma Igreja em sinodalidade, que caminha junta, que quer caminhar junta e que se ajuda, uns aos outros, para se conseguir esses objectivos.”

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

Relatório da Liberdade Religiosa

Dado que a grande maioria da população é cristã, os incidentes de violência registados contra fiéis cristãos estiveram menos relacionados com a liberdade religiosa do que com outras questões. Não obstante, foram registados ataques de extremistas islâmicos nas regiões do Norte que sofrem uma invasão islâmica. A situação da liberdade religiosa deve continuar sob observação.

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