O catequista Mathieu Sawadogo, que foi raptado em 2018 juntamente com a sua mulher por grupos armados no Burquina Fasso, é galardoado hoje com o IX “Prémio Liberdade Religiosa”, atribuído pelo secretariado espanhol da Fundação AIS.
O secretariado espanhol da Fundação AIS decidiu atribuir o “Prémio Liberdade Religiosa”, que vai já na nona edição, ao catequista Mathieu Sawadogo que, juntamente com a mulher, Pauline, que estava grávida, foi raptado em 2018 e mantido em cativeiro durante quatro meses por grupos armados jihadistas no Burquina Fasso.
O prémio vai ser entregue hoje, dia 24 de Outubro, ao fim da tarde, na Fundação Paulo XI, em Madrid, e fará parte da sessão de lançamento no país vizinho do Relatório da AIS sobre a Liberdade Religiosa no Mundo.
A história de Mathieu é exemplo do clima de enorme violência e ameaça aos cristãos neste país que está no centro da propagação do jihadismo no continente africano. Após um período de formação de quatro anos, a Igreja enviou o catequista Mathieu Sawadogo e a sua mulher, Pauline, para Baasmere, na Diocese de Dori, no norte do país. Por lá, desenvolveram o seu ministério, tendo ficado à frente de uma comunidade de aproximadamente 200 fiéis. Em 2018, os jihadistas apareceram na aldeia pela primeira vez e ameaçaram o catequista, dizendo que “algo de mau” poderia acontecer se ele persistisse com a sua missão religiosa. Mas ele não desistiu.
Recordando esse tempo, Mathieu contou à Fundação AIS que “não podia deixar de anunciar a Palavra de Deus”. Por isso é que estava ali… Mas as ameaças acabaram por se confirmar. E a 20 de Maio de 2018, um grupo de homens armados apareceu em sua casa. Mathieu e Pauline foram amarrados, vendados e levados para um local desconhecido. O facto de Pauline estar grávida de cinco meses, não mereceu qualquer tipo de consideração. Foi tratada com a aspereza que os terroristas usam normalmente para com todas as suas vítimas.
Não podia deixar de anunciar a Palavra de Deus”
Mathieu Sawadogo
Oração constante do Terço
Durante o tempo de cativeiro, o casal foi forçado a usar vestuário típico dos muçulmanos e os sequestradores tentaram que ambos se convertessem ao Islão. Mas não o conseguiram. Todos os dias, Mathieu rezava o Terço. Chegou a rezar 700 Ave-Marias num único dia…. Percebendo que o casal não iria abandonar o Cristianismo, os raptores optaram por soltá-los ao fim de quatro meses, abandonando-os num lugar ermo. Graças a um agricultor que passava por ali, foram levados ao hospital mais próximo, preocupados com o estado de saúde de Pauline. A consulta médica confirmou o que já temiam: a criança tinha morrido durante o sequestro.
Mathieu e a mulher, que sofreram na pele a violência jihadista, representam todos os catequistas que, todos os dias e de forma totalmente abnegada, arriscam a própria vida no Burquina Fasso e em tantos países do mundo, onde muitas vezes são o único sinal da presença da Igreja nos lugares onde não há sacerdotes.
O prémio, agora outorgado pelo secretariado espanhol da Fundação AIS, é um sinal de reconhecimento por esse trabalho e pela coragem que é necessária para os Cristãos que vivem no Burquina Fasso, onde os grupos armados jihadistas representam uma ameaça cada vez mais significativa. Calcula-se mesmo que cerca de 40 por cento do país já esteja de alguma forma controlado pelos grupos armados extremistas.
Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt







