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IRAQUE: Papa usou em Qaraqosh uma estola que simboliza o sofrimento dos cristãos durante a barbárie jihadista
O Papa Francisco esteve ontem, domingo, dia 7 de Março, em Qaraqosh, e usou uma estola muito especial, com dois metros de comprimento e 70 centímetros de largura, feita à mão por artesãos locais que conheceram na pele o significado da perseguição aos cristãos. É o caso de Gorjia Kapo, mãe de três filhos.
A sua família vive em Qaraqosh desde há várias gerações, mas em Agosto de 2014, perante a ocupação destas terras pelos terroristas do Daesh, todos tiveram de partir. Desde então, Gorija tem procurado ajudar na recuperação da sua cidade a que regressou mal os jihadistas foram derrotados militarmente. É uma família cristã muito empenhada. Um dos seus filhos decidiu tornar-se sacerdote e foi ordenado há um ano.
A oferta da estola ao Papa Francisco mobilizou esta comunidade. O padre Ammar, que a desenhou, explicou à Fundação AIS o que representa: “De um lado da estola está a oração do Senhor, o Pai Nosso, na nossa língua, o siríaco, que vem do aramaico, a língua original de Jesus. Do outro lado está a Ave Maria”.
Há todo um simbolismo nesta peça que o Papa envergou neste domingo cheio de emoções no Iraque. “As cruzes nas duas pontas – diz ainda o sacerdote –, são as cruzes da igreja de Al-Tahera, as mesmas de dentro da igreja que foram destruídas pelo Daesh durante a ocupação. Aliás essas cruzes são, agora, o símbolo de uma nova vida. Como a estola é um adorno muito simbólico para nós, sacerdotes, Gorjia também incluiu no bordado o pão e o vinho, símbolos do mistério eucarístico”, diz ainda o Padre Ammar.
São duas as estolas para o Santo Padre. Uma, feita por Gorjia, simboliza os cristãos que decidiram ficar em Qaraqosh apesar de todas as dificuldades. A outra, feita por Iman Qasab, um cristão local que entretanto foi forçado a emigrar para o Canadá, é decorada com uma palmeira, símbolo do Iraque, que também aparece no logotipo da visita do Papa.
Ambos representam de certa forma a comunidade cristã e os seus dramas. Os que estão no Iraque e sofrem ainda as consequências da violência terrorista, e os que se viram forçados a partir, deixando para trás as suas raízes, a sua cultura, a sua comunidade religiosa.
A restauração da igreja de Al-Tahera, em Qaraqosh, foi apoiada directamente pela Fundação AIS graças à generosidade dos seus benfeitores em todo o mundo e é um exemplo do compromisso da Ajuda à Igreja que Sofre no apoio à comunidade cristã iraquiana.
PA| Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt