LÍBANO: Religiosas na linha da frente no apoio às famílias falam da importância da solidariedade da AIS

LÍBANO: Religiosas na linha da frente no apoio às famílias falam da importância da solidariedade da AIS

Cerca de dez meses após a entrada em vigor do cessar-fogo, depois de mais uma guerra devastadora no Líbano, a Igreja continua na linha da frente no apoio aos mais fragilizados, às famílias em maiores dificuldades. E nesse apoio, destacam-se as religiosas que procuram dar ajuda material e apoio espiritual às comunidades cristãs mais traumatizadas.

Durante uma visita ao Líbano realizada recentemente por representantes da Fundação AIS, diversos parceiros de projectos, assim como famílias em situação crítica relataram os inúmeros desafios que a população enfrenta, especialmente nas regiões do sul do país, mais próximas da fronteira com Israel.

A Irmã Gerard Merhej, directora da Escola das Irmãs Antoninas, em Debel, no Sul do Líbano, traça um retrato preocupante. “Costumava haver muitas famílias instruídas na região, mas a maioria mudou-se para Beirute, onde há mais oportunidades de trabalho”, diz.

 

A Irmã Gerard Merhej, directora da Escola das Irmãs Antoninas, em Debel, no Sul do Líbano
A Irmã Gerard Merhej, directora da Escola das Irmãs Antoninas, em Debel, no Sul do Líbano

Segundo a irmã, o número de alunos que frequentam a sua escola caiu de 400 para 200 por causa da guerra que decorreu entre Outubro e o final de Novembro do ano passado. Destacando os efeitos devastadores da crise económica provocada por esse conflito, a religiosa explica que “as famílias que permaneceram na zona não têm rendimentos, pois trabalhavam na agriculturaeos campos da região foram destruídos”.

Segundo a directora da escola, os moradores da aldeia estão a tentar “recomeçar com algum tipo de cultivo como fonte alternativa para algum rendimento económico”, procurando assim sustentar as suas famílias.

Mas o apoio da Fundação AIS tem sido essencial para a continuidade da missão desta congregação. Segundo a Irmã Merhej, a ajuda da instituição pontifícia permite oferecer educação de qualidade às crianças e levar também esperança às famílias mais vulneráveis.

AJUDA ESPIRITUAL NO MEIO DA GUERRA

Também no Sul do Líbano, a Irmã Maya El Beaino, da Congregação das Irmãs dos Sagrados Corações de Jesus e Maria, decidiu permanecer com a sua comunidade em Ain Ebel durante a guerra. Ela declarou à Fundação AIS que a missão da congregação é, principalmente, “ir às periferias e acompanhar quem precisa de ajuda”.

A Irmã Maya El Beaino, da Congregação das Irmãs dos Sagrados Corações de Jesus e Maria.
A Irmã Maya El Beaino, da Congregação das Irmãs dos Sagrados Corações de Jesus e Maria.

Em Outubro do ano passado, quando o conflito estava mais agudo, a Irmã Maya relatava que estavam a viver por ali ainda cerca de 9 mil cristãosespalhados por três aldeias”, e que todos se encontravam em “perigo constante”.

Apesar da tensão e do medo que ainda subsistem de alguma forma, a escola administrada pelas irmãs é uma das que mais se destacam no país. No último ano, 79% dos alunos alcançaram notas excelentes, e seis ficaram entre os 10 melhores do Líbano.

Segundo a Irmã El Beaino, “a escola passou para o ensino ‘online’ durante a guerra”. Por causa disso, explica a irmã, os estudantes “tinham a sensação de que estavam todos juntos, mesmo estando fisicamente separados”.

E também compartilhou um momento crítico vivido então, quando, em Outubro de 2024, “a população local teve 40 minutos para evacuar antes do início dos bombardeamentos”. Apesar do perigo, a irmã decidiu ficar: ouvia as explosões à noite, mas sabia que os fiéis precisavam de seu apoio espiritual.

APOIO ÀS PESSOAS IDOSAS

Relembrando o período da guerra – Outubro e Novembro de 2024 – a Irmã El Beaino explica que “houve uma altura em que só os idosos permaneceram na aldeia”. “Eles preferiam morrer em casa a ter de se mudar para outro lugar.” 

A religiosa destacou também a importância do apoio oferecido pela Fundação AIS, especialmente no fornecimento de medicamentos para os idosos. 

Seria impossível conseguir esses remédios durante os bombardeamentos mais intensos sem a ajuda da AIS”

No final do depoimento, a Irmã El Beaino fez questão de expressar a sua gratidão. “Muito obrigada por tudo o que vocês estão a fazer. Graças a Deus pela AIS.”

Além da assistência de emergência e da ajuda médica, a fundação pontifícia tem apoiado padres, religiosas e escolas católicas em todo o Líbano desde o início da guerra.

SOLIDARIEDADE DOS PORTUGUESES

No meio deste ambiente de incerteza e onde há ainda tanta precariedade, sobra a convicção de que a ajuda de instituições como a Fundação AIS é de facto mais necessária do que nunca. Para se garantir que a ajuda disponibilizada corresponde efectivamente às necessidades da Igreja no Líbano, vários secretariados da AIS lançaram campanhas de sensibilização junto dos seus benfeitores e amigos.

É o caso de Portugal que, em Outubro do ano passado, no auge do conflito, avançou mesmo com uma campanha de ajuda de emergência a que se deu o nome de “SOS Líbano”.

Para isso, a directora da Fundação AIS no nosso país, Catarina Martins de Bettencourt, enviou uma carta para casa de milhares de portugueses com um apelo concreto por ajuda à comunidade cristã libanesa.

Na missiva, recordava que “todos somos chamados a ajudar a Igreja do Líbano, todos somos chamados a dar apoio aos padres e às irmãs que estão lá, no terreno, junto das populações em sofrimento”. E concluía a carta lembrando que “é nos momentos de angústia que se vê a nossa solidariedade”.

Uma solidariedade que, como confirmam as irmãs Gerard Merhej e Maya El Beaino, tem feito toda a diferença junto da sacrificada comunidade cristã libanesa.

Mais recentemente, a Fundação AIS lançou um novo apelo, desta vez para apoio ao Refeitório de São João, o Misericordioso, existente na cidade de Zahlé. Trata-se de um projecto da Igreja Greco-Melquita Católica que permite, graças à generosidade dos benfeitores da Ajuda à Igreja que Sofre em Portugal e em todo o mundo, manter de portas abertas este refeitório que serve cerca de 1.500 refeições por dia.

Amy Balog e Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *


The reCAPTCHA verification period has expired. Please reload the page.

Relatório da Liberdade Religiosa

O Líbano continua a ser um país de crises não resolvidas. A preocupação entre os líderes é que o declínio da população cristã está a ameaçar a posição do Líbano como uma sociedade relativamente livre e democrática na região. À medida que estas condições se deterioram, também as perspectivas de pleno gozo do direito fundamental à liberdade de pensamento, consciência e religião se deterioram.

LÍBANO

918 125 574

Multibanco

IBAN PT50 0269 0109 0020 0029 1608 8

Papa Francisco

“Convido-vos a todos, juntamente com a Fundação AIS, a fazer, por todo o mundo, uma obra de misericórdia.” 
PAPA FRANCISCO

© 2024 Fundação AIS | Todos os direitos reservados.