PAQUISTÃO: “Tivemos sorte em fugir”, relata família cristã que pediu asilo em Espanha por ser vítima de perseguição religiosa

PAQUISTÃO: “Tivemos sorte em fugir”, relata família cristã que pediu asilo em Espanha por ser vítima de perseguição religiosa

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PAQUISTÃO: “Tivemos sorte em fugir”, relata família cristã que pediu asilo em Espanha por ser vítima de perseguição religiosa

Quinta-feira · 31 Março, 2022

Uma família cristã paquistanesa que se viu forçada a fugir com receio pela própria vida por se negar à conversão ao Islão e que pediu asilo em Espanha, contou a sua história numa iniciativa da Fundação AIS em Madrid.

David e Marta, um casal cristão com três filhos, conseguiu fugir do Paquistão há três anos. Agora vivem em Barcelona, depois de terem pedido asilo. A sua história, contada de viva-voz, foi um dos momentos mais significativos da Noite dos Testemunhos, que a Ajuda à Igreja que Sofre organizou na capital espanhola na semana passada e que contou também com o testemunho da irmã Glória Narvaéz Argoti, uma religiosa franciscana que esteve quase cinco anos em cativeiro no Mali, apos ter sido raptada por um grupo jihadista.

“Acusaram-me de querer converter ao cristianismo alguns colegas de trabalho. Ao meu marido, mandaram parar o carro com uma arma apontada, dizendo-lhe para deixar o trabalho ou converter-se ao Islão. As crianças deixaram de ir à escola para evitar o rapto. Com medo, ficámos presos em casa durante várias semanas…”

PAQUISTÃO: “Tivemos sorte em fugir”, relata família cristã que pediu asilo em Espanha por ser vítima de perseguição religiosa
Uma família cristã paquistanesa que se viu forçada a fugir com receio pela própria vida por se negar à conversão ao Islão.

Foi nesta altura que David e Marta decidiram que não havia condições para continuarem a viver no Paquistão. Era demasiado arriscado. Era demasiado perigoso. Deixar o país não foi, porém, uma decisão fácil. O casal partilhou a sua história perante mais de três centenas de pessoas na Catedral de Santa Maria de Almudena. Ao contrário da maioria dos cristãos do Paquistão, esta família vivia materialmente bem. “Tínhamos uma vida muito tranquila e feliz.” Ela trabalhava numa ONG como activista dos direitos humanos, e ele era chefe regional numa empresa conceituada.

“Alguns dos colegas muçulmanos tinham ciúmes dele, não gostavam que um cristão fosse o seu chefe, por isso colocaram obstáculos”, diz Marta, lembrando que, aos poucos, se foi tornando mais e mais difícil a vida da família. Em especial por causa do ambiente no trabalho de David. “Todos os dias recebia chamadas e ameaças para deixar o emprego ou abraçar o Islão. Denunciámo-lo às chefias da empresa, mas ninguém estava disposto a ouvir, porque os extremistas islâmicos são muito fortes”, explica Marta que contou a história.

O facto de o Paquistão ter uma Lei da Blasfémia cria muitos problemas aos cristãos. Qualquer pessoa acusada fica quase automaticamente em risco de vida. Mesmo sendo mentira. David e Marta sabiam disso. Antes de se ter tornado insustentável a vida no Paquistão, o casal tentou por todos os meios encontrar uma saída. Precisavam de ajuda. “Batemos à porta de todos, falámos com as autoridades da Igreja, com o presidente da empresa onde o meu marido trabalhava, com políticos cristãos, pessoas influentes… mas ninguém podia tomar medidas contra estas pessoas”, explicaram perante uma plateia que os ouvia em silêncio absoluto.

Não é fácil a situação dos cristãos. De facto, basta uma mentira para atirar uma pessoa para uma sórdida cadeia durante anos. Basta uma mentira para condenar alguém à morte. E quem ousar defender os cristãos arrisca também a vida. David e Marta lembraram que o governador muçulmano de Punjab, Salman Taseer, foi morto pelo seu próprio guarda-costas por defender a inocência de Asia Bibi, uma simples mulher do povo, cristã, mãe de cinco filhos, condenada à morte por blasfémia por ter bebido apenas um copo de água de um poço.

Por ser cada vez mais difícil ficar no Paquistão, a família decidiu partir. Renunciar ao cristianismo é que estava completamente fora de questão. “Foi uma decisão difícil, mas para dar um futuro seguro para os nossos filhos, tivemos que fazê-lo.” Partiram para Barcelona, em Espanha, há três anos.” Pediram asilo às autoridades e foi-lhes concedido um visto de residência. Durante um ano tiveram o apoio da Cruz Vermelha, que agradecem profundamente, assim como de todos os que os ajudaram a instalar-se e a recomeçar a vida num país tão distante. Mas nada está ainda garantido.

O facto de estarem longe de casa não os desmobilizou face à necessidade de continuarem a denunciar ao mundo a situação no Paquistão. “Há muitos cristãos que enfrentam perseguições muito fortes, mas não podem sair do país por falta de recursos. No nosso país há raparigas menores que são raptadas e forçadas a converterem-se ao Islão, que são casadas à força e sujeitas a violação… O ‘site’ de notícias católico da Aleteia informou que, em 2020, o número de casos de conversões forçadas aumentou para mais de dois mil…”

David e Marta estão agradecidos por tudo o que conseguiram. “Tivemos a sorte de conseguir fugir e agora estamos num lugar seguro onde temos liberdade de religião e liberdade de expressão.” Isso faz-lhes aumentar o sentido de responsabilidade perante os seus conterrâneos, perante os outros cristãos que vivem no Paquistão e estão sujeitos todos os dias a situações de pressão, de violência, de abuso. “Os cristãos têm um problema real, enfrentam dificuldades e deve ser dado asilo prioritário àqueles que conseguem chegar a Espanha”, defendem.

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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O relatório da Fundação AIS analisa a situação da liberdade religiosa em 196 países. É um dos quatro relatórios sobre a situação da liberdade religiosa a nível mundial, sendo o único relatório não governamental na Europa que tem em conta a doutrina social católica.

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