A Fundação AIS condena o ataque jihadista – o primeiro ataque mortal jihadista contra igrejas em Espanha – e reza pelas vítimas e suas famílias. A Ajuda à Igreja que Sofre manifesta também, a nível internacional, a sua proximidade para com a Diocese de Cádis e Ceuta.
Um morto e quatro feridos é o balanço, ainda provisório, do ataque, já considerado como um acto terrorista pelas autoridades espanholas, por um homem magrebino, entretanto detido pela polícia, a duas igrejas em Algeciras, na tarde de quarta-feira, 25 de Janeiro. Munido de uma catana, Yasine Kanjaa, de 25 anos, atacou várias pessoas em duas igrejas católicas no centro desta cidade situada na província de Cádis, na Andaluzia, muito perto de Gibraltar. Segundo relatos na Imprensa, o atacante dirigiu-se às igrejas aos gritos de “Alá”, tendo agredido com a arma diversas pessoas. Diego Valencia, sacristão da Igreja de Nossa Senhora da Palma é a vítima mortal, tendo o Padre Antonio Rodriguez Lucena, um salesiano de 74 anos de idade, que se encontrava na outra igreja, de Santo Isidro, que pertence à paróquia de Maria Auxiliadora, ficado gravemente ferido, tendo sido encaminhado para uma unidade hospitalar local para uma cirurgia de emergência. Diego Valencia, casado, com filhos, era uma pessoa muito estimada na zona e tinha uma loja de venda de flores.
O ataque e as agressões
Segundo descrição do Ministério espanhol do Interior, o atacante “entrou na Igreja de Santo Isidro em Algeciras, por volta das 19:00 [18 horas, em Lisboa], e agrediu o padre, armado com uma catana, ferindo-o gravemente”. Fontes de investigação e testemunhas citadas pela comunicação social espanhola, afirmam que o marroquino começou a discutir com paroquianos ali presentes , dizendo-lhes que deviam seguir o Islão e que “a vossa fé não é autêntica”. Em seguida, dirigiu-se à Igreja de Nossa Senhora da Palma, onde destruiu algumas imagens sagradas e atacou o sacristão.
O sacristão “conseguiu ainda sair da igreja mas foi apanhado no exterior pelo atacante, que lhe infligiu vários ferimentos mortais”, acrescentou o ministro do Interior. O assaltante foi, entretanto, “imobilizado e detido” pela polícia.
Os alertas do presidente da Fundação AIS
A Fundação AIS também expressou prontamente a sua solidariedade para com as vítimas deste ataque terrorista, o primeiro ataque mortal jihadista em igrejas no país vizinho. Perante este ataque, que sobressaltou a comunidade cristã, Thomas Heine-Geldern, Presidente Executivo internacional da Fundação AIS, destacou a importância de se proteger o direito à liberdade religiosa. “As instituições e a opinião pública não podem permanecer impassíveis, nem subestimar acontecimentos assim tão trágicos. Temos de nos perguntar se estamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance para impedir tudo o que alimenta este ódio”, diz Heine-Geldern. Um ódio que, lembra ainda o presidente da AIS tem feito “inúmeras vítimas em todo o mundo, em particular nos últimos anos especialmente na África subsariana.” “Também na Europa – acrescenta –, tais ataques estão a tornar-se cada vez mais frequentes.”
Lembrar o exemplo de São Paulo
Também o director do secretariado espanhol da Ajuda à Igreja que Sofre, Javier Menéndez Ros, fez questão de sublinhar que se esteve perante um puro acto de terror “típico daqueles que querem impor pela violência uma ideologia político-religiosa que nada tem a ver com religião”. “Na Europa estamos a assistir a cada vez mais ataques deste tipo”, acrescentou o responsável da AIS de Espanha. Menéndez Ros recordou que o ataque de quarta-feira ocorreu no dia da festa da conversão de São Paulo, perseguidor dos cristãos e mais tarde grande apóstolo do cristianismo no primeiro século. “São Paulo a caminho de Damasco caiu do seu cavalo porque o Senhor lhe perguntou por que me persegues? E esta pergunta faz também todo o sentido para nós hoje em dia: porque somos perseguidos?” O director da Fundação AIS de Espanha acrescentou ainda que, seguindo os ensinamentos dos cristãos “que em tantos países são alvo todos os dias de grupos jihadistas”, como na Nigéria, Paquistão, Síria ou Iraque, por exemplo, é preciso “rezar pela conversão dos assassinos e de todos os perseguidores”.
A “firme condenação” dos bispos
Pouco depois do ataque, a Conferência Episcopal emitiu um comunicado em que manifesta a “proximidade o afecto e o consolo da fé às famílias das vítimas, à Diocese de Cádis e à sociedade” local. Os bispos de Espanha expressaram ainda a “mais firme condenação a todas as formas de violência, que não podem ocorrer na sociedade em que vivemos”, pedindo “ao Deus de misericórdia e paz que encha de esperança os corações das vítimas e cure os feridos, acompanhe a Igreja e a sociedade na busca da paz e converta os corações dos violentos”.
As palavras do Papa Francisco
Ainda muito recentemente, a 9 de Janeiro, o Papa Francisco, falando aos embaixadores creditados na Santa Sé, recordou que, nos dias de hoje, “um em cada sete cristãos é perseguido” no mundo pela sua fé. O Papa salientou a importância de se defender e proteger a liberdade religiosa. “É preocupante que haja pessoas perseguidas apenas porque professam publicamente a sua fé; e são muitos os países onde a liberdade religiosa é limitada.” E acrescentou: “Cerca de um terço da população mundial vive nesta condição”.
As paróquias de Algeciras, muito especialmente a Igreja de Nossa Senhora da Palma, em que o sacristão Diego Valencia foi assassinado, têm colaborado com a Fundação AIS na sua missão de sensibilização da opinião pública para a questão da perseguição aos cristãos. Ainda recentemente, esteve lá em exposição um ícone profanado por jihadistas e que foi posteriormente recuperado de uma igreja em Homs, na Síria.