MOÇAMBIQUE: “As pessoas estão com medo”, depois do ataque à missão de Chipene, diz responsável da Cáritas

MOÇAMBIQUE: “As pessoas estão com medo”, depois do ataque à missão de Chipene, diz responsável da Cáritas

O ataque terrorista de 6 de Setembro à missão católica de Chipene, na província de Nampula, em que uma irmã italiana de 83 anos foi assassinada a tiro, provocou uma onda de medo entre as populações que vivem nesta região e levou à fuga de milhares de pessoas. A Cáritas local não tem mãos a medir para auxiliar tantos novos deslocados e pede ajuda.

“Nunca aconteceu isto antes. As comunidades tinham na missão de Chipene como centro de referência de serviços públicos quer na educação dos jovens, quer na saúde, quer de aconselhamento. Era um centro religioso. O ataque registado, a sua profundidade e dimensão provocou muita apreensão. As pessoas ainda estão com medo, apesar de haver sinais de proteção por parte das forças de defesa e segurança governamentais. Mas, mesmo assim, o medo paira dentro das comunidades”, descreve, em entrevista em exclusivo à Fundação AIS, António Muagerene, da Cáritas da Arquidiocese de Nampula.

O ataque dos terroristas não causou apenas medo nas populações. A destruição causada na missão provocou um vazio total ao nível de serviços básicos, nomeadamente nas áreas da saúde e da educação e que eram prestados pela Igreja. “As comunidades estão numa situação de desespero e não sabem o que vai ser delas”, explica o gestor de projectos da Cáritas.

Aos cerca de 65 mil deslocados, pessoas que fugiram das suas aldeias após ataques dos terroristas ao longo dos últimos anos e que tinham procurado abrigo na província de Nampula, juntam-se agora mais cerca de 50 mil, [o que corresponde a cerca de 8 mil famílias] em resultado dos ataques que foram ocorrendo nesta região desde o início do Verão, mas muito especialmente no mês de Setembro. Tudo isto veio agravar ainda mais a crise humanitária nesta província de Moçambique que corresponde às dioceses de Nampula e Nacala.

O gestor de programas da Cáritas fala numa situação “volátil”, explicando que é difícil apurar o número exacto de pessoas, de famílias deslocadas. Em comum a todos estes mais de 110 mil deslocados há um forte sentimento de insegurança que se agravou agora, com os ataques à missão de Chipene e a várias aldeias na região. Num desses ataques, como o Bispo de Nacala contou à Fundação AIS, três cristãos foram decapitados e uma capela foi também destruída.

“Um pouco por toda a região norte e central [de Moçambique] há este sentimento de insegurança e há a ideia de que provavelmente será uma questão de tempo para que possam, a qualquer altura, ser vítimas [também] destes grupos armados. Então, é uma situação de cautela, cada família, sobretudo nas comunidades rurais, toma isto muito a sério, sobretudo agora que se está a começar a preparar os campos para a produção agrícola”, diz António Muagerene.

Face a um número tão elevado de novos deslocados, a Cáritas de Nampula vai tentando dar resposta às necessidades mais básicas e urgentes, especialmente ao nível da alimentação, mas também no fornecimento de utensílios que permitam a sobrevivência das famílias no dia-a-dia. “Temos famílias deslocadas que estão a chegar. Elas têm necessidades de apoio humanitário imediato, que consiste em bens alimentares e bens não alimentares como mantas, redes, material de cozinha, equipamento de proteção mínimo, mas também água, e condições de saneamento”, explica o responsável da Cáritas.

Para todos os novos deslocados, quer estejam em campos de acolhimento ou em casas de família, uma das necessidades mais sentidas é a de possuírem utensílios que permitam o trabalho nos campos. “As famílias que pretendem permanecer nos locais de chegada e de acolhimento precisam de uma assistência em insumos agrícolas, para a produção de hortícolas, etc., para manterem alguma condição de resiliência para uma vida futura”, diz ainda António Muagerene.

Para este responsável, é fundamental que o mundo desperte para o que se está a passar em Moçambique e pede, para isso, a ajuda da Fundação AIS. “O mundo precisa de saber disto. O que nós esperamos é que a AIS possa disseminar esta informação para despertar o mundo para esta realidade em Moçambique. Moçambique é um dos países aqui da África Austral com índices de pobreza extremamente altos, e agora, com esta situação de conflito, claramente que Moçambique precisa de mais apoio.”

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

Relatório da Liberdade Religiosa

Embora os líderes cristãos e muçulmanos continuem a denunciar a violência e a promover o diálogo inter-religioso, num esforço de deslegitimação do jihadismo, tal será insuficiente se não forem abordadas as desigualdades sociais e económicas subjacentes que afectam os jovens, especialmente nas regiões mais pobres. As perspectivas para a liberdade religiosa continuam a ser desastrosas.

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