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UCRÂNIA: “As vozes das vítimas, dos órfãos e das viúvas, estão a chegar a todo o mundo”, diz padre católico em Kiev
Com o apertar do cerco à capital ucraniana, ganha relevo o papel insubstituível que a Igreja tem vindo a dar no apoio às vítimas da guerra. A invasão das tropas russas começou há precisamente um mês. Durante este tempo, durante estas quatro longas semanas, têm sido muitos os sacerdotes, religiosas e bispos a trazer até ao mundo o grito de sofrimento de todo um povo que se viu, de um dia para o outro, a ter de lutar pela própria sobrevivência.
Os seus testemunhos são argumentos poderosos para se entender o drama de quem se sente impotente perante a forças destrutiva das bombas. Um desses padres, que tem estado quase em permanente ligação com a Fundação AIS, é Mateusz Adamski. Ele está em Kiev, na paróquia católica de Santo António. Desde há muito tempo que a cidade de Kiev vive no sobressalto permanente de quem sabe que o ataque final pode estar a acontecer a qualquer momento.
Mesmo quando tudo está tranquilo, há um natural sentimento de angústia. Quase desde o início da guerra, quando as sirenes que avisam as populações da iminência de um ataque se fizeram ouvir pela primeira vez, que as populações locais se habituaram a fugir para abrigos, para improvisados ‘bunkers’. É nesses lugares que o Padre Mateusz tem escutado a raiva de quem tem de se esconder para fugir da morte. “As pessoas choram e lamentam muito”, diz.
Muitas vezes, nada mais se pode fazer do que esperar. Esperar que as sirenes se calem, esperar pelo regresso a casa, esperar que as casas permaneçam intactas apesar dos bombardeamentos. Enquanto se espera, reza-se. “Todos os dias rezamos juntos e adoramos Jesus no Santíssimo Sacramento”, explica o sacerdote que, “por razões de segurança”, não pode revelar o lugar exacto onde se encontra.
Quando é possível, as pessoas abandonam os ‘bunkers’ e regressam às ruas, à cidade. Mas tudo se alterou desde que a guerra chegou com o alarido das bombas e da destruição. A cada dia que passa, há mais pessoas a precisar de ajuda.
Nessa ajuda, nessa solidariedade simples, também se percebe o trabalho da Igreja. “Deus está mesmo a caminhar connosco. E na medida em que conseguimos fazer o essencial – fazer compras, organizar comida – sentimo-nos seguros. Estamos a perseverar com os nossos irmãos e irmãs em oração e rezamos pela paz”, diz o Padre Mateusz Adamski.
Com o passar dos dias, com o país a sucumbir à ferocidade dos bombardeamentos, sobreviver torna-se cada vez mais difícil. Por isso, é também cada vez mais importante a ajuda que vai chegando às populações sitiadas pelos tanques russos.
“Estamos gratos por toda a ajuda e apoio que chega de todo o mundo e pelas palavras amáveis. Agradecemos a todos os que rezam por nós e contribuem com donativos para ajudar as necessidades da Ucrânia”, afirma o pároco de Santo António de Kiev que nos pede, também, para a Fundação AIS dar eco aos lamentos, aos gritos de raiva de um povo que está a morrer há precisamente um mês desde que começou a invasão das tropas russas. “Confiamos que as vozes das vítimas de guerra, dos órfãos e das viúvas, estão a chegar a toda a gente no mundo – não para agitar o ódio nos corações ou para semear amargura. Um Cristão deve rezar pelos seus inimigos. E, portanto, devemos proteger-nos contra todo o ódio e violência!”
Desde que a guerra teve início na madrugada de 24 de Março, a Fundação AIS já disponibilizou uma ajuda de emergência para a Igreja ucraniana no valor de 1,3 milhões de euros.
PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt