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- Abril 5, 2024
- 9:00 am
CABO DELGADO
"Precisamos de socorro!"
A região norte de Moçambique está, de novo, sob ataque violento de grupos jihadistas que afirmam pertencer ao Daesh, o temível grupo terrorista Estado Islâmico. A violência começou em 2017, mas, nas últimas semanas, ganhou uma nova dimensão, para desespero de milhares de pessoas que voltaram a ter de fugir, que voltaram a assistir à destruição das suas aldeias, que voltaram a assistir à morte bárbara de familiares e amigos.
E agora, no meio de tudo isto, a Igreja voltou também a ser um dos alvos dos terroristas. Em todas as aldeias atacadas, reduzidas a cinzas, “todas as capelas cristãs foram destruídas”, diz D. António Juliasse, Bispo de Pemba numa mensagem enviada para Lisboa, para a Fundação AIS.
D. Juliasse pede-nos ajuda. “Não podemos ficar sem fazer nada…”
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As igrejas foram queimadas,
assim como as casas da população.MISSIONÁRIO EM CABO DELGADO
A sua ajuda é essencial para a sobrevivência deste povo
O terror está de volta a Cabo Delgado. Terroristas, que afirmam pertencer ao Daesh, os jihadistas do grupo Estado Islâmico, atacaram nestes primeiros meses do ano, novamente, várias aldeias em Cabo Delgado, tendo queimado várias igrejas e casas, raptado e assassinado pessoas inocentes. As populações vivem num ambiente de medo e insegurança…
Os ataques estão a criar muito medo nas populações, que estão em fuga ou escondidas no mato, e já levaram também à saída dos missionários e religiosas que estavam na região. Uma irmã confessa à Fundação AIS que “a situação é muito, mas muito complicada, e que os terroristas estão espalhados pela província…”
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![31 jan 31 jan](https://fundacao-ais.pt/wp-content/uploads/elementor/thumbs/31-jan-qmgqphklk8qtwo0azbpfdmkpmcd041f7cgx83pvlrc.png)
Insurgentes atacaram a aldeia de Naminaute, situada perto de Mieze, onde fica a Paróquia de Nossa Senhora do Carmo, que é apoiada pelos Missionários Saletinos.
![9 fev 9 fev](https://fundacao-ais.pt/wp-content/uploads/elementor/thumbs/9-fev-qmgqpfox6ko99g31aaw68n1sfkm9on7qo7m955ye3s.png)
Grupos jihadistas atacaram três povoações em Mazeze, no distrito de Chiúre, provocando o pânico nas populações que estão em fuga, procurando segurança na cidade de Pemba, ou escondendo-se nas matas. “As igrejas foram queimadas assim como as casas da população”, descreve um missionário que, por questões de segurança, não pode ser identificado.
![12 fev 12 fev](https://fundacao-ais.pt/wp-content/uploads/elementor/thumbs/12-fev-qmgqpdt8swlom85rla2x3niv8svj9909zyba6m16g8.png)
A Missão católica de Nossa Senhora de África de Mazeze, que dava muito apoio social à população, foi completamente destruída por terroristas, bem como o edifício-sede do posto administrativo local, o centro de saúde e a escola.
O ataque à Missão católica de Nossa Senhora de África em Mazeze, cuja igreja foi incendiada, levou o Padre Kwiriwi Fonseca, um dos sacerdotes que melhor conhece a realidade neste país, a lançar “um grito de socorro” para que o mundo não esqueça o drama humanitário que se está a viver no seu país.
Numa curta mensagem enviada à Fundação AIS, o sacerdote diz que “o povo está a sofrer” com esta nova onda de violência que, de certa forma, apanhou toda a gente de surpresa. “No ano passado, parecia que as coisas estavam a melhorar, mas fomos surpreendidos já este ano com uma nova onda séria, terrível e cruel de ataques.”
O balanço é trágico. Desde que começaram os ataques, em Outubro de 2017, calcula-se que já tenham morrido mais de 5 mil pessoas e mais de 1 milhão foram forçadas a fugir da violência dos homens de negro, dos jihadistas.
Agir sem demora
Face à dimensão da violência registada nos mais recentes ataques ao longo das últimas semanas, é preciso auxiliar as populações que estão outra vez em fuga, apela o sacerdote. “Este não é o momento de nos calarmos, não é o momento de cruzar os braços, é o momento de gritar alto que precisamos de socorro em Cabo Delgado. Queremos ajuda imediata para se resolver este problema.”
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Milhares de pessoas fogem dos terroristas, levando à cabeça tudo o que conseguiram salvar.
D. ANTÓNIO JULIASSE, BISPO DE PEMBA
A sua ajuda é essencial para a sobrevivência deste povo
O drama da fuga
É uma mensagem emotiva. Durante cinco minutos, D. António Juliasse, Bispo de Pemba (na foto), descreve à Fundação AIS toda a violência terrorista que voltou a atingir a região de Cabo Delgado, com particular relevo para o distrito de Chiúre, o mais populoso da província de Cabo Delgado. Estes ataques, de invulgar violência, trouxeram o pânico com milhares de homens, mulheres e crianças em fuga, procurando salvar as próprias vidas e caminhando em busca de lugares mais seguros. O Bispo de Pemba fala mesmo em “drama da fuga”, num “autêntico êxodo populacional”.
