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EGIPTO: Cristão enfrenta acusação de terrorismo por tentar proteger a sua casa do ataque de muçulmanos
Terça-feira · 2 Fevereiro, 2021
Andrew Saleh, de 26 anos, está acusado de terrorismo pelas autoridades egípcias por ter-se envolvido em confrontos com muçulmanos que tentavam atacar a sua casa na aldeia de Al Barsha, na província de Minya.
Os incidentes ocorreram a 25 de Novembro do ano passado, data que assinala o início para a comunidade cristã da temporada de jejum que precede o Natal no Egipto. Nessa data, pouco depois das 18 horas, um grupo de muçulmanos começou a atacar a igreja de Saint Abu Seifin e algumas habitações, assim como lojas pertencentes aos cristãos. Estariam a responder a um insulto ao profeta do Islão alegadamente publicado no ‘facebook’ por um jovem cristão.
No ataque, foram arremessadas pedras a lojas e pelo menos a casa de uma família cristã foi incendiada, tendo uma mulher, de 85 anos, sofrido queimaduras graves. Segundo Eman Saleh, de 48 anos, em declarações à Fundação AIS, o seu filho Andrew terá sido detido quando procurava proteger a casa da família e ajudar alguns dos feridos para serem encaminhados para uma unidade hospitalar local.
Andrew, que trabalha como distribuidor de pão, estava a rezar na igreja quando a multidão começou a reunir-se no exterior do templo. Houve violentos confrontos entre cristãos e muçulmanos que se estenderam por mais de quatro horas, até à chegada das forças de segurança que, segundo Eman Saleh, usaram gás lacrimogéneo para dispersar as pessoas.
Às 23 horas tudo parecia ter terminado. A polícia conseguiu que os fiéis abandonassem a igreja onde estavam quase como sitiados. “Horas mais tarde – explica Eman à Fundação AIS – ouvi o som de um bater forte na porta da casa às 2 horas da madrugada.”
A polícia entrou e prendeu Andrew e o seu irmão mais novo, Mina, de apenas 16 anos. “Arrastaram os meus filhos como criminosos”, acrescentou. Algumas horas mais tarde, a polícia iria libertar o irmão de Andrew, dada a sua idade. Desde então, Eman Saleh não teve qualquer contacto com o seu filho que está detido numa prisão de alta segurança. Até agora Andrew não foi presente a nenhum juiz.
A prisão deste jovem copta, como os cristãos são conhecidos no Egipto, está a ser dramática. Desde a morte do pai, há alguns anos, Andrew tornou-se no ganha-pão da família que é constituída por si, pela mãe, o irmão Mina e duas irmãs, uma das quais tetraplégica.
Eman pede as orações dos cristãos para que o seu filho seja libertado o mais rapidamente possível. “Temo que ele fique doente ou apanhe o coronavírus, pois sofre de dispneia e não tem roupas adequadas para o Inverno”, diz a mãe. Além de Andrew, a polícia deteve mais 14 cristãos e 21 muçulmanos.
PA| Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt