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MOÇAMBIQUE: “Que Deus nos livre de outro grande desastre”, diz Bispo de Nacala face a mais uma tempestade tropical no país
“Estamos todos a rezar para que Deus nos livre de outro grande desastre onde são sempre os mais pobres os que mais sofrem.” A mensagem, enviada ontem por D. Alberto Vera, Bispo de Nacala, ao responsável de projectos da Fundação AIS para Moçambique, retrata bem o estado de ansiedade durante a passagem de mais uma tempestade tropical por Moçambique.
A tempestade tropical Ana, que tem estado a atravessar a região norte de Moçambique desde as primeiras horas desta segunda-feira, 24 de Janeiro, está a provocar um cenário desolador, com o governo a procurar enviar equipas de emergência para as zonas mais atingidas.
Além da Diocese de Nacala, também a de Nampula tem estado na rota de passagem dos ventos e da chuva, havendo relatos de destruição de centenas de casas, escolas, centros de saúde e da queda de estruturas da rede eléctrica.
Os distritos de Angoche, Moma, Larde, Mogovolas, Monapo e de Nampula têm sido dos mais afectados. D. Inácio Saure, Bispo de Nampula, também reportou ao responsável de projectos da Fundação AIS, Ulrich Kny, uma situação difícil.
Numa mensagem enviada logo pela manhã de ontem, o prelado descrevia uma “chuva contínua” na cidade de Nampula – que esteve sem energia durante horas –, embora a intensidade do vento não fosse ainda “muito forte”. Diversa era, porém, a situação na região costeira. “Nos distritos costeiros é que, de facto, a coisa é muito séria”, escreveu D. Inácio.
D. Alberto, Bispo de Nacala, descrevia, também às primeiras horas do dia de ontem, um cenário de “fortes chuvas com muito vento na Ilha de Moçambique e no distrito de Mossuril”. Na cidade de Nacala, disse ainda o prelado, a população estava refugiada em casa esperando a passagem “da forte ventania com chuva”. “Deus nos proteja e cuide”, acrescentou o prelado.
Ambos os bispos agradeceram a preocupação manifestada pela Fundação AIS em mais esta situação climatérica adversa neste país africano.
Entretanto, as Linhas Aéreas de Moçambique cancelaram, “devido à chuva intensa e ventos fortes”, os voos que estavam agendados para Nampula, Nacala e Pemba, no norte do país, e ainda Quelimane, Tete e Chimoio, na região centro.
A passagem da tempestade tropical Ana foi antecedida, entre os dias 14 e 17, de um período também de mau tempo na região de Cabo Delgado, mais a norte, havendo relato de destruição de centenas de habitações precárias. Numa curta mensagem enviada também para a Fundação AIS, o missionário brasileiro Edegard Silva descrevia, já durante a noite de quarta-feira, 19 de Janeiro, um cenário terrível para os deslocados na região de Mieze, Diocese de Pemba, onde se encontrava. “Aqui chove muito, torrencial. Meu Deus, que será dos deslocados…”
Há um ano, precisamente em Janeiro, Moçambique assistiu à passagem do ciclone Eloise, que afectou então quase 300 mil pessoas e provocou 12 mortos. Entre os anos de 2018 e 2019, os ciclones Idai e Kenneth foram ainda mais severos causando centenas de vítimas mortais e deixado um impressionante rasto de destruição.
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