HAITI: Bispo ferido em explosão no Domingo em Port-au-Prince, pode ter sido alvo de atentado

D. Pierre André Dumas, bispo de Anse-à-Veau e Miragoâne, foi atingido por uma explosão no passado Domingo, dia 18, durante a visita que estava a realizar na capital do Haiti, a cidade de Port-au-Prince. As autoridades estão a investigar o que realmente aconteceu, mas não descartam a possibilidade de se ter tratado de um atentado.

O estado de saúde de D. Pierre Dumas, Bispo de Anse-à-Veau e Miragoâne “é estável”, após ter sido operado na segunda-feira, dia 19, no consequência da explosão que o atingiu na casa em que se encontrava em Port-au-Prince, a capital do Haiti.

Em declarações à Fundação AIS Internacional, o Arcebispo Max Leroy Mesidor, Presidente da Conferência Episcopal deste país das Caraíbas, explica que a causa da explosão está a ser investigada e que as autoridades não descartam a possibilidade de se ter tratado de um atentado.

“Ainda não se sabe se a explosão foi causada por uma fuga de gás ou por um acto criminoso. A polícia está a investigar, mas acredita que parece ter sido uma explosão de gás. A explosão foi forte e causou queimaduras graves no rosto, nos braços e nas pernas de Monsenhor Dumas.”

D. Max Mesidor pede as orações de todos pelo rápido restabelecimento do prelado. Este incidente que vitimou D. André Dumas ocorre num momento particularmente grave de violência no Haiti. Ainda recentemente, a 19 de Janeiro, e como a Fundação AIS então noticiou, seis religiosas, que pertencem à Congregação de Sant’Ana, foram raptadas por homens armados que bloquearam o veículo em que viajavam, um pequeno autocarro, em pleno dia em Port-au-Prince. O Bispo Dumas chegou a oferecer-se então como refém pela libertação destas religiosas, cujo cativeiro terminaria ao fim de cinco dias.

HAITI, UM PAÍS EM CAOS

O Haiti é um dos países assinados a vermelho no mais recente Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, publicado em Junho do ano passado e que aborda o período correspondente aos anos de 2021 e 2022. Nesse documento pode ler-se que o país “entrou numa espiral de caos político, económico e social”, e que “as estruturas estatais como o Parlamento, o poder judicial e a administração pública entraram em colapso”.

Tudo isto se agravou com o assassinato, em Julho de 2021, do presidente Jovenal Moïse. “Desde então” – assinala o Relatório da AIS – “o país tem sido dirigido pelo presidente Ariel Henry, sem data ainda marcada para novas eleições”. “Num país já assolado pela pobreza e por catástrofes naturais, o vazio de poder e a falta de liderança efectiva mergulharam o pequeno Estado das Caraíbas no caos, com fome, doenças, violência de gangues, crimes relacionados com a droga, esquadrões da morte e raptos”, acrescenta o documento.

A violência é de tal ordem que, segundo responsáveis das Nações Unidas, como Ulrika Richardson, Representante Especial Adjunta para o Gabinete Integrado da ONU, “quase 60% da capital do Haiti é dominada por gangues”.  Segundo o Vatican News, que cita fontes das Nações Unidas, “Janeiro de 2024 foi o mês mais sangrento em mais de dois anos, com pelo menos 1.108 pessoas mortas, feridas ou raptadas” no Haiti. “Nos últimos dias, as principais cidades haitianas registaram ainda mais agitação durante os protestos liderados pela oposição que exigiam a demissão do primeiro-ministro interino, Ariel Henry”, acrescenta o portal de notícias da Santa Sé.

Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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Relatório da Liberdade Religiosa

O Haiti está à deriva em direcção a tornar-se um Estado falhado. A crise política e económica alimentou um aumento da violência dos gangues territoriais, provocando uma crise social e humanitária catastrófica. Os raptos para exigir resgate, incluindo do clero, e os assassínios relacionados com gangues aumentaram exponencialmente. A insegurança generalizada do país tem afectado todos os direitos fundamentais, incluindo a liberdade religiosa.

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