NOTÍCIAS
SÍRIA: Nova vaga do Covid19 atinge país numa altura em que “as pessoas mal têm para comer”, diz religiosa portuguesa
“Há uma nova vaga de Covid a atingir a Síria”, afirma a Irmã Maria Lúcia Ferreira, que vive no Mosteiro de São Tiago Mutilado, em Qara. Apesar de não ser “uma grande epidemia”, está a revelar-se “mais duro e mais difícil” para as populações. Numa mensagem enviada para a Fundação AIS, esta religiosa, que pertence à Congregação das Monjas de Unidade de Antioquia, dá o exemplo da pequena vila de Qara onde já se registaram mesmo alguns óbitos entre a comunidade cristã. “Houve dois senhores de idade, entre os 70 e os 80 anos, que faleceram e há outros casos… enquanto na outra vaga tinha havido apenas um caso esporádico. Desta vez, estão a aparecer alguns casos entre os cristãos. Numa outra vila, não muito longe daqui, o padre, que também já tinha cancro, sucumbiu também ao Covid19.”
Na mensagem áudio enviada para Lisboa, a Irmã Myri, como é conhecida, relata o sentimento de estranheza que se está a viver face à obrigatoriedade da vacinação contra o coronavírus, numa altura em que o país continua a enfrentar uma situação crítica a nível económico por causa do embargo imposto ao regime de Damasco. “O país está a sofrer bastante com o embargo do exterior, mas as vacinas são oferecidas, são mesmo impostas tanto aqui como no Líbano. Aquele que não recebe a vacina fica muito mal relacionalmente. E são dadas, são grátis. Não importa nada [que] as pessoas mal tenham o que comer… nada disso importa. Mas importa é que toda a gente leve a vacina.”
O governo está também a exigir a realização de testes de despistagem ao coronavírus a todos os que procurem atravessar a fronteira com o Líbano. Os testes, diz a irmã, “são muito caros” e isso está a dificultar as viagens para o país vizinho. “É muito caro ir e vir ao Líbano… antes era qualquer coisa de muito fácil…”, explica a irmã portuguesa.
Para já, esta nova vaga da epidemia do coronavírus não está a afectar a prática religiosa na Síria. Até ao momento, esclarece a monja que nasceu na aldeia do Milharado, no Patriarcado de Lisboa, não houve qualquer medida no sentido do encerramento de igrejas ou de outros espaços de culto. “O governo não interfere na questão religiosa”, diz Maria Lúcia Ferreira, acrescentando que, apesar disso, nota-se uma menor afluência às missas, por exemplo. “Há sempre quem tenha medo e há menos pessoas que se deslocam à missa e a outros encontros paroquiais…”
PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt