COREIA NORTE: Cardeal Heung-Sik fala em “situação muito difícil” vivida pelos cristãos no país de Kim Jong-un

COREIA NORTE: Cardeal Heung-Sik fala em “situação muito difícil” vivida pelos cristãos no país de Kim Jong-un

O Cardeal Lazzarus You Heung-Sik, prefeito do Dicastério para o Clero, referiu-se à comunidade cristã na Coreia do Norte como estando a viver uma “situação muito difícil”. De visita ao Brasil, o prelado esteve com a comunidade católica oriunda da península coreana e reforçou o empenho da Igreja no diálogo e reconciliação entre as duas Coreias.

O Cardeal Lazzarus You Heung-Sik, prefeito do Dicastério para o Clero, esteve de visita ao Brasil e encontrou-se, nos dias 24 e 25 de Junho, com os fiéis da paróquia coreana de Santo André Kim Degun, na região de São Paulo, tendo celebrado uma missa com a comunidade católica oriunda do país asiático.

Citado pelo Vatican News, o prelado referiu-se à situação vivida pela comunidade cristã na Coreia do Norte, considerado como “o país mais isolado” do planeta e que voltou a ser classificado no Relatório sobre a Liberdade religiosa, da Fundação AIS, como tendo “um dos piores registos de direitos humanos” em todo o mundo. “Há mais de 70 anos, não temos notícias dos nossos irmãos na Coreia do Norte. É uma situação muito difícil. Lá não há bispos, nem sacerdotes. Para nós, é muito doloroso”, manifestou o Cardeal You Heung-Sik, reforçando o empenho da Igreja da Coreia do Sul, da Santa Sé e do próprio Papa na busca do diálogo e da reconciliação entre os dois países. “Enviamos continuamente mensagens para a Coreia do Norte, na tentativa de abrir um diálogo multilateral e diplomático para resolver essa situação. Eu também já me coloquei à disposição do Santo Padre para, em seu nome, intermediar o diálogo entre as Coreias. Se ele considerar necessário, estarei pronto para ir nessa missão em favor do nosso povo coreano”, salientou ainda D. Lazzarus ao portal de notícias do Vaticano.

O prelado, que já foi o responsável pelo Comité para a Paz da Conferência Episcopal Coreana, tendo visitado a Coreia do Norte por quatro vezes, é uma das personalidades que mais se têm pronunciado não só sobre a situação da comunidade cristã no país governado com mão de ferro por Kim Jong-un, como pela necessidade de haver diálogo entre as duas coreias de forma a se afastar efectivamente o espectro da guerra na região.

O desejo do Papa Francisco

No Relatório da Liberdade Religiosa no Mundo, da Fundação AIS, que foi lançado em Lisboa e em várias capitais europeias no passado dia 22 de Junho, recorda-se o empenho pessoal do Papa Francisco no diálogo entre Pyongyang e Seul, dado que os dois países estão tecnicamente em guerra pois apenas foi assinado um armistício após o conflito militar que decorreu entre os anos de 1950 e 1953.

“Em Agosto de 2022, o Papa Francisco manifestou interesse em visitar a Coreia do Norte, referindo que, se recebesse um convite, iria certamente. Em 2018, Kim disse ao então Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, que o Papa seria recebido com ‘entusiasmo’, no entanto, ultimamente as relações entre as duas Coreias têm-se tornado mais turbulentas. Por seu lado, o Papa Francisco exortou todos os coreanos a trabalharem pela paz”, pode ler-se no Relatório.

O documento da Fundação AIS recorda ainda que também a Comissão dos EUA para a Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF) voltou a incluir a Coreia do Norte na lista dos países que suscitam especial preocupação, e que as sanções dos EUA foram reimpostas em Novembro de 2022. Face ao isolamento em que se encontra a Coreia do Norte e a repressão que as autoridades exercem sobre as populações, é muito difícil obterem-se dados concretos sobre a comunidade cristã.

O Relatório da Fundação AIS refere que, em 2022, segundo o grupo de defesa dos direitos humanos Portas Abertas, estimava-se em “cerca de 400 mil” os cristãos que vivem na Coreia do Norte. Todos eles estarão em grande ameaça pois, caso sejam descobertos “pelas autoridades, são deportados para campos de trabalho como criminosos políticos ou mesmo mortos no local, e as suas famílias partilharão também o seu destino”, refere ainda aquela organização.

O Vatican News esclarece também que, “embora vacantes, as três dioceses católicas da Coreia do Norte continuam instituídas à espera de um dia poderem ser retomadas”. “Até 2012, o Anuário Pontifício indicava como Bispo de Pyongyang D. Francis Hoong-ho, desaparecido desde 1949 após ser capturado pelo governo norte-coreano. Em 2013, a Santa Sé recebeu a confirmação de sua morte e seu nome foi incluído na lista de 81 mártires coreanos, cuja causa de beatificação está em andamento.”

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

Relatório da Liberdade Religiosa

Apesar de algumas aberturas, a realidade é que, enquanto o Governo de Kim Jong-un continuar na sua forma actual, incluindo a deificação da dinastia Kim, as perspectivas para todos os direitos humanos, incluindo a liberdade de religião ou crença, não têm esperança.

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