GUINÉ-BISSAU: Núncio Apostólico destaca, na primeira visita ao país, o papel da rádio católica local, apoiada pela AIS

GUINÉ-BISSAU: Núncio Apostólico destaca, na primeira visita ao país, o papel da rádio católica local, apoiada pela AIS

D. Stanislaw Sommertag, antigo embaixador da Santa Sé na Nicarágua, expulso pelo governo de Daniel Ortega em Março do ano passado e nomeado entretanto pelo Papa como Núncio da Guiné-Bissau, esteve de visita a este país africano para apresentar as suas credenciais. Durante a curta estadia, destacou a importância da Rádio Sol Mansi, que é apoiada pela Fundação AIS, “como instrumento de paz e de diálogo”, e afirmou que os trabalhos para a escolha do novo bispo para a Diocese de Bafatá estão “num bom caminho”.

Expulso da Nicarágua pelo governo de Daniel Ortega em Março do ano passado, o bispo polaco D. Stanislaw Sommertag, de 56 anos de idade, foi nomeado em Setembro como embaixador da Santa Sé pelo Papa Francisco para a Guiné-Bissau, Senegal, Cabo Verde e Mauritânia, que formam, no seu conjunto, uma Conferência Episcopal Interterritorial. A sua primeira visita à Guiné-Bissau era aguardada com grande expectativa, até para se saber novidades sobre a nomeação de um Bispo para a Diocese de Bafatá, que está sem líder desde que D. Pedro Zilli faleceu em Abril de 2021 vítima de Covid19. “Este é o tempo de Advento. O tempo da espera para que seja nomeado um novo bispo na diocese de Bafatá. A Nunciatura Apostólica que está em Dacar, Senegal, está a fazer o seu trabalho e não existe um tempo determinado, mas o mecanismo está ativo e a andar para frente”, disse D. Stanislaw Sommertag, acrescentando: “Peço que todos rezemos para que o Espírito Santo possa nomear as pessoas que estão envolvidas neste serviço para que possa, no último chegar nas mãos do Santo Padre com uma decisão definitiva”, exorta o núncio apostólico”.

Ataque à igreja em Gabu
A visita do Núncio Apostólico ocorre seis meses depois de o governo ter anunciado a suspensão das isenções fiscais à Igreja Católica, equiparando-a a uma simples ONG, organização não governamental, e depois também do ataque à Igreja em Gabu, na Diocese de Bafatá – nunca algo do género tinha acontecido em toda a história do país, com a destruição de imagens e a profanação do templo. Esse ataque, em Julho do ano passado, deixou a comunidade católica perplexa, até porque as relações entre as comunidades religiosas, entre cristãos e muçulmanos, sempre foram tradicionalmente muito boas. Tão grave quanto o ataque, foi, no entanto, a reacção do presidente da República. Umaro Embaló, um muçulmano, veio a público desvalorizar o ataque e todo o esforço das autoridades para apurar responsabilidades. Desde então, apesar de as autoridades, nomeadamente o ministro da Administração Territorial, ter anunciado um rápido inquérito, nunca se veio a saber quem nem porquê houve este ataque a um templo católico.

“Igreja viva e dinâmica”
O responsável diplomático apresentou as Cartas credenciais como novo Embaixador ao Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, no dia 15 de Março, tendo depois visitado durante alguns dias algumas das estruturas que atestam o trabalho da Igreja Católica em áreas tão distintas como a educação, saúde ou comunicação. D. Stanislaw fez questão de visitar a Rádio Sol Mansi, emissora católica do país, o hospital pediátrico “São José de Bôr”, a casa de acolhimento de crianças abandonadas “Bambaram”, a Caritas nacional e ainda a Universidade Católica. No final da visita, o Núncio Apostólico salientou a importância da missão que tem vindo a ser realizada pela Rádio Sol Mansi, que é apoiada também pela Fundação AIS. “Encontrei uma Igreja viva e dinâmica”, disse o embaixador. “É interessante esta possibilidade de um diálogo e a Rádio Sol Mansi está a ser um instrumento de diálogo aqui na Guiné-Bissau e na Igreja da Guiné-Bissau. Mesmo a história da Rádio Sol Mansi – como nasceu e no momento em que foi criada – dá para perceber que é um instrumento de paz e de diálogo”, acrescentou o Núncio Apostólico.

Uma rádio para o país
De facto, a Rádio Sol Mansi, tem vindo a desempenhar um papel extremamente relevante na Guiné-Bissau. Fundada em Fevereiro de 2001 pelo missionário italiano Davide Sciocco, primeiro apenas como emissora local, mas depois ganhando expressão nacional, a rádio tem hoje três estúdios, em Bissau, Mansoa e Bafatá, e retransmissores que lhe permitem chegar a todo o território. Num país pobre, um dos mais pobres do mundo, a Rádio Sol Mansi – que tem o apoio directo da Fundação AIS, nomeadamente através da oferta de um veículo todo-o-terreno – desempenha um papel insubstituível na coesão nacional. Casimiro Jorge Cajucam, o director da Rádio diocesana, em entrevista à Fundação AIS em Setembro do ano passado, explicava a importância da ajuda da AIS para o trabalho da rádio. “Quem anda nas estradas da Guiné-Bissau já experimenta como é o inferno… São estradas horríveis. Não é qualquer viatura que vai para lá e é por isso importante este apoio para irmos até às últimas aldeias para levarmos a mensagem da Igreja…” Um apoio que faz toda a diferença no dia-a-dia de quem tem conseguido fazer desta a rádio mais ouvida e com maior credibilidade em todo o país. Casimiro Jorge Cajucam agradeceu a ajuda da Fundação AIS que tem permitido à Rádio Sol Mansi continuar a ser um sinal de esperança num país que atravessa tempos difíceis. “O povo espera muito de nós, e precisamos de fazer mais pelo bem da sociedade guineense que está muito ameaçada por contravalores, muito ameaçada agora por tendências radicais. Precisamos desse apoio e aproveito para agradecer aos benfeitores da Fundação AIS. Estamos ainda presentes e mantemos a nossa actividade graças a eles!”

 

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

Relatório da Liberdade Religiosa

A situação dos direitos humanos piorou na Guiné-Bissau em resultado da deterioração da segurança e das actividades dos cartéis de tráfico de droga, ainda mais após a tentativa de golpe de Estado. As preocupações com a segurança não afectaram, contudo, directamente qualquer instituição ou grupo religioso. No entanto, mais preocupantes para a liberdade religiosa são as ligações entre grupos armados na Guiné-Bissau e os grupos terroristas. Isto reflecte-se internamente em sinais de um crescimento do extremismo entre alguns muçulmanos guineenses.

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