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“A violência perpetrada neste distrito foi de tal forma que cerca de uma dezena de aldeias, algumas muito populosas, foram visadas, com destruição de habitações e instituições. Nessas aldeias, todas as capelas cristãs foram destruídas. O ponto mais alto até agora foi o ataque feito a Mazeze, o posto administrativo do distrito de Chiúre, com a destruição de tantas infraestruturas públicas e sociais do Governo, assim como a nossa Missão, que dava muito apoio social ao povo da região”, conta D. Juliasse.
“Fogem as populações das aldeias já reduzidas a cinzas, como fogem também as populações das aldeias que ora se vêem expostas ao risco de serem atacadas. Muitos fazem um caminho que só têm a certeza do ponto de partida. Vão em busca de um lugar seguro. Não sei onde o encontrarão… se calhar, [apenas] o menos inseguro.”
D. António Juliasse fala também em rostos atónitos, tristes, de pessoas em desespero. “Carregam alguma trouxa na cabeça ou na única bicicleta familiar. É tudo o que agora lhes resta. Certamente não tarda que chegue a fome, a sede e as doenças”, diz ainda o prelado. São pessoas assustadas e que fogem, procurando salvar as próprias vidas, “para não terem a mesma sorte dos que foram degolados e baleados”. Toda a mensagem está carregada de emoção, de quem está a assistir a um dos momentos mais negros da violência terrorista em Moçambique.
D. Juliasse conta até a história, a desventura, de uma jovem mãe, sobrinha de um funcionário da Cúria Diocesana. A jovem, diz o Bispo, chama-se Tina e também fugiu.
“Tina levou consigo apenas o bebé recém-nascido nos braços. (…) Entre o calor e a poeira, bebeu água que encontrou, ganhou diarreia e vómitos e sucumbiu. Ficou o bebezinho sem mãe, sem culpa e sem paz…”
Como nos diz, é apenas mais um drama humano no meio de uma enorme tragédia que se está a viver em Moçambique…
As suas palavras traduzem a situação excepcionalmente grave que se está a viver e são, também, um grito de alerta para que o mundo se consciencialize de que Cabo Delgado está a viver mesmo uma urgência humanitária, pois está no centro de uma das mais ferozes ofensivas jihadistas no continente africano, e que é preciso ir em socorro destas populações assustadas.
O risco maior é serem rostos esquecidos em função de outras guerras no mundo. Não podemos ficar sem fazer nada.
D. ANTÓNIO JULIASSE, BISPO DE PEMBA
Na mensagem enviada à Fundação AIS, em Lisboa, o Bispo de Pemba reconhece que a Diocese pediu que os missionários dos locais atacados, também eles neste momento deslocados, e os que se encontram nos locais de acolhimento, acompanhem as populações em fuga e procurem auxiliá-las nas suas necessidades.
Veja o vídeo com a mensagem de D. Juliasse (conteúdo sensível):
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A Igreja em Cabo Delgado precisa de si!
Vamos ajudar?
É preciso agir sem demora em socorro deste povo inocente
“Neste momento, o povo precisa de comida, o povo precisa de cobertores, o povo precisa de abrigo. (…) Agora, o medo aumenta, o povo está desesperado e não sabe em que local se poderá esconder. O ano de 2024 será de muita fome. Sei que não é algo que acabe num dia, mas sabemos o quanto os malfeitores querem disseminar o mal. Então, enquanto nós rezamos para eles se converterem, rezamos também para os benfeitores abrirem o seu coração e apoiarem os inocentes, o povo que sofre. (…) Quero agradecer à Fundação AIS que tem apoiado de modo especial a Diocese de Pemba, em Cabo Delgado. Não nos fujam, não nos abandonem! A Diocese de Pemba precisa do vosso apoio, meus amigos, minhas amigas. Intensifiquem o vosso trabalho e canalizem toda a ajuda necessária para resgatarmos a dignidade do povo de Cabo Delgado. Obrigado, Deus vos abençoe!”
Padre Kwiriwi Fonseca
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Moçambique é um país prioritário para a Fundação AIS no continente africano… A solidariedade dos benfeitores da Fundação AIS tem permitido levar a este país, especialmente à região de Cabo Delgado, diversos projectos de assistência pastoral e de apoio psicossocial às populações vítimas do terrorismo, mas também fornecimento de materiais para a construção de dezenas de casas, centros comunitários e ainda a aquisição de veículos para os missionários que trabalham junto dos centros de reassentamento que abrigam as famílias fugidas da violência.
A Igreja em Moçambique precisa urgentemente da nossa ajuda para sobreviver e continuar a apoiar o seu povo!
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