Neste Domingo, dia 14, vão evocar-se em Roma 1624 novos mártires, pessoas assassinadas desde o início do século por serem cristãos. A Fundação AIS apoiou o trabalho da comissão que permitiu fazer o levantamento das histórias destes homens e mulheres que perderam a vida em defesa da sua fé. Para Regina Lynch, presidente executiva internacional da fundação pontifícia, o testemunho destes novos mártires “fortalece a nossa fé e a dos nossos benfeitores”.
O Papa Leão XIV vai presidir no próximo Domingo, dia 14, em Roma, na Festa da Exaltação da Santa Cruz, a uma celebração ecuménica muito especial em que vão ser evocados mais de 1600 novos mártires e testemunhas da fé de várias confissões cristãs. Este Jubileu, promovido pela Igreja Católica, vai ter início pelas 16 horas [hora de Lisboa], na Basílica de São Paulo Fora de Muros, em Roma. Com o Santo Padre, que celebra também neste domingo o seu 70º aniversário, vão estar 24 delegados de várias Igrejas e comunidades cristãs.
A lista dos novos mártires é o resultado do trabalho desenvolvido por uma comissão lançada pelo Papa Francisco em Julho de 2023 e que apresentou na passada segunda-feira o resultado da sua investigação. Este trabalho de investigação foi apoiado pela AIS, pois coincide profundamente com o seu carisma.
Segundo Fabio Fabene, secretário do Dicastério para as Causas dos Santos e presidente da referida “Comissão dos Novos Mártires – Testemunhas da fé”, disse, em conferência de Imprensa na passada segunda-feira, no Vaticano, que “no martírio a Igreja já está unida”, pois “nos cristãos que deram a vida realiza-se o ecumenismo do sangue, como São João Paulo II gostava de definir”.
Por sua vez, Andrea Riccardi – fundador da Comunidade de Santo Egídio e vice-presidente da comissão – lembrou que, “infelizmente, os cristãos continuam a morrer porque são testemunhas do Evangelho, porque são apaixonados por Deus, pelos irmãos e irmãs, porque são autênticos servos do homem, porque são comunicadores livres da fé”.
História da Irmã Leonella Sgorbatti
Segundo o portal de notícias do Vaticano, dos mais de 1600 novos mártires, “304 são provenientes das Américas, 43 os europeus mortos no Velho Continente e outros 110 que morreram durante as missões pelo mundo, 277 foram mortos no Oriente Médio e no Magrebe, 357 testemunhas da fé na Ásia e na Oceania e 643 na África”, a terra onde, sublinhou Andrea Riccardi “os cristãos mais morrem”.
Todos estes novos mártires que agora vão ser apresentados são o resultado do trabalho desenvolvido pela comissão sobre histórias de vida de autênticos heróis da fé de diferentes igrejas e confissões cristãs e cujos nomes foram indicados previamente por dioceses, conferências episcopais, institutos religiosos e outras entidades.
No próximo Domingo, na cerimónia em Roma, está prevista a leitura de diversos textos bíblicos, uma reflexão do Santo Padre, a proclamação das ‘bem-aventuranças’ e a apresentação da história de vida de alguns destes novos mártires. É o caso, por exemplo da Irmã Leonella Sgorbati, assassinada na Somália em 2006. A história desta religiosa, curiosamente, fez parte da campanha internacional “Mártires e Heróis por Amor”, lançada pela Fundação AIS na Quaresma de 2020, e que tinha como propósito honrar e recordar homens e mulheres que nos quatro cantos do mundo ofereceram a sua vida a Deus e pelos seus irmãos.
A Irmã Scorbati, das Missionárias da Consolata, foi morta a tiro numa rua de Mogadíscio, a capital da Somália, quando regressava do hospital pediátrico onde trabalhava como enfermeira. As suas últimas palavras, recorda a Fundação AIS num pequeno livro editado para a referida campanha, foram “perdoo, perdoo, perdoo”.
Seguramente que todos os outros casos de martírio apresentados pela Fundação AIS na campanha da Quaresma de há cinco anos farão parte da lista dos 1624 novos mártires que vão ser celebrados no Jubileu neste Domingo.
A presidente executiva internacional da Fundação AIS, Regina Lynch, destacou a importância destes dados e disse que “eles corroboram a experiência do nosso trabalho com as Igrejas locais, onde a AIS ajuda as comunidades que enfrentam constantes ameaças existenciais. A Fundação AIS tem muito orgulho em apoiar estes cristãos, mas acima de tudo estamos gratos por aprender com o seu testemunho, que fortalece a nossa fé e a dos nossos benfeitores todos os dias”.
Paulo Aido e Xavier Burgos
Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt