TERRA SANTA: A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre faz eco do apelo do Santo Padre pela paz em Gaza

A Faixa de Gaza está a passar por um dos períodos mais sombrios da sua história recente. Anteontem, uma Comissão Independente de Inquérito das Nações Unidas concluiu que Israel cometeu genocídio contra a população de Gaza, denunciando crimes contra a humanidade no conflito que já dura quase dois anos. Profundamente comovido, o Papa Leão XIV voltou a levantar a sua voz para exortar a comunidade internacional a encontrar uma solução diferente do exílio forçado que a população civil enfrenta actualmente. “Temos de encontrar outra forma”, afirmou o Santo Padre.

No contexto de violência e caos que se vive na Faixa de Gaza, a paróquia católica da Sagrada Família, no bairro de Zeitoun, no centro da cidade de Gaza, continua a ser um oásis de vida no meio da devastação. O pároco, o argentino Gabriel Romanelli – juntamente com outros dois sacerdotes e duas religiosas do Instituto do Verbo Encarnado e três Missionárias da Caridade – cuida de cerca de 450 refugiados, na sua maioria católicos e ortodoxos, mas também muçulmanos e pessoas com deficiência.

“Estamos bem, graças a Deus, embora a situação seja terrível. Ninguém sabe para onde vai esta guerra”, diz o Padre Romanelli, numa mensagem enviada no fim de semana à fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre. “Partilhamos o que temos com os nossos vizinhos, mas o que é realmente importante é que a guerra acabe”, disse.

Falando a partir de Jerusalém na quinta-feira, dia 18 de Setembro, o director do Gabinete de Desenvolvimento do Patriarcado Latino, George Akroush, confirmou que a população de Gaza descreveu uma realidade extremamente dramática e comovente, que se agravou nas últimas semanas.

“A população civil continua a sofrer com bombardeamentos, deslocações e uma grave escassez de alimentos, medicamentos e electricidade. Nos últimos dias, o exército israelita começou a demolir casas a poucas centenas de metros do complexo católico, aparentemente em preparação para uma próxima operação terrestre, uma vez que as ruas da cidade de Gaza são demasiado estreitas para tanques ou veículos militares de grande porte. Estas demolições nas proximidades mantêm as famílias em constante medo e preocupação”, referiu.

Vida e resistência sob as bombas

Apesar da intensificação da ofensiva militar israelita contra a cidade de Gaza, os religiosos que servem a paróquia decidiram ficar.

Diante da realidade dos idosos, dos doentes, dos que estão exaustos, dos deprimidos e das crianças, parece-nos que o Senhor nos pede para ficar e continuar a servir aqueles que sofrem. Esta é uma observação simplesmente humana e espiritual.”

George Akroush garantiu à Fundação AIS Internacional que o Patriarcado acredita que esta é a escolha certa, dadas as circunstâncias. “Permanecer no complexo é, de facto, uma decisão sensata do nosso povo, uma vez que nenhum local em Gaza pode ser considerado verdadeiramente seguro. Aqueles que partiram estão a passar por algumas das piores situações das suas vidas: tendas são montadas no meio das ruas, as condições de higiene são extremamente precárias e há uma grave escassez de tudo. Acima de tudo – acrescenta o responsável – a morte está em toda a parte e a verdade é que não existe nenhum local seguro em Gaza.”

Milagres diários em tempo de guerra

O horror desta tragédia humanitária não conseguiu apagar todos os vestígios de alegria. Nas últimas semanas, a paróquia testemunhou acontecimentos que, noutro lugar e noutro tempo, pareceriam comuns, mas que aqui beiram o milagroso: um casamento entre dois jovens refugiados, o nascimento do pequeno Marco – o cristão mais novo da comunidade – e a entrega de escapulários a um grupo de crianças, jovens e adultos nos dias festivos de Nossa Senhora. “O Senhor mostrou a sua bondade e a sua presença neste recém-nascido”, diz o Padre Romanelli na sua mensagem.

As actividades no oratório de São José foram retomadas no final de Agosto, após uma interrupção de dois meses, e o Padre Gabriel chegou a dizer à Fundação AIS, dois dias antes da ofensiva israelita de terça-feira, que queria recomeçar as aulas no final da semana.

A estes sinais de vida acrescenta-se outro motivo de alegria, nomeadamente a proximidade do Papa, que telefonou várias vezes para perguntar pela comunidade e abençoá-la.

Fundação AIS junta a sua voz ao apelo do Papa

Com a recente declaração da ONU, a Fundação AIS junta a sua voz ao recente apelo do Papa Leão XIV para a comunidade internacional promover esforços urgentes e coordenados para abrir caminhos de paz, proteger os vulneráveis e garantir ajuda humanitária suficiente. “Continuamos a rezar e a tentar fazer o bem a todos”, conclui o Padre Romanelli. “Obrigado a todos os que nos apoiam. Continuem a rezar por nós e por todos os que trabalham pela paz.”

Christophe Lafontaine e Maria Lozano

Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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Relatório da Liberdade Religiosa

Durante o período em análise, os líderes cristãos apelaram de forma sem precedentes a soluções justas e à paz e queixaram-se dos ataques à comunidade cristã, especialmente em Jerusalém por radicais judeus, que muitas vezes ficam impunes por parte das autoridades israelitas.
Embora as leis básicas do Estado ainda garantam plena liberdade religiosa a todos os seus cidadãos, uma intolerância por vezes violenta à margem da sociedade judaica torna mais difícil às minorias religiosas o exercício dos seus direitos.

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