Cerca de 1.000 cristãos em pânico no Paquistão passaram a noite em campos de cana-de-açúcar, depois de terem escapado por pouco a multidões em fúria que atacaram as suas casas, destruindo tudo.
Após uma visita a Jaranwala, perto de Faisalabad, onde os islamistas levaram a cabo na quarta-feira, 16 de Agosto, uma onda de terror. Fontes próximas da Fundação AIS afirmaram que 21 locais de culto foram atacados, muitos deles incendiados.
O contacto da AIS, que não pode revelar o seu nome por razões de segurança, disse que, numa vasta área, tanto rural como urbana, os lares cristãos tinham sido escolhidos para serem atacados, o que, segundo ele, tinha todas as características de um acto de violência premeditado.
Muitas das famílias passaram a noite nos campos de cana-de-açúcar - até 1.000 pessoas. Tinham fugido, tentando encontrar um sítio onde pudessem descansar. Algumas delas voltaram para as suas casas desesperadas por algo para comer, mas quando lá chegaram encontraram tudo destruído - nada para se sentarem, nada para beber, nem sequer uma lâmpada."
Descrevendo o ataque generalizado a igrejas de todas as denominações, disse: “Nas igrejas que atacaram, tudo foi destruído… o altar, as estátuas – não sobrou nada. Não consigo descrever o que fizeram às estátuas de Jesus e de Maria”.
Quando chegou a Jaranwala, a polícia aconselhou-o a retirar o terço que estava no pára-brisas, avisando-o de que poderia voltar e encontrar o carro destruído ou desaparecido. “Quando percorremos a zona, pudemos ver como as casas dos cristãos estavam espalhadas – 50 ou 60 aqui, duas ou três ali – e, no entanto, todas as casas cristãs foram atacadas, não sobrou nada”, disse.
Os seus comentários surgem depois de o Arcebispo Benny Travas ter publicado uma carta, enviada à Fundação AIS, condenando a violência e criticando a actuação das autoridades em matéria de justiça para com os cristãos vítimas de actos de violência. O Arcebispo afirmou: “Mais uma vez, temos as mesmas velhas condenações e visitas de políticos e outros funcionários do Governo que expressam a sua solidariedade para com a comunidade cristã e que ‘será feita justiça’ mas, na realidade, nada se concretiza e tudo é esquecido”.
Descrevendo como os tumultos foram desencadeados por alegações de blasfémia em Jaranwala, o Arcebispo Travas afirmou: “Como chefe da comunidade cristã católica residente em Karachi, não consigo compreender como é que o meu povo desrespeita uma religião ou um livro religioso.
“Nós, como comunidade cristã, temos demonstrado repetidamente a nossa fidelidade à nação do Paquistão e, no entanto, incidentes como… Jaranwala mostram que somos, na realidade, cidadãos de segunda classe que podem ser aterrorizados e assustados à vontade.”
O Arcebispo Joseph Arshad, de Islamabad-Rawalpindi, e presidente da Conferência dos Bispos Católicos, descreveu os ataques de ontem como “um acto abominável que contradiz a própria essência da paz, do respeito e da tolerância que a nossa nação se esforça por defender”. “Apelo urgentemente ao Governo do Punjab para que tome medidas rápidas, decisivas e resolutas contra os responsáveis por este acto hediondo. Os culpados devem ser identificados, detidos e levados à justiça”.
As observações dos arcebispos surgem no momento em que o ministro-chefe interino do Punjab, Mohsin Naqvi, prometeu hoje (quinta-feira) restaurar todas as igrejas e casas afectadas no prazo de alguns dias. Entretanto, de acordo com informações locais, 3.000 polícias, incluindo forças de elite, foram destacados para a zona. Até ao final da noite de ontem, a polícia local informou ter efectuado 700 detenções. Os administradores distritais impuseram uma proibição de sete dias a todas as formas de reunião, exceto as organizadas pelo Governo.
O Governo do Punjab ordenou a abertura de um inquérito para investigar o incidente, cujas condições foram fixadas pelo primeiro-ministro interino Anwaarul Haq.
Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt
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