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CHINA: Dez sacerdotes da Igreja Clandestina detidos desde o início do ano na província de Baoding
Pelo menos dez sacerdotes, pertencentes à chamada Igreja Clandestina, foram detidos pelas autoridades na província chinesa de Boading desde o início do ano. Segundo a Asia News, quatro destes padres “foram presos entre 29 e 30 de Abril, levantando temores de mais prisões entre os membros do clero”.
A notícia esclarece que “a comunidade católica de Baoding pede orações por eles”, e que procuram também informações sobre o seu paradeiro. Estes fiéis, pode ler-se ainda, “temem pela vida” destes sacerdotes, pois, em casos anteriores, “padres e bispos sequestrados foram encontrados mortos ou em estado grave”.
A informação da agência que pertence ao Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras (PIME), recorda que a comunidade católica de Baoding é das mais antigas da China e que o seu bispo, D. Su Zhimin, “está nas mãos da polícia há pelo menos 25 anos, depois de ter passado mais de 40 anos de trabalhos forçados sob [o governo de] Mao Zedong”.
O mais recente Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, publicado em Abril do ano passado pela Fundação AIS, confirma o desaparecimento deste prelado, cuja situação é referida como exemplo, entre muitos outros, da repressão que tem vindo a ser exercida sobre a comunidade cristã fiel ao Papa. “A hierarquia católica também continua a sofrer perseguição e prisão”, diz o Relatório da Ajuda à Igreja que Sofre. “O Bispo James Su Zhimin de Baoding passou um total de 40 anos na prisão e não é visto desde 2003. Neste momento, o seu paradeiro ainda é desconhecido. Em Julho de 2020, o congressista Chris Smith realizou uma audiência no Congresso dos Estados Unidos intitulada: ‘Onde está o Bispo Su?’”
O documento da Fundação AIS elenca vários incidentes ocorridos no período em análise [2018-2020]. “Os Cristãos, tanto católicos como protestantes, não foram poupados, enfrentando graves violações da liberdade religiosa. Milhares de cruzes foram destruídas, muitas igrejas demolidas ou fechadas e o clero cristão foi preso. Em Novembro de 2019, 500 líderes de igrejas domésticas assinaram uma declaração a afirmar que ‘as autoridades removeram cruzes de edifícios, forçaram as igrejas a pendurar a bandeira chinesa e a cantar canções patrióticas e impediram os menores de participarem’.”
No relatório da Fundação AIS refere-se ainda que “nas Igrejas controladas pelo Estado, as autoridades forçaram os cristãos a exibir bandeiras do Partido Comunista ao lado e por vezes em vez de símbolos religiosos, ou a pendurar retratos de Xi Jinping ao lado e por vezes em vez das imagens de Cristo e da Virgem Maria.” Além disso, reporta-se que “foram montadas câmaras de videovigilância no exterior e no interior das igrejas para filmar os fiéis”.
Em Janeiro deste ano, a Fundação AIS dava também a notícia de que as actividades religiosas através da Internet, nomeadamente a transmissão de missas, mas também de sermões ou a simples divulgação de informações, passavam a estar sujeitas a uma aprovação prévia das autoridades governamentais. Estas novas medidas entraram em vigor a 1 de Março.
Em 2018 foi assinado um Acordo Provisório, entre a Santa Sé e a República Popular da China sobre a nomeação dos Bispos, acordo que foi renovado por dois anos a 22 de Outubro de 2020. As relações diplomáticas entre a China e a Santa Sé terminaram em 1951, após a expulsão de todos os missionários estrangeiros. Os católicos chineses dividiram-se então entre duas igrejas: a Associação Católica Patriótica Chinesa, aprovada por Pequim, e a clandestina, que continuou fiel ao Vaticano.
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