A inflação acentuada e a desvalorização da libra libanesa estão a atingir fortemente toda a estrutura educativa no Líbano, acentuando as dificuldades que já se faziam sentir nas escolas católicas que acolhem cerca de 200 mil alunos. O Padre Youssef Nasr, presidente do secretariado para as Escolas Católicas no Líbano, falou recentemente com a Fundação AIS e diz que a situação é bastante grave.
“Em primeiro lugar”, disse o Padre Nasr a Diana Khddaj, da Fundação AIS, “os salários dos professores têm-se tornado insuficientes desde que a moeda nacional começou a entrar em colapso, pelo que estamos a trabalhar para os proteger e manter, procurando dar-lhes uma pequena quantia em dólares americanos todos os meses”.
“A segunda necessidade – acrescentou o responsável – diz respeito às nossas despesas escolares, tais como a electricidade e o aquecimento, que representam 40% de todas as nossas despesas. E embora todas estas sejam pagas em dólares americanos, as propinas continuam a ser pagas na sua maioria em libras libanesas que perderam a maior parte do seu valor e se tornaram quase inúteis.”
Por tudo isto, diz o Padre Youssef Nasr, é fundamental a ajuda que instituições como a Fundação AIS têm vindo a dar à Igreja no Líbano: “Não podemos continuar sem a ajuda que nos é dada. Precisamos desesperadamente dela”.
Em causa está não só a manutenção das escolas católicas, mas também a própria sobrevivência da comunidade cristã neste país tão importante no contexto do Médio Oriente. “Os pais querem olhar em frente para o melhor futuro possível, apesar dos actuais desafios. Pedem uma educação de qualidade para os seus filhos, e é isto que oferecemos. É por isso que precisamos de preservar esta educação para manter as pessoas no Líbano e impedi-las de emigrar, especialmente tendo em conta a difícil situação actual”, explica ainda o Padre Nasr.
A Fundação AIS está a promover a nível global, e também em Portugal, uma campanha de apoio à Igreja no Líbano, nomeadamente por causa das escolas católicas. E esta ajuda tem-se revelado essencial. O presidente do secretariado para as Escolas Católicas no Líbano disse-o sem rodeios: “Sem a Fundação AIS nunca poderíamos continuar e a gerir todas as nossas despesas. Precisamos da vossa ajuda, que é muito importante para nós, para superarmos os desafios”.
Como sugestão da ajuda directa que os benfeitores portugueses da AIS podem dar à Igreja no Líbano, é dado o exemplo da escola Beit Habbaq, da responsabilidade das Missionárias do Santíssimo Sacramento. Esta escola, que fica situada numa aldeia perto de Jbeil, é frequentada por 1420 crianças que, na sua esmagadora maioria, vão para as aulas praticamente sem terem comido nada em casa.
A fome é uma realidade cruel no Líbano e a Irmã Maguy Adabachy, responsável por esta escola, pede ajuda para não ter de fechar as portas deste estabelecimento de ensino. “Tenho um desafio; arranjar dinheiro no final do mês para pagar aos professores, para o combustível dos autocarros, para poderem transportar as crianças. E no fim do mês não sei se há dinheiro para alimentar os alunos mais pobres”, explica a Irmã Maguy.
Além do Líbano, a campanha que a Fundação AIS está a promover em Portugal visa também a Síria, outro país da região que atravessa igualmente uma crise profunda que tem conduzido a esmagadora maioria da sua população para a miséria.