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SÍRIA: Agravamento da crise económica leva Fundação AIS a relançar campanha “Uma Gota de Leite” para as crianças
Sinal do desespero das populações, diz ainda a irmã, “agora, para se conseguir comprar pão é preciso ir para a fila da padaria às cinco da manhã, senão depois já não há…”
Este relato vem reforçar o que esta religiosa, mais conhecida como Irmã Myri, tinha enviado no início do mês de Abril, em que dava conta das primeiras falhas no abastecimento de pão.
“Começa a faltar o pão. Há muita gente que sobrevivia porque o governo tabelou o preço muito baixo para que todos pudessem ao menos comer pão. O preço continua baixo, relativamente baixo, mas o pior é que começa a não haver para todos. É preciso esperar quatro dias para se ter um saco de pão que tem oito pães achatados. Ora, uma grande família não pode subsistir assim”, explicava esta religiosa há cerca de dois meses.
A Síria é um país que está em guerra desde há dez anos e que sofre também as consequências das sanções económicas impostas ao regime de Bashar al-Assad pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
Bruxelas, por exemplo, prorrogou a 27 de Maio essas sanções por mais um ano, até 1 de Junho de 2022, medidas que implicam a proibição de importação de petróleo, restrições em determinados investimentos, congelamento de activos do Banco Central da Síria e, ainda, restrições à exportação de determinados bens.
Face a esta realidade, ao agravamento da crise económica e aos inúmeros apelos que chegam da Igreja da Síria, a Fundação AIS decidiu relançar a campanha “Uma Gota de Leite”, que continua a ser imprescindível para permitir a alimentação de bebés e crianças.
A campanha foi concebida para permitir o fornecimento de leite em pó para as crianças da Síria e isso está a acontecer em Homs, desde 2015, e em Alepo, desde 2017.
Nesta cidade de Alepo, considerada mártir pela violência dos combates que reduziram a escombros quase bairros inteiros, a Fundação AIS lançou a campanha graças ao empenho de um grupo de voluntários de que se destaca o médico Nabil Antaki. Todos os meses é distribuído leite para cerca de 3 mil crianças e bebés. Como explica Nabil Antaki à Fundação AIS, esta campanha, assegurada pela generosidade dos benfeitores da instituição em todo o mundo, “é um sinal de esperança”.
Para manter viva essa esperança, face ao agravamento da crise económica que está a tornar o dia-a-dia das famílias sírias ainda mais difícil, a Fundação AIS relançou agora esta campanha junto dos seus benfeitores e amigos em Portugal.
A directora do secretariado português da Ajuda à Igreja que Sofre reconhece que esta campanha sempre granjeou o carinho dos benfeitores no nosso país. “De facto, é raro o dia em que não recebemos uma carta ou um telefonema de alguém a querer ajudar as crianças de Alepo ou de Homs, a querer dar leite para os meninos da Síria”, afirma Catarina Martins de Bettencourt.
“Estou certa de que, se depender de nós, da generosidade dos portugueses, esta campanha irá continuar sempre a alimentar as necessidades destas crianças e bebés da Síria”, acrescentou a responsável da instituição.
PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt