A Fundação AIS apresentou, a nível internacional, as suas contas relativas ao ano de 2023 que reflectem, uma vez mais, a enorme generosidade dos benfeitores da instituição em todo o mundo. Ucrânia, Síria e Líbano foram os países que receberam mais ajuda. África foi o continente que recebeu mais apoio. Em Portugal, o valor angariado foi de 3 milhões e 691 mil euros. Para Catarina Martins de Bettencourt, directora do secretariado nacional da AIS, “nunca é demais agradecer” a generosidade dos que ajudam a Igreja “onde os cristãos mais sofrem, onde são perseguidos e onde passam por mais dificuldades”
A instituição católica internacional Ajuda à Igreja que Sofre (Fundação AIS) manteve o nível de receitas dos anos anteriores, com 143,7 milhões de euros de donativos e legados recebidos durante 2023. Este valor, juntamente com 8 milhões de euros de reservas do ano anterior, permitiu à Fundação financiar actividades no valor de 144,5 milhões de euros. A generosidade de quase 360 mil benfeitores nos 23 países – um dos quais é Portugal – onde a Fundação AIS tem secretariados nacionais, entre outros, continua a permitir que a instituição funcione sem qualquer apoio financeiro de governos ou organismos eclesiais.
Numa mensagem dirigida aos benfeitores, a presidente executiva da AIS International, Regina Lynch, afirma que: “Mais uma vez, este ano, estes números reflectem um verdadeiro milagre. De uma perspectiva puramente humana, não nos podemos comprometer a ajudar sem primeiro ter fundos assegurados mas, como acreditamos na Divina Providência, temos vindo a fazê-lo desde 1947. Por isso, este relatório anual de actividades é, acima de tudo, uma oportunidade para dar graças a Deus.”
Um total de 81,3% destes fundos destinou-se directamente a despesas relacionadas com a missão. Do montante, 85,9% destinou-se a projectos de ajuda em 138 países, o que permitiu à Fundação aprovar 5.573 projectos de entre os 7.689 pedidos recebidos de todo o mundo. Os restantes 14,1%, ou seja, 16,6 milhões de euros, destinaram-se a actividades relacionadas com o trabalho de informação, evangelização e defesa dos Cristãos perseguidos, incluindo a publicação de literatura religiosa, bem como campanhas de oração e defesa dos direitos e interesses dos Cristãos perseguidos e necessitados. As despesas administrativas essenciais representaram 7,3% e a publicidade outros 11,4%.
Este relatório anual de actividades é, acima de tudo, uma oportunidade para dar graças a Deus.”
Regina Lynch
AJUDA COM UM ALCANCE GLOBAL
O país que mais ajuda recebeu da Fundação AIS em 2023 foi a Ucrânia, pelo segundo ano consecutivo, com 7,5 milhões de euros, numa altura em que a Igreja Católica na Ucrânia continua empenhada em curar as feridas espirituais dos traumatizados pela guerra e continua, nesta situação difícil, a acompanhar os que sofrem devido ao conflito em curso. A Síria vem a seguir, com 7,4 milhões de euros, seguida pelo Líbano, com 6,9 milhões. Nestes dois países, a população cristã ainda está a lidar com os efeitos de uma crise económica devastadora e, no caso da Síria, de uma guerra civil de longa duração e do terrível terramoto de 2023.
A nível regional, África recebeu o maior apoio, com quase um terço dos recursos, ou seja, 31,4%, destinados a projectos no continente. Entre os principais países beneficiários desta região encontram-se a República Democrática do Congo, bem como a Nigéria e o Burquina Fasso. “África acolhe aproximadamente um em cada cinco católicos, um em cada oito sacerdotes, uma em cada sete religiosas e quase um terço dos seminaristas do mundo. Para além disso, a propagação do terrorismo e do extremismo islâmico em alguns países, especialmente na região do Sahel, são causa de grande sofrimento e dor para os Cristãos deste continente”, explica Lynch.
O Médio Oriente, com 19,1% dos apoios, foi a região que recebeu a segunda maior ajuda. Sessenta e um por cento dos fundos enviados para a Síria destinaram-se a ajuda de emergência, incluindo alimentação e alojamento, assistência médica e apoio ao microcrédito para empresas. No Líbano, a ajuda de emergência representou 47% da ajuda total ao país. Foi utilizada principalmente para manter o funcionamento das escolas cristãs, mas também foi alocado um montante considerável à alimentação, ao alojamento e aos cuidados médicos. Outros 17,3% dos fundos da Fundação AIS em 2023 destinaram-se à Ásia-Oceânia, especialmente à Índia, que é também o país onde a Fundação concede o maior número de bolsas de estudo a sacerdotes e religiosos. A Europa e a América Latina receberam 15,4% e 15,3% do total da ajuda, respectivamente. Os restantes 1,5% destinaram-se a outras regiões.
CERCA DE 6 MIL PROJECTOS APROVADOS
A Fundação AIS providenciou quase 1,75 milhões de Estipêndios de Missa para 40.767 sacerdotes em 2023. Estatisticamente, isto significa que um em cada 10 sacerdotes no mundo recebeu apoio da Fundação AIS e que a cada 18 segundos foi celebrada uma Missa algures no mundo pelas intenções dos benfeitores da Fundação AIS. A Fundação AIS também apoiou a formação de quase 11.000 seminaristas durante 2023, o que representa um em cada 10 seminaristas no mundo. A maior parte destes, 5.793, em África, de onde provém actualmente o maior número de vocações sacerdotais do mundo, seguida da América Latina com 2.103 seminaristas ajudados pela Fundação AIS, da Ásia com 1.996, e da Europa com 1.099, dos quais 600 na Ucrânia.
O apoio à formação de sacerdotes, religiosos e leigos representou 26,7% do apoio total, enquanto os Estipêndios de Missa e a ajuda de subsistência às religiosas ascenderam a 21,6%. Tendo em conta os elevados custos dos projectos de construção, este tipo de ajuda está no topo da lista, com um pouco mais de um quarto da ajuda concedida (26,8%). Em 2023, foram realizados quase 1.000 projectos de construção, um terço dos quais para igrejas e capelas. O restante montante foi destinado à renovação de conventos, seminários, casas paroquiais e centros pastorais. África foi a região com mais projectos de construção, com 36,2% do total dos fundos destinados a este fim.
A Fundação AIS destinou ainda 10,4% da sua ajuda para os transportes, disponibilizando 1.041 veículos para ajudar os agentes pastorais no desempenho das suas missões, incluindo 515 automóveis – mais de 10% dos quais para a Ucrânia -, 340 motociclos, 175 bicicletas, seis autocarros e cinco barcos, bem como 21 projectos de manutenção e reparação. A ajuda de emergência representou cerca de 11% das despesas, que em 2023 se destinaram a mais países do que anteriormente, incluindo a Terra Santa, onde o recente conflito teve um efeito adverso muito grave na população cristã.
Olhando para o futuro, Regina Lynch explica que “em 2024, o nosso enfoque tende a deslocar-se para a necessidade de acompanhamento pastoral e apoio a pessoas em zonas de guerra ou que enfrentam perseguição, que sofreram traumas profundos em consequência disso. Esta é uma área em que esperamos intensificar ainda mais a nossa ajuda.” “Queremos também intensificar a nossa ajuda na região do Sahel, onde o terrorismo jihadista está a alastrar e onde os Cristãos estão a sofrer cada vez mais com a violência”, conclui.
Nunca é demais sublinhar e agradecer esta disponibilidade total de servir a Igreja onde os cristãos mais sofrem, onde são perseguidos e onde passam por mais dificuldades"
Catarina Martins de Bettencourt
ENORME GENEROSIDADE DOS PORTUGUESES
Em Portugal, a solidariedade dos benfeitores e amigos da Fundação AIS atingiu, no ano passado, o valor de 3 milhões e 691 mil euros em donativos. Para a directora do secretariado nacional da instituição, estes valores mostram um espírito de entreajuda notável, tanto mais que muitos dos benfeitores são, normalmente, pessoas humildes e que vivem também com dificuldades. “Uma vez mais, os benfeitores da Fundação AIS em Portugal demonstraram uma enorme generosidade permitindo, com os seus donativos, aliviar o sofrimento de milhares de cristãos em todo o mundo”, afirma Catarina Martins de Bettencourt. “Nunca é demais sublinhar e agradecer esta disponibilidade total de servir a Igreja onde os cristãos mais sofrem, onde são perseguidos e onde passam por mais dificuldades”, disse ainda a responsável.
“Muitos dos nossos benfeitores são pessoas humildes, eles próprios vivem com dificuldades, mas, mesmo assim, nunca deixaram de alimentar esta cadeia de solidariedade que dá pelo nome de Ajuda à Igreja que Sofre e que todos os dias procura secar as lágrimas de Deus na terra”, acrescentou. “Graças a eles, e graças a todos os benfeitores da Fundação AIS em todo o mundo, tem sido possível responder aos gritos de ajuda, por vezes silenciosos, das comunidades cristãs nas zonas do globo onde a fé é posta à prova por vezes de forma absolutamente dramática. Com a graça de Deus e com o amor e a generosidade dos nossos queridos benfeitores e amigos iremos continuar com a nossa missão de ajuda à Igreja em necessidade em todo o mundo”, concluiu Catarina Bettencourt.
Os resultados financeiros globais da Fundação AIS são auditados pela PwC (PricewaterhouseCoopers).
Paulo Aido com Maria Lozano | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt