Uma comissão de inquérito que tem vindo a trabalhar sobre os atentados terroristas de Domingo de Páscoa de 2019, e que causaram 279 mortos em três igrejas e três hotéis no Sri Lanka, pode vir a acusar o ex-presidente do país e alguns responsáveis pelos serviços secretos de negligência face às informações disponíveis na altura e que apontavam para a possibilidade de ocorreram actos graves de violência.
O relatório que agora aponta o dedo a Maithripala Sirisena foi mandado instaurar pelo então presidente do Sri Lanka, cinco meses após os mortíferos atentados de 21 de Abril desse ano de 2019. Segundo os dados entretanto apurados, haveria informação relevante sobre a iminência de um ataque terrorista, que teria sido fornecida pelos serviços secretos indianos.
A comissão, que ouviu mais de quatro centenas de testemunhas e entregou o relatório ao parlamento no dia 16 de Fevereiro, afirma que o procurador-geral do país deveria considerar a possibilidade de “instaurar um processo-crime contra o [ex-presidente] Sirisena”, ao abrigo da legislação em vigor no Sri Lanka. O inspector-geral da polícia também poderá vir a ser processado por negligência.
A Igreja tem exigido desde o primeiro momento também o apuramento total das responsabilidades. Em Março do ano passado, o Cardeal Malcolm Ranjith afirmava que a Igreja estava até na disposição de promover manifestações de rua se as autoridades não assumissem todas as responsabilidades relacionadas com os mortíferos atentados bombistas da Páscoa de 2019 que terão sido planeados e executados por dois grupos muçulmanos extremistas locais que prometeram lealdade ao Daesh. Os jihadistas do estado Islâmico.
Entretanto, sábado passado, dia 13 de Março, o ministro de Segurança Pública do Sri Lanka, Sarath Weerasekara, anunciou a proibição do uso de burcas, as vestes usadas pelas mulheres em algumas tradições islâmicas e que cobrem corpo e rosto, por ser “sinal do extremismo religioso que surgiu recentemente” no país. “Definitivamente iremos bani-lo”, disse este responsável que anunciou também o encerramento de mais de mil madrassas, escolas islâmicas que não estarão registadas oficialmente e não seguirão a política nacional de educação.
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