“Estamos muito cansados da guerra”, confessa D. Sviatoslav Shevchuk em declarações à Fundação AIS em Portugal. O Arcebispo de Kyiv fala do conflito armado no seu país, em plena Europa, e diz que este é já o “quarto ano de uma tragédia que todos os dias traz morte e destruição”. E pede, por isso, as orações de todos pela paz e pela conversão da Rússia. O arcebispo agradece também a solidariedade dos benfeitores da Ajuda à Igreja que Sofre que tem permitido salvar vidas e recorda que esteve na Capelinha das Aparições, em Fátima, a rezar com as crianças e a Fundação AIS pela paz no mundo…
O Arcebispo de Kyiv esteve em Fátima, onde decorreu de 7 a 10 de Outubro a Assembleia Plenária do Conselho das Conferências Episcopais da Europa. No final desses trabalhos, o prelado destacou, em declarações à Fundação AIS, a importância da oração de todos para que o flagelo da guerra possa terminar na Ucrânia.
“Estamos muito cansados da guerra. É o quarto ano em que esta tragédia, todos os dias, traz morte e destruição. Os poderosos do mundo não sabem, mas Nossa Senhora de Fátima continua a transmitir a sua mensagem. Por isso, rezamos pela paz e pela conversão da Rússia. Mas, antes de tudo, temos de nos converter a nós mesmos”, afirmou o prelado ainda no Santuário de Fátima.
Aliás, para D. Shevchuk, é importante revisitar a mensagem de Nossa Senhora aos Pastorinhos em 1917, quando a Europa e o mundo estavam em guerra, para se compreender o que está a abalar a humanidade nos dias de hoje. “Quando recordamos em que momento da história da Europa esta mensagem surgiu, encontramos muitos pontos em comum com a situação dos dias de hoje. Naquele tempo, em 1917, a Europa, o mundo, estava cansado da guerra. Mas ninguém sabia como terminar essa guerra, como parar essa tragédia da humanidade. Nem os reis, nem os comandantes, nem os generais sabiam. Mas Deus sabia, e enviou a Sua Mãe para encontrar os mais pequenos, os mais simples — as crianças“, afirmou D. Sviatoslav Shevchuk.
E a Senhora de Fátima entregou-lhes a arma mais poderosa do mundo: a oração e a reconciliação, a conversão do coração. O mesmo vivemos hoje na Ucrânia. E penso também na Rússia…”
D. Sviatoslav Shevchuk
Importância da solidariedade
Se a guerra parece imparável, se o sofrimento das populações parece não ter fim, a verdade é que, segundo o Arcebispo de Kyiv, tudo seria infinitamente pior se desde a primeira hora o mundo não tivesse manifestado a sua solidariedade para com a Ucrânia. O papel da Igreja, nomeadamente de instituições como a Fundação AIS, tem feito a diferença no dia-a-dia das populações mais atingidas pelos bombardeamentos, pelos ataques de mísseis e de drones. E D. Sviatoslav não regateia palavras de agradecimento para com os benfeitores da Ajuda à Igreja que Sofre que desde Portugal e de todos os países do mundo têm assegurado desde a primeira hora orações e apoio vital para com os mais necessitados.
“Antes de mais, a primeira palavra é: muito obrigado. Estamos profundamente agradecidos pela vossa solidariedade. Eu estou vivo, posso falar, transmitir esta mensagem, é porque alguém me salvou. Salvou-me o exército ucraniano, salvou-me a solidariedade internacional. Catorze milhões de pessoas na Ucrânia tiveram de abandonar as suas casas. Mas esta tragédia da guerra não provocou outra tragédia, que é, muitas vezes, o desastre humanitário. Ninguém na Ucrânia morreu por causa da fome, do frio ou de outras causas humanitárias. Por isso, muitíssimo obrigado. A vossa solidariedade salva vidas”, garante o prelado.
Rezar o Terço com as crianças
Mas a guerra continua. Desde 24 de Fevereiro de 2022 que a guerra passou a fazer parte do quotidiano dos ucranianos. Para se conseguir a paz, para se conseguir calar os canhões, as metralhadoras, para se conseguir pôr um ponto final na violência da guerra é preciso rezar. E D. Sviatoslav Shevchuk reafirma a urgência da oração. Curiosamente, o início da Assembleia Plenária do Conselho das Conferências Episcopais da Europa coincidiu com a realização da jornada de oração do Terço com as crianças, uma iniciativa internacional da Fundação AIS que teve o epicentro espiritual precisamente na Capelinha das Aparições, em Fátima. Discreto, D. Shevchuck também esteve lá a rezar e foi com evidente gosto que recordou esse momento.
“Foi um privilégio, nesse dia, rezar com todas as crianças em Fátima. Participei nesta iniciativa, que foi promovida pela Ajuda à Igreja que Sofre. Não apenas ouvir a oração das crianças, mas rezar com elas, enche o coração com a paz celestial. Por isso, estamos muito agradecidos por esta iniciativa. Rezamos também por estas crianças, para que o mundo delas, no futuro, seja melhor do que o mundo de hoje. Estou certo de que a Mãe de Deus vai acolher estas orações das crianças pequenas. Vai responder com um milagre, como respondeu aos pastorinhos aqui em Fátima. O Imaculado Coração da Virgem há-de reinar. Há-de ter a última palavra, que será sempre a paz”, diz o Arcebispo.
Como mensagem final, D. Sviatoslav Shevchuk recorda que “é preciso acreditar em Deus”. “Porque a paz não é um simples acordo entre os poderosos que separam e provocam as guerras. A paz é algo mais. A paz é o espaço da vida. Se nós não conseguirmos criar este espaço na Ucrânia, na Europa, nos Estados Unidos, onde a pessoa humana, a criança, possa crescer, desenvolver-se, ter um futuro, esse espaço não pode ser chamado de paz. Por isso, queremos que o espaço da vida possa ser construído com ações concretas todos os dias, mas sempre com Deus, com a oração e com a fé em Jesus Ressuscitado”, concluiu.
Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt