São as piores inundações nos últimos 30 anos. A cidade de Maiduguri e vastas zonas da Diocese ficaram alagadas com as fortes chuvas que caíram nos últimos dias e que levaram até ao rebentamento de uma barragem. As consequências da torrente de água estão a ser devastadoras. A Igreja pede as nossas orações neste momento tão difícil para a vida da comunidade local e a Fundação AIS já se comprometeu com ajuda de emergência.
“Hoje, dia 10 de Setembro de 2014, a cidade de Maiduguri sofreu a pior inundação dos últimos 30 anos.” É assim que começa o relato publicado pela Diocese na sua página oficial no Facebook, sobre as fortes chuvadas que levaram ao rebentamento da barragem de Alau. As consequências foram brutais. “40 por cento da nossa cidade está debaixo de água”, explicou em mensagem enviada para a Fundação AIS Internacional, D. John Bakeni, Bispo auxiliar de Maiduguri. “A cidade foi engolida pela inundação devastadora”, acrescentou o prelado, pedindo as orações de todos para “este momento difícil e desafiante”.
O retrato da situação publicado pela diocese nas redes sociais revela a dimensão do desastre.
Não há comida, abrigo ou instalações sanitárias para os desalojados. O Governo reabriu os campos de deslocados, mas estes estão sobrecarregados com o [elevado] número de pessoas que procuram refúgio.”
As imagens são de facto desoladoras. A Fundação AIS recebeu alguns vídeos e fotografias onde é possível ver vastas áreas da cidade total ou parcialmente submersas, incluindo os edifícios mais elevados, como é o caso da Catedral de São Patrício ou do edifício da reitoria, o que obrigou os sacerdotes a procurar abrigo em zonas mais elevadas.
Neste momento, segundo fontes locais, ainda há pessoas isoladas, algumas áreas permanecem inacessíveis e as equipas de resgate têm dificuldade em localizar os que estão dados como desaparecidos. A agência Fides relata que “todos os hospitais da região estão com a capacidade máxima e não conseguem lidar com a situação”, e que as condições nos campos de deslocados internos, nomeadamente o que existe em Jejeri, abriga cerca de 6 mil pessoas que “não têm água potável e instalações sanitárias”.
UM MILHÃO DE PESSOAS AFECTADAS
Maiduguri, situada no norte da Nigéria, tem sido notícia ao longo dos últimos anos pelos constantes ataques realizados pelo grupo jihadista Boko Haram, que tem estado particularmente activo desde 2009 e tem como um dos principais alvos a comunidade cristã. Esta foi mesmo a diocese mais afectada pela violência terrorista na Nigéria, apesar de os cristãos serem uma minoria nesta região.
Em consequência disso, milhares de pessoas foram forçadas a fugir das suas casas, das suas aldeias e foram acolhidas em centros de deslocados internos. Muitos dos mais afectados agora pelas inundações são os que ainda vivem nessas estruturas criadas ao longo dos anos. Mas não só. “Um bom número das nossas paróquias e paroquianos foram afectados por esta inundação devastadora. Na cidade, mais de um milhão de pessoas foram afectadas e mais de 200 mil famílias estão deslocadas. Ainda estamos a avaliar a situação, mas três ou quatro das nossas paróquias foram afectadas, num total de mais de 20 mil paroquianos”, disse o bispo auxiliar.
Desde o primeiro instante que a Fundação AIS está em permanente contacto com a diocese tendo manifestado o seu empenho no apoio à comunidade católica local através de ajuda de emergência sob a forma de alimentos, medicamentos, saneamento e abrigo.
Perante a situação gravíssima que se está a viver na região, o Bispo de Maiduguri, D. Oliver Dashe Doeme, fez também chegar uma mensagem à Fundação AIS em que agradece toda a proximidade para com o povo nigeriano nesta hora de aflição.
Continuem a rezar por nós. Com certeza, com Maria, nossa mãe, sairemos desta experiência gloriosamente. Que Deus abençoe a todos.”
D. Oliver Dashe Doeme
Paulo Aido e Filipe D’Avillez
Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt