NOTÍCIAS
RD CONGO: Comunidade cristã chora a morte do Padre Richard Masivi, assassinado após a celebração de uma Missa
A comunidade cristã da Diocese de Butembo-Beni tem vindo a expressar a sua dor pela morte violenta do Padre Richard Masivi Kasereka, assassinado na passada quarta-feira, dia 2 de Fevereiro, quando se dirigia para a sua paróquia, de São Miguel Arcanjo, após ter celebrado Missa em Kanyabayonga.
As cerimónias fúnebres decorreram na manhã de sábado, dia 5, no Santuário de São Francisco de Assis, tendo o corpo sido levado depois para o cemitério diocesano em Musienene. Sinal do carinho e da proximidade da comunidade cristã para com este jovem sacerdote, que foi morto apenas a três dias de completar 35 anos de idade, houve celebrações durante o fim-de-semana também nas Dioceses de Goma e de Kinshasa.
D. Melchisédec Sikuli Paluku, Bispo de Butembo-Beni, afirmou, num comunicado que fez chegar, entretanto, à Fundação AIS, que “está em curso” uma investigação para apurar não só a autoria, mas também as circunstâncias deste crime, que vem acentuar o clima de forte instabilidade que já se fazia sentir na República Democrática do Congo, e muito especialmente na região nordeste.
Recorde-se que na véspera do assassinato do Padre Richard, homens armados mataram mais de meia centena de pessoas que se encontravam no campo de refugiados de “Plane Savo”, em Ituri. Este ataque mereceu, aliás, uma pronta reacção do Santo Padre que num telegrama assinado pelo secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, e dirigido ao presidente do país, Félix Tshisekedi, afirmou ter-se tratado de um “acto atroz e bárbaro”.
Esta onda de violência na República Democrática do Congo não é recente e tem vindo a agravar-se com o passar do tempo. Há precisamente um ano, em Fevereiro de 2021, o Bispo de Beni afirmava, numa mensagem que fez questão de gravar para a Fundação AIS, que o país tem assistido a “massacres” e que estes têm ocorrido perante a quase indiferença das autoridades.
“Desde há 10 anos para cá, sobretudo desde 2014, têm acontecido massacres atrás de massacres e as autoridades do nosso país passam o tempo a discutir temas como que ministério irão assumir”, disse D. Melchisédech Sikuli Paluku.
O prelado acrescentou ainda que “as populações não contam para nada” e que os responsáveis têm agido como se estivem apenas interessados numa “partilha de ministérios, de cargos, de poder”.
Apesar de não haver ainda dados oficiais sobre o crime que vitimou o Padre Richard, a imprensa local tem apontado o dedo às Forças Democráticas Aliadas (ADF), um grupo rebelde afiliado ao Daesh, os jihadistas do Estado Islâmico.
PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt