Bispo de Kontagora confirmou à Fundação AIS a libertação de cerca de uma centena de estudantes, crianças e jovens, que tinham sido raptados a 21 de Novembro da St. Mary School, uma escola católica em Papiri, no estado do Níger. Permanecem em cativeiro cerca de 160 pessoas, entre alunos e professores.
O Governo Federal da Nigéria anunciou ontem, segunda-feira, dia 8, a libertação de cerca de 100 crianças e jovens que haviam sido sequestradas da St. Mary’s School, um estabelecimento de ensino católico em Papiri, na área governamental de Agwara, e que pertence ao Estado do Níger. A libertação foi confirmada à Fundação AIS Internacional pelo Bispo da Diocese de Kontagora, D. Bulus Dauwa Yohanna. “É verdade. Até agora, 100 crianças foram libertadas. Agradecemos a Deus por tudo”, referiu o prelado na mensagem enviada à Ajuda à Igreja que Sofre.
As crianças e jovens libertados faziam parte do grupo de mais de 300 alunos e 12 funcionários sequestrados durante um violento ataque à referida escola, na madrugada de 21 de Novembro. Antes desta libertação, cerca de 50 alunos tinham conseguido escapar dos raptores, tendo regressado entretanto às suas famílias, de acordo também com a diocese. A Fundação AIS pede orações de todos os seus benfeitores e amigos espalhados pelo mundo pela libertação segura de todos os que ainda permanecem em cativeiro.
Dois ataques a 2 escolas em quatro dias
O ataque a esta escola foi realizado por cerca de 60 homens armados que transportados em automóveis e motociclos invadiram o edifício, entraram nos dormitórios e raptaram 303 alunos e 12 professores.
Segundo informações recolhidas então pela Fundação AIS, o ataque, em que um segurança foi gravemente ferido a tiro, provocou, como se imagina, medo e angústia na comunidade escolar. O ataque a esta escola católica ocorreu apenas quatro dias depois de um incidente semelhante num colégio interno, o ‘Government Girls Comprehensive Secondary School’, situado na cidade de Maga, no Estado de Kebbi, no noroeste nigeriano.
Também este ataque deixou a comunidade local em estado de choque e representou, segundo fontes locais contactadas pela AIS, “um duro golpe para a educação das meninas, algo que é uma conquista bastante rara nesta região do país”.
A história de Leah Sharibu
Ambos os ataques, quer o ocorrido na escola pública, quer o da escola católica, fazem lembrar os traumáticos sequestros de Chibok, em 2014 e Dapchi, em 2018, tragédias cujos efeitos ainda pesam sobre a consciência nacional e que se tornaram um símbolo da crescente crise de segurança na Nigéria.
Um desses sequestros traumáticos, o de Dapchi, aconteceu a 21 de Fevereiro de 2018. Nesse dia, terroristas do Boko Haram invadiram a Escola Técnica de Ciências, um estabelecimento de ensino oficial feminino, e levaram à força 110 alunas.
Dali a poucas semanas, porém, todas as jovens seriam libertadas com excepção de Leah Sharibu, uma rapariga que então tinha apenas 14 anos de idade. Ela ficou em cativeiro por ser cristã e por ter recusado renunciar à sua fé como os terroristas exigiam. Apesar de se desconhecer o seu paradeiro, esta jovem transformou-se num dos símbolos mais poderosos da perseguição religiosa na Nigéria.
Paulo Aido e Maria Lozano
Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt







