“Todo o mundo está ‘stressado’, está com medo”, diz Nicolas Ghobar, que está em Lisboa com um ‘stand’ na Feira Internacional de Artesanato, onde tenta vender peças produzidas por famílias cristãs de Belém. Mas as coisas não estão a correr bem. Nem na feira, nem na sua terra. As notícias que vai recebendo de casa reforçam o sentimento de angústia. “Sem peregrinos, a Terra Santa é um peixe sem água”, diz, apelando às orações dos portugueses: “Só temos Deus…”
Nicolas Ghobar, um cristão de Belém, costuma vir a Portugal por altura do Natal para vender peças de artesanato da Terra Santa na Igreja dos Mártires, ao Chiado, em Lisboa. A venda de peças de artesanato, produzidas em madeira de oliveira, são uma maneira – talvez neste momento a principal – de ajudar materialmente a sua comunidade.
A falta de peregrinos, está a estrangular a vida dos cristãos da Terra Santa. A situação de guerra em Gaza, após o ataque terrorista do Hamas a 7 de Outubro de 2023, afastou os turistas da região e isso reflecte-se bastante no quotidiano das famílias cristãs, que vivem quase exclusivamente do artesanato e do acolhimento aos peregrinos.
A situação está tão difícil que Nicolas decidiu participar na Feira Internacional de Artesanato de Lisboa, que começou a 28 de Junho e termina já este domingo, dia 6. Mas as coisas não estão a correr bem. A pouca afluência do público está a comprometer tudo.
“TODO O MUNDO ESTÁ COM MEDO…”
Numa breve declaração à Fundação AIS, Nicolas, que se apresenta como “representante oficial da comunidade cristã de Belém”, afirma que está em contacto com a família, com os amigos. E que do outro lado do telefone chegam sempre notícias preocupantes.
“Estou aqui em Lisboa há mais de 10 dias, estou em contacto com a minha família, com os meus amigos, e todo mundo está ‘stressado’, está com medo”, diz. Um medo que cresce porque a paz demora a chegar e sem paz tudo vai continuar muito difícil… “Não estamos a ver solução, não estamos a ver chegar a paz, a situação económica está bem difícil, não há trabalho, não temos ajudas, e a situação da perseguição como minoria cristã também não é fácil”, diz, para concluir, em jeito de desabafo: “Só temos Deus”.
Nicolas Ghobar espera que a comunidade internacional possa intervir, nomeadamente “que a União Europeia acalme a situação”, porque “sem os peregrinos, a Terra Santa é um peixe sem água”.
OS PEREGRINOS DÃO DE COMER AO POVO
A falta de visitantes no Pavilhão 2 da FIL, onde está o ‘stand’ “Estrela de Belém”, está a decepcionar Nicolas Ghobar, de 42 anos. “Estou aqui a expor as peças de artesanato das famílias cristãs de Belém”, diz. “Esta é uma das formas que estamos a intentar para manter a presença dos cristãos lá em Belém”, acrescenta.
Sem peregrinos, sem turistas, a cidade de Belém transformou-se, aos poucos, num lugar tendencialmente vazio, com as lojas sem ninguém, as famílias sem rendimentos. Sobra a fé. Apenas.
Na verdade, a situação está bem difícil, bem grave, com as guerras, as confusões que estão a acontecer… há muita emigração, muita fome, uma situação muito difícil e está a faltar a presença dos peregrinos, que são os que mantêm viva a presença de Cristo, são os que dão vida à cidade, dão de comer ao povo. Temos fé que volte a paz, que voltem os peregrinos.”
Nicolas Ghobar
Quem quiser contactar com Nicolas Ghobar, pode fazê-lo em estreladebelem.ts@gmail.com, ou pelo telefone: 913140720.
Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt
2 Comentários para “PORTUGAL: “Só temos Deus”, desabafa um cristão da Terra Santa que está em Lisboa a vender peças de artesanato”
Uma vez q a Feira do Artesanato acabou ontem, onde se podem ver agora as peças de madeira q este senhor está a vender ?
Grata pela informação, apresento os meus cumprimentos
Margarida Bello
Olá D. Margarida, pode contactar directamente o Nicolas através do email ou telefone que deixámos na notícia: estreladebelem.ts@gmail.com ou 913140720. Obrigada!