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SÍRIA: “As pessoas tentam sobreviver com menos de um dólar por dia”, diz directora de projectos da AIS após visita ao país
“As pessoas estão cansadas, muito cansadas”, diz Regina Lynch, directora de projectos da Fundação AIS a nível internacional, depois de uma viagem de dez dias à Síria onde contactou com a comunidade cristã e com responsáveis da Igreja, não só para fazer uma avaliação da situação em que se encontram as famílias ao fim de uma década de guerra, mas também para estudar o lançamento de novos projectos de ajuda à igreja local, viagem que a levou também ao Líbano.
No regresso, Regina fala de um povo sacrificado, forçado a viver com enormes dificuldades económicas – “as pessoas tentam sobreviver com menos de um dólar por dia”, ou seja, cerca de 87 cêntimos – e isso está a ter consequências no futuro da própria comunidade cristã. “Antes da crise, Alepo era o lar de cerca de trezentos mil cristãos de diferentes denominações; agora, dizem alguns, só restam cerca de 30 mil…”
Ao longo dos dez dias de viagem, Regina Lynch esteve em várias cidades e constatou que o cenário de destruição causado pela guerra ainda faz parte do quotidiano de grande parte do país. “Os combates continuam a decorrer na região noroeste”, explica a responsável de projectos da AIS. “No entanto, embora quando visitámos Damasco, Homs e Alepo não houvesse nenhum sentimento de insegurança, a destruição é terrível. Os sírios questionam-se como irão voltar a construir [as suas casas], quem os irá ajudar a reconstruir o país. Mas antes disso, tem de haver alguma forma de paz…”
Os combates que persistem na região noroeste da Síria são apenas um dos sinais da intranquilidade que persiste no país e que Regina testemunhou nesta viagem. As consequências das sanções económicas impostas pelos Estados Unidos e União Europeia contra o regime de Damasco estão a conduzir a Síria para uma situação desesperada. Regina Lynch faz referência ao facto de a maior parte das pessoas ter de sobreviver agora com menos de um dólar por dia, lembrando que antes da guerra, ou seja, há apenas dez anos, “grande parte da população vivia confortavelmente”.
Perante este cenário, além da ajuda através de projectos concretos que a Fundação AIS tem vindo a desenvolver com a Igreja local, é importante, diz Regina Lynch, devolver alguma esperança ao povo da Síria. “Temos de dar esperança e apoio. É por isso que vamos lançar muito em breve um projecto para recém-casados. Muitas pessoas não contraem matrimónio porque não podem pagar uma casa para viverem juntas. É uma situação que também preocupa os bispos. Estamos a trabalhar num projecto em Alepo que consistirá em dar dinheiro ao casal para cobrir necessidades básicas ou então pagar a renda de um apartamento durante dois anos.”
PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt