PORTUGAL: Padre nigeriano envia mensagem comovente a Leah Sharibu, jovem raptada pelo Boko Haram e que faz anos hoje

PORTUGAL: Padre nigeriano envia mensagem comovente a Leah Sharibu, jovem raptada pelo Boko Haram e que faz anos hoje

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PORTUGAL: Padre nigeriano envia mensagem comovente a Leah Sharibu, jovem raptada pelo Boko Haram e que faz anos hoje

Sexta-feira · 14 Maio, 2021

“Leah, já lá foram três anos desde o teu desaparecimento às mãos de elementos do Boko Haram, na tua escola de Dapchi, no estado de Yobe, no nordeste da Nigéria.” Começa assim a mensagem gravada pelo padre nigeriano Simon Okechukwu Ayogu. Fala de Leah Sharibu, uma jovem cristã raptada em 19 de Fevereiro de 2018 pelo Boko Haram, um dos mais temíveis grupos terroristas da actualidade.

Leah faz hoje, 14 de Maio, 18 anos de idade. É a terceira vez que passa o dia do seu aniversário em cativeiro. Leah Sharibu foi raptada juntamente com 110 outras colegas pelos terroristas islâmicos. No entanto, cerca de um mês mais tarde, todas as alunas foram libertadas com excepção de Leah, então com apenas 14 anos, que sendo a única cristã do grupo recusou converter-se ao islamismo como os terroristas exigiam. Ficou desde então em cativeiro.

É para ela que o Padre Simon gravou a mensagem. É para ela e para os seus pais. É uma mensagem enviada através da Fundação AIS que tem como propósito também alertar a sociedade para o drama dos cristãos neste país africano. “Talvez seja bom imaginarmos como é que seria ter uma filha, ou uma irmã, ou uma sobrinha desaparecida durante um dia, ou uma semana, ou um ano. Estamos a falar em três anos… Leah, ao completares neste dia 18 anos de vida, nós, como os teus pais que vivem com o coração nas mãos, esperamos o dia em que vais chegar a casa…”

PORTUGAL: Padre nigeriano envia mensagem comovente a Leah Sharibu, jovem raptada pelo Boko Haram e que faz anos hoje
Leah faz hoje, 14 de Maio, 18 anos de idade.

O Simon Okechukwu Ayogu, de 44 anos, está a viver em Portugal há década e meia. Actualmente é pároco em Lomar e Nogueira, na Arquidiocese de Braga. Por diversas vezes, através da Fundação AIS, tem procurado denunciar a situação extremamente difícil em que se encontra a comunidade cristã no norte da Nigéria, por causa da actuação do Boko Haram, que pretende instaurar nessa região de África um califado. O rapto de pessoas tem sido uma das marcas intimidatórias por parte deste grupo terrorista.

O caso de Leah Sharibu tem sido apresentado pela Fundação AIS como exemplo da violência contra os cristãos na Nigéria. Nesta Quaresma, a AIS propôs aos portugueses precisamente um tempo de consciencialização para a temática da perseguição religiosa de que Leah é exemplo. Para isso, para dar a conhecer esta e outras histórias, foi proposto um Calendário de Oração em que se deram a conhecer os episódios mais marcantes da vida de Leah Sharibu e de outros “Mártires e Heróis por Amor”, pessoas que têm levado até ao extremo a sua fidelidade a Jesus.

O Padre Simon sabe que a libertação de Leah é difícil. Mas não é impossível. A sua mensagem procura ser também um sinal de esperança. “Nós, como o mundo inteiro, aguardamos por ti. O mundo inteiro espera este milagre de te ver com vida um dia. Os teus pais não querem mais nada além de te ver em vida.” O padre espiritano lembra que circulam algumas histórias que indicam a possibilidade de Leah Sharibu ter sido forçada a casar com um comandante do Boko Haram e que teria tido mesmo um ou mais filhos. “Isso pouco importa”, diz. “Queremos é ter-te de volta.”

“Leah, onde quer que estejas sabe que estamos todos a torcer por ti para que chegue o dia em que te vamos ver de novo. Como dizia a tua mãe, que nem se importava em ter um [homem do] Boko Haram como genro desde que a filha volte com vida para casa….”

O Padre Simon Ayogu aproveitou também a mensagem através da Fundação AIS para questionar a forma como as autoridades nigerianas têm lidado com este caso e com toda a onda de violência que se tem abatido sobre as comunidades cristãs desde 2019, quando o Boko Haram começou a generalizar os ataques no norte do país. “Isto também nos leva a pensar [sobre] o tipo de governo que temos na Nigéria. Um governo bastante inepto que não tem sido capaz de providenciar a segurança para os seus cidadãos. Um governo que deve usar isto como chamada de atenção para rever a sua idoneidade e se adequar para poder fazer bem o seu trabalho. Mais ainda, isto leva-nos a pensar no que é ser cristão na Nigéria hoje, sabendo que a nossa amiga Leah está em cativeiro só por não ter querido converter à religião muçulmana.”

Em Fevereiro, quando se assinalou o terceiro aniversário do rapto de Leah Sharibu, a Fundação AIS contactou com duas pessoas próximas da família da jovem cristã: Kyle Abts e o pastor protestante Gideon Papa-Mallam. Kyle Abts – da Leah Foundation, uma instituição entretanto criada em apoio à causa da sua libertação e que fala também em nome da família da jovem – disse que “a última informação verificada em como ela ainda está viva remonta ao início do ano de 2020”, após a libertação de um refém pelo grupo terrorista. Nessa altura, acrescenta Kyle Abts, em mensagem enviada para a AIS em Lisboa, “circulavam rumores” de que Leah Sharibu “fora forçada a casar com um líder do Boko Haram e havia dado à luz um menino, mas isso não foi confirmado” pelo referido ex-refém.

Informação idêntica foi prestada pelo pastor protestante Gideon Papa-Mallam em declarações a Maria Lozano, responsável de comunicação a nível internacional da Fundação AIS. Gideon afirma que as últimas notícias de Leah Sharibu “são preocupantes”, mas afirma que não pode revelar detalhes pedindo, por isso, “orações e esforços concertados tanto locais quanto globais de forma a garantir a sua libertação o mais rapidamente possível”. A boa notícia – diz ainda este pastor protestante que também é amigo da família da jovem cristã –, “é que Leah ainda está viva e esta é, até agora, a informação mais encorajadora…”

A localização da jovem é incerta. Diz o pastor Gideon que, segundo as parcas informações disponíveis, “os terroristas não mantêm os seus prisioneiros num local [apenas], mas deslocam-nos de um lado para o outro”. “Portanto, é difícil dizer exactamente onde Leah pode estar agora. Às vezes ouvimos que eles estão na região do Lago Chade, outras vezes na República do Níger ou no Chade… É difícil ser preciso.”

De qualquer forma, mesmo desconhecendo-se o local exacto onde se encontra, para a família da jovem cristã saber que Leah estará viva permite alimentar todas as esperanças, mas é necessário que as autoridades se mostrem mais actuantes em todo este processo. “A família de Leah”, escreve Kyle Abts na mensagem enviada para Lisboa, “quer que o governo trabalