Vão ser cerca de mil os jovens sírios que durante a próxima semana vão estar envolvidos em iniciativas que fazem lembrar a Jornada Mundial da Juventude que vai decorrer nesses mesmos dias em Lisboa. A Fundação AIS apoia esta iniciativa que já mereceu também o aplauso do Papa Francisco.
“Convido os jovens da Síria a levar Jesus como Maria e a levá-lo a todas as pessoas, para que elas, por sua vez, possam ser portadoras do seu amor”, disse o Papa Francisco na mensagem enviada para os jovens da Síria que vão estar envolvidos em diversas iniciativas locais inspiradas na Jornada Mundial da Juventude que vai decorrer nos primeiros seis dias de Agosto em Lisboa. Ao todo vão ser cerca de mil jovens. Devido à situação muito difícil em que se encontra este país do Médio Oriente, que atravessa uma crise económica muito forte, foi decidido organizar localmente pela Igreja umas jornadas que permitam aos jovens viver um espírito de comunhão e partilha como se estivessem em Lisboa.
O encontro, a que foi chamado de “JMJ Síria”, irá coincidir em termos de agenda com a Jornada Mundial da Juventude de Lisboa, e terá lugar na cidade de Saydnaya, nos arredores de Damasco. Serão cerca de mil jovens, os participantes, que virão das dioceses de Alepo, Homs, Lattakia, Tartus, Hauran, Hama, Qamishli, Hasaka e, claro, Damasco. Saydnaya, onde se vão realizar esta concentração de juventude, é um importante centro de peregrinação consagrado à Virgem Maria.
O encontro dos jovens será presidido pelo Patriarca da Igreja Greco-Católica Melquita, D. Joseph I Absi. “Tendo em conta os numerosos atentados jihadistas sofridos em Saydnaya durante a guerra civil, o facto de este evento se poder realizar ali é já um pequeno milagre”, explica Xavier Bisits, coordenador dos projectos da AIS no Líbano e na Síria. Bisits destaca ainda o facto de que este será “o primeiro evento nacional” com uma grande dimensão destinado à juventude síria. O responsável pela organização desta JMJ Síria, o padre Raafaat Abou Al-Naser, explicou à Fundação AIS que este tipo de eventos é muito importante para ajudar a mobilizar os jovens de forma a que eles se sintam motivados a permanecer no país, apesar da crise em que se encontra a Síria. “É necessário que este projecto veja a luz do dia para que os jovens cristãos que decidiram ficar na Síria estejam unido,s e esta JMJ seja um estímulo para que cresçam na sua relação com a Igreja”, disse o sacerdote, agradecendo o apoio da Fundação AIS para a realização do evento.
A Fundação AIS apoia esta iniciativa com cerca de 180 mil euros, verba que se destina a custear a alimentação, alojamento, transporte, cuidados médicos, ‘workshops’ e ainda aulas de catequese. A verba disponibilizada pela AIS foi utilizada também para a melhoria das instalações do local, em Saydnaya, onde se realizará esta primeira Jornada Mundial da Juventude na Síria. Na mensagem que enviou para os jovens, o Santo Padre convidou-os a terem esperança num futuro melhor, lembrando a proximidade da Igreja para com todos eles. “Jesus está ao vosso lado e toda a Igreja está próxima de vós, rezando convosco e por vós, e amando-vos com a vossa esperança, coragem e solidariedade. Reavivareis as vossas Igrejas e reconstruireis o vosso país, restabelecereis a paz e a tranquilidade”, disse Francisco.
Alguns dos principais eventos da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, vão ser acompanhados em directo, através da Internet, com os jovens sírios em Saydnaya. Os testemunhos de Joseph Fadelle e Rafi Ghattas, respectivamente um iraquiano xiita convertido ao cristianismo e um jovem palestiniano da Terra Santa, são um exemplo dessa ligação em directo entre as duas Jornadas da Juventude. Os testemunhos dos dois cristãos fazem parte das iniciativas da Fundação AIS de Portugal na JMJ e vão decorrer na Basílica dos Mártires, ao Chiado, em Lisboa.
Também o Líbano vai ter a sua JMJ
Não vai ser só na Síria que haverá uma Jornada da Juventude alternativa. Também os jovens do Líbano sentem na própria pele o que significa viver num país em crise. Por isso, a Igreja local decidiu organizar, igualmente, um encontro de juventude. Entre os dias 2 e 6 de Agosto, na região do Monte Líbano, cerca de 1100 jovens vão participar numa via-sacra, em sessões de catequese, uma missa e ainda em ‘workshops’ e diversas actividades, sendo que, também aqui, haverá o apoio da Fundação AIS com cerca de 190 mil euros, verba que servirá para cobrir despesas de alojamento, organização, transportes e materiais que serão distribuídos pelos jovens. Também aqui o propósito da ajuda da Fundação AIS é para que os jovens possam sentir-se mais apoiados e com isso aceitem mais facilmente ficar no país, não cedendo à tentação da emigração. “Os jovens católicos libaneses enfrentam a pobreza e o desemprego e sofrem com o colapso do sistema político do seu país”, explica Xavier Bisits. “Actualmente, a maior parte dos jovens católicos que terminam a universidade deixam imediatamente o país. O nosso objectivo com este projecto não é apenas unir os diferentes ritos católicos – maronita, melquita, siríaco, arménio, caldeu e latino – mas também encorajar estes jovens, que têm de tomar decisões difíceis e que estão a pensar no seu futuro num país que está a desmoronar-se”, acrescentou ainda o coordenador dos projectos da Fundação AIS no Líbano e na Síria.