CABO DELGADO
"Precisamos de socorro!"
A região norte de Moçambique está, de novo, sob ataque violento de grupos jihadistas que afirmam pertencer ao Daesh, o temível grupo terrorista Estado Islâmico. A violência começou em 2017, mas, nas últimas semanas, ganhou uma nova dimensão, para desespero de milhares de pessoas que voltaram a ter de fugir, que voltaram a assistir à destruição das suas aldeias, que voltaram a assistir à morte bárbara de familiares e amigos.
E agora, no meio de tudo isto, a Igreja voltou também a ser um dos alvos dos terroristas. Em todas as aldeias atacadas, reduzidas a cinzas, “todas as capelas cristãs foram destruídas”, diz D. António Juliasse, Bispo de Pemba numa mensagem enviada para Lisboa, para a Fundação AIS.
D. Juliasse pede-nos ajuda. “Não podemos ficar sem fazer nada…”
As igrejas foram queimadas,
assim como as casas da população.MISSIONÁRIO EM CABO DELGADO
A sua ajuda é essencial para a sobrevivência deste povo
O terror está de volta a Cabo Delgado. Terroristas, que afirmam pertencer ao Daesh, os jihadistas do grupo Estado Islâmico, atacaram nestes primeiros meses do ano, novamente, várias aldeias em Cabo Delgado, tendo queimado várias igrejas e casas, raptado e assassinado pessoas inocentes. As populações vivem num ambiente de medo e insegurança…
Os ataques estão a criar muito medo nas populações, que estão em fuga ou escondidas no mato, e já levaram também à saída dos missionários e religiosas que estavam na região. Uma irmã confessa à Fundação AIS que “a situação é muito, mas muito complicada, e que os terroristas estão espalhados pela província…”
Insurgentes atacaram a aldeia de Naminaute, situada perto de Mieze, onde fica a Paróquia de Nossa Senhora do Carmo, que é apoiada pelos Missionários Saletinos.
Grupos jihadistas atacaram três povoações em Mazeze, no distrito de Chiúre, provocando o pânico nas populações que estão em fuga, procurando segurança na cidade de Pemba, ou escondendo-se nas matas. “As igrejas foram queimadas assim como as casas da população”, descreve um missionário que, por questões de segurança, não pode ser identificado.
A Missão católica de Nossa Senhora de África de Mazeze, que dava muito apoio social à população, foi completamente destruída por terroristas, bem como o edifício-sede do posto administrativo local, o centro de saúde e a escola.
O ataque à Missão católica de Nossa Senhora de África em Mazeze, cuja igreja foi incendiada, levou o Padre Kwiriwi Fonseca, um dos sacerdotes que melhor conhece a realidade neste país, a lançar “um grito de socorro” para que o mundo não esqueça o drama humanitário que se está a viver no seu país.
Numa curta mensagem enviada à Fundação AIS, o sacerdote diz que “o povo está a sofrer” com esta nova onda de violência que, de certa forma, apanhou toda a gente de surpresa. “No ano passado, parecia que as coisas estavam a melhorar, mas fomos surpreendidos já este ano com uma nova onda séria, terrível e cruel de ataques.”
O balanço é trágico. Desde que começaram os ataques, em Outubro de 2017, calcula-se que já tenham morrido mais de 5 mil pessoas e mais de 1 milhão foram forçadas a fugir da violência dos homens de negro, dos jihadistas.
Agir sem demora
Face à dimensão da violência registada nos mais recentes ataques ao longo das últimas semanas, é preciso auxiliar as populações que estão outra vez em fuga, apela o sacerdote. “Este não é o momento de nos calarmos, não é o momento de cruzar os braços, é o momento de gritar alto que precisamos de socorro em Cabo Delgado. Queremos ajuda imediata para se resolver este problema.”
Milhares de pessoas fogem dos terroristas, levando à cabeça tudo o que conseguiram salvar.
D. ANTÓNIO JULIASSE, BISPO DE PEMBA
A sua ajuda é essencial para a sobrevivência deste povo
O drama da fuga
É uma mensagem emotiva. Durante cinco minutos, D. António Juliasse, Bispo de Pemba (na foto), descreve à Fundação AIS toda a violência terrorista que voltou a atingir a região de Cabo Delgado, com particular relevo para o distrito de Chiúre, o mais populoso da província de Cabo Delgado. Estes ataques, de invulgar violência, trouxeram o pânico com milhares de homens, mulheres e crianças em fuga, procurando salvar as próprias vidas e caminhando em busca de lugares mais seguros. O Bispo de Pemba fala mesmo em “drama da fuga”, num “autêntico êxodo populacional”.
“A violência perpetrada neste distrito foi de tal forma que cerca de uma dezena de aldeias, algumas muito populosas, foram visadas, com destruição de habitações e instituições. Nessas aldeias, todas as capelas cristãs foram destruídas. O ponto mais alto até agora foi o ataque feito a Mazeze, o posto administrativo do distrito de Chiúre, com a destruição de tantas infraestruturas públicas e sociais do Governo, assim como a nossa Missão, que dava muito apoio social ao povo da região”, conta D. Juliasse.
“Fogem as populações das aldeias já reduzidas a cinzas, como fogem também as populações das aldeias que ora se vêem expostas ao risco de serem atacadas. Muitos fazem um caminho que só têm a certeza do ponto de partida. Vão em busca de um lugar seguro. Não sei onde o encontrarão… se calhar, [apenas] o menos inseguro.”
D. António Juliasse fala também em rostos atónitos, tristes, de pessoas em desespero. “Carregam alguma trouxa na cabeça ou na única bicicleta familiar. É tudo o que agora lhes resta. Certamente não tarda que chegue a fome, a sede e as doenças”, diz ainda o prelado. São pessoas assustadas e que fogem, procurando salvar as próprias vidas, “para não terem a mesma sorte dos que foram degolados e baleados”. Toda a mensagem está carregada de emoção, de quem está a assistir a um dos momentos mais negros da violência terrorista em Moçambique.
D. Juliasse conta até a história, a desventura, de uma jovem mãe, sobrinha de um funcionário da Cúria Diocesana. A jovem, diz o Bispo, chama-se Tina e também fugiu.
“Tina levou consigo apenas o bebé recém-nascido nos braços. (…) Entre o calor e a poeira, bebeu água que encontrou, ganhou diarreia e vómitos e sucumbiu. Ficou o bebezinho sem mãe, sem culpa e sem paz…”
Como nos diz, é apenas mais um drama humano no meio de uma enorme tragédia que se está a viver em Moçambique…
As suas palavras traduzem a situação excepcionalmente grave que se está a viver e são, também, um grito de alerta para que o mundo se consciencialize de que Cabo Delgado está a viver mesmo uma urgência humanitária, pois está no centro de uma das mais ferozes ofensivas jihadistas no continente africano, e que é preciso ir em socorro destas populações assustadas.
O risco maior é serem rostos esquecidos em função de outras guerras no mundo. Não podemos ficar sem fazer nada.
D. ANTÓNIO JULIASSE, BISPO DE PEMBA
Na mensagem enviada à Fundação AIS, em Lisboa, o Bispo de Pemba reconhece que a Diocese pediu que os missionários dos locais atacados, também eles neste momento deslocados, e os que se encontram nos locais de acolhimento, acompanhem as populações em fuga e procurem auxiliá-las nas suas necessidades.
Veja o vídeo com a mensagem de D. Juliasse (conteúdo sensível):
A Igreja em Cabo Delgado precisa de si!
Vamos ajudar?
É preciso agir sem demora em socorro deste povo inocente
“Neste momento, o povo precisa de comida, o povo precisa de cobertores, o povo precisa de abrigo. (…) Agora, o medo aumenta, o povo está desesperado e não sabe em que local se poderá esconder. O ano de 2024 será de muita fome. Sei que não é algo que acabe num dia, mas sabemos o quanto os malfeitores querem disseminar o mal. Então, enquanto nós rezamos para eles se converterem, rezamos também para os benfeitores abrirem o seu coração e apoiarem os inocentes, o povo que sofre. (…) Quero agradecer à Fundação AIS que tem apoiado de modo especial a Diocese de Pemba, em Cabo Delgado. Não nos fujam, não nos abandonem! A Diocese de Pemba precisa do vosso apoio, meus amigos, minhas amigas. Intensifiquem o vosso trabalho e canalizem toda a ajuda necessária para resgatarmos a dignidade do povo de Cabo Delgado. Obrigado, Deus vos abençoe!”
Padre Kwiriwi Fonseca
Moçambique é um país prioritário para a Fundação AIS no continente africano… A solidariedade dos benfeitores da Fundação AIS tem permitido levar a este país, especialmente à região de Cabo Delgado, diversos projectos de assistência pastoral e de apoio psicossocial às populações vítimas do terrorismo, mas também fornecimento de materiais para a construção de dezenas de casas, centros comunitários e ainda a aquisição de veículos para os missionários que trabalham junto dos centros de reassentamento que abrigam as famílias fugidas da violência.
A Igreja em Moçambique precisa urgentemente da nossa ajuda para sobreviver e continuar a apoiar o seu povo!
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