A Igreja Católica é muito pequena na Mauritânia, um país enorme no norte de África. Tem apenas um bispo, 12 padres, três religiosos e cerca de 30 irmãs. Os cristãos são todos estrangeiros, oriundos de aproximadamente meia centena de nações. Apesar de tudo isso, a Igreja desenvolve um trabalho notável, junto, por exemplo, dos inúmeros refugiados ou no apoio às crianças com deficiência. Como diz D. Martin Happe à Fundação AIS, “queremos mostrar que Deus ama todas as pessoas…”
A Mauritânia é um país enorme, quase duas vezes o tamanho da Alemanha. Situado no norte de África, com fronteiras marcadas a régua e esquadro com a Argélia, Saara Ocidental, Mali e o Senegal, tem cerca de 4,7 milhões de habitantes. Praticamente, são todos muçulmanos. Sobra uma ínfima parte de cristãos, apenas 0,23%. São estrangeiros, oriundos de cerca de meia centena de países.
Neste país, com enormes extensões desérticas e que é também um dos mais pobres do mundo, vamos encontrar uma pequena, mas muito activa Igreja Católica. Tem um bispo, 12 sacerdotes, cerca de 30 irmãs e três religiosos. O Bispo, D. Martin Happe, esteve recentemente de passagem pela sede internacional da Fundação AIS, na Alemanha – ele próprio é alemão – e falou deste país, que é uma República Islâmica, e dos desafios que se colocam à Igreja local.
“Como católicos, estamos presentes para todos os mauritanos. Através da nossa maneira de viver e das nossas actividades, queremos mostrar que Deus ama todas as pessoas.” E tem sido de facto notável o trabalho realizado ao longo dos anos.
Como católicos, estamos presentes para todos os mauritanos. Através da nossa maneira de viver e das nossas actividades, queremos mostrar que Deus ama todas as pessoas.”
D. Martin Happe
JUNTAR OS ANTIGOS INIMIGOS
O apoio aos refugiados é disso um bom exemplo. Muitos chegam dos países vizinhos e, por vezes, por serem originários de grupos étnicos distintos, surgem focos de tensão. Mas mesmo entre antigos inimigos é possível criar laços de fraternidade. A Igreja tem proporcionado isso.
Entre os refugiados que foram parar à Mauritânia, havia, conta o Bispo, um grupo oriundo da Costa do Marfim. Eram pessoas que estiveram a combater na guerra civil no seu país em lados opostos. Como aproximá-los? O Bispo convidou-os a juntarem-se no coro da igreja. Apenas isso. “Eu disse-lhes: Façam alguma coisa juntos! E o coro já existe há dez anos”.
Na Mauritânia, os cristãos originários de outros países podem, segundo o bispo, viver livremente a sua fé. Ao contrário de outras partes de África, por ali não são perseguidos.
No entanto, diz D. Martin Happe, é legalmente proibido a conversão do Islão ao Cristianismo. Tudo isto ajuda a compreender a razão por que, neste país, a comunidade cristã é muito pequena, feita de expatriados. O número dos que vão regularmente à missa ou que baptizam o seu filho, por exemplo, “não é superior ao de uma paróquia na Europa Ocidental”, reconhece o Bispo.
ACOLHER CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA
A Mauritânia é um país enorme, mas muito pobre. Nos últimos anos tem-se assistido ao crescimento das principais cidades. É uma consequência também das alterações climáticas. O aumento dos períodos de seca levou a que a criação de gado se tornasse cada vez mais difícil. E com isso a pobreza também foi aumentando.
“Muitas pessoas viviam na miséria e as mães já não tinham condições de cuidar dos filhos”, explica D. Martin Happe. E a Igreja não ficou indiferente a esta realidade.
“As irmãs criaram pequenas pontos de apoio nos arredores da cidade, onde fornecem produtos lácteos e dão formação sobre higiene às mães”, refere o prelado que pertence aos Missionários de África, os chamados Padres Brancos.
Mas há mais histórias de sucesso. Algumas são mesmo, diz o Bispo, “pequenos milagres”. É o caso do trabalho da Igreja junto das crianças com deficiência, que, muitas vezes, são escondidas das próprias famílias, acabando ao abandono.
D. Martin orgulha-se de ter sido possível construir um centro de acolhimento para estas crianças e é com alegria que fala das que ganharam vida graças ao carinho e à atenção que recebem das irmãs. “Pequenos milagres acontecem por ali”, reconhece o Bispo. “As crianças que não se conseguiam mexer podem voltar a correr, porque foram bem alimentadas.”
A IMPORTÂNCIA DA AJUDA DA AIS
Mas para que tudo isto possa continuar a acontecer, é preciso que a Igreja local continue também a ser apoiada pela generosidade dos cristãos em todo o mundo. E é aqui que entra a Fundação AIS. “As irmãs precisam de apoio para poderem fazer o seu trabalho. Precisamos de veículos para chegar às pessoas, porque o nosso país é [grande] e pouco povoado.” Mas para além da ajuda material, indispensável à manutenção da presença da Igreja, é muito importante também a oração. “Valorizo a Fundação AIS porque sei que se reza muito por nós”, diz o Bispo, agradecendo a todos os benfeitores e amigos da Ajuda à Igreja que Sofre em todo o mundo. “É importante ter a AIS ao nosso lado. Sem ela, as coisas não funcionariam…”
Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt