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SÍRIA: Núncio Apostólico alerta para a situação de pobreza que atinge já cerca de 90 por cento da população
“Entristece-me muito ver que a esperança está a morrer”, diz o Núncio Apostólico na Síria, em entrevista ao Vatican News. Para o Cardeal Mario Zenari a falta de esperança está directamente relacionada com a pobreza em que se encontra grande parte da população síria.
“Claro que vi com muito dor pessoas morrerem, mesmo crianças, durante a guerra, mas depois de todo este sofrimento, as pessoas ainda tinham alguma esperança; disseram que mais cedo ou mais tarde a guerra acabaria e que poderiam começar a trabalhar de novo, ter algum dinheiro, talvez reparar as suas casas e recomeçar uma vida normal. Infelizmente, isto não está a acontecer”, explicou o Núncio Apostólico, lembrando que “segundo as estatísticas das Nações Unidas, cerca de 90% da população é obrigada a viver abaixo do limiar da pobreza”.
Esta realidade está a provocar o êxodo da juventude, o que vai também dificultar a recuperação do país, pois a continuar esta onda migratória, a Síria vai ficar, reconhece o Cardeal, “progressivamente privada das suas melhores forças, porque aqueles que emigram são jovens e jovens qualificados”.
Na entrevista, o prelado afirma que a “situação de pobreza e de mal-estar não pode continuar”, o que implica também, em sua opinião, o fim das sanções económicas impostas pelos Estados Unidos e União Europeia ao regime de Damasco. Para o Núncio, são muros que precisam de ser derrubados.
“Derrubar estes muros porque o que vejo são muros, e pelo que posso vislumbrar um pouco – porque só a crítica não é suficiente – seria necessário, na minha humilde opinião, tentar quase forçar as três principais capitais a dar alguns passos e alguns gestos de boa vontade.”
O Cardeal Mario Zenari refere-se a Damasco, Washington e Bruxelas, e diz que os responsáveis destes três centros de poder têm que dar sinais de boa vontade “para que as sanções possam ser levantadas e a reconstrução e recuperação económica possam recomeçar”.
Caso nada aconteça, quem irá sofrer, acrescenta o Núncio Apostólico, “é o povo, o povo pobre”. E reforça, na entrevista, o peso do número dos pobres na Síria: “Há alguns dias, o Programa Alimentar Mundial (PAM) apresentou estatísticas igualmente impressionantes e tristes: mais de 12 milhões de sírios, ou seja, 60% da população, vivem numa situação de insegurança alimentar”.
Estas declarações ajudam a compreender a importância da campanha que a Fundação AIS está a desenvolver em Portugal e em vários outros paises em estreita colaboração com a Irmã Annie Demerjian, da Congregação de Jesus e Maria. Trata-se de uma enorme “Operação de Natal” em que se pretende distribuir peças de roupa, nomeadamente calças de ganga e camisolas quentes, a cerca de trinta mil crianças sírias.
A iniciativa tem como objectivo minorar o sofrimento de crianças e jovens, que fazem parte do grupo mais vulnerável da população, pois muitas nasceram com o país já em guerra e não conhecem outra realidade que a da violência, das bombas, dos mortos e feridos.
A Irmã Annie precisa da nossa ajuda para poder oferecer a cada uma destas cerca de trinta mil crianças a prenda de Natal de que elas mais precisam. Ajudar a Irmã Annie Demerjian custa apenas 11 euros. Ela pode contar consigo?
PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt