A Igreja Católica na Nigéria está a ser alvo de constantes ataques e agressões. Na passada quinta-feira, dia 7, um seminarista foi “devorado pelas chamas” em consequência de um ataque a uma paróquia na Diocese de Kafanchan. No mesmo dia, na Diocese de Kaduna, outro seminarista foi raptado… O funeral de Na’aman Ngofe Danlami vai realizar-se amanhã, terça-feira, dia 12.
“Tudo o que desejavas era ser sacerdote…” Na página oficial da Diocese de Kafanchan é prestada uma homenagem a Na’aman Ngofe Danlami, um jovem seminarista de 27 anos, a mais recente vítima da violência contra a Igreja Católica na Nigéria. Na’aman foi queimado até à morte na noite de quinta-feira, 7 de Setembro, cerca das 20 horas, quando bandidos Fulani atacaram e incendiaram a reitoria da paróquia de São Rafael, na diocese de Kafanchan, no Estado de Kaduna.
De acordo com informações enviadas por várias fontes à Fundação AIS – e confirmadas pelo bispo de Kafanchan, D. Julius Kundi – o ataque poderia ter tido consequências ainda mais dramáticas se o Padre Emmanuel Okolo e um sacerdote seu assistente, que também se encontravam no local, não tivessem conseguido escapar a tempo ao fogo que tomou o edifício por completo.
“Devorado pelas chamas”
Em declarações ao telefone para a Fundação AIS, o prelado referiu que o ataque tinha como objectivo o rapto do Padre Emmanuel Okolo. “Quando falharam a tentativa de entrar na casa do padre, deitaram-lhe fogo. Os dois sacerdotes conseguiram escapar, mas, terrivelmente, o seminarista foi devorado pelas chamas…”
O Bispo referiu ainda que, apesar de haver um posto do exército nas imediações da paróquia, não apareceu qualquer efectivo das forças de segurança durante o ataque. “O assalto durou mais de uma hora, mas não houve qualquer reacção ou apoio por parte das forças militares. Há um posto de controlo a um quilómetro de distância, mas houve uma total falta de reacção. Os cidadãos nigerianos estão desprotegidos. Quase não beneficiamos das forças de segurança”, explicou o bispo.
Perda terrível para a Diocese
“É uma perda terrível”, disse ainda o Bispo à Fundação AIS. “Este seminarista é o segundo membro que perdemos na diocese devido a ataques terroristas por bandidos Fulani”, acrescentou o prelado. “No ano passado, o Padre John Mark Cheitnum, Director das Comunicações da diocese de Kafanchan, foi também raptado e brutalmente assassinado”, recordou o prelado.
Sinal da ameaça generalizada em que se encontra a Igreja na Nigéria, na quinta-feira, dia 7, ou seja, no mesmo dia do ataque brutal em que perdeu a vida Na’aman Ngofe, ocorreu, em Kaduna, o rapto de outro seminarista. Trata-se de Ezekiel Nuhu, pertencente à Diocese de Abuja e que foi sequestrado juntamente com o seu pai, com quem estava a passar férias.
A 19 de Julho de 2022, duas igrejas foram atacadas e três pessoas morreram. Várias foram raptadas. Podemos falar em liberdade religiosa? A 17 de Abril de 2022, terroristas atacaram uma comunidade cristã no sul de Kaduna. 33 pessoas morreram e 40 casas foram queimadas. Podemos falar em liberdade religiosa? A 7 de Maio de 2023, raptaram 25 pessoas durante uma celebração e mataram uma. Podemos falar em liberdade religiosa?”
Apesar deste cenário sombrio, a curta intervenção deste sacerdote espiritano, que é actualmente capelão dos africanos no Patriarcado de Lisboa, terminou com uma nota de esperança pelo exemplo de coragem dos cristãos do seu país. É que, “no meio das perseguições, a fé está viva e aos domingos as igrejas estão cheias” explicou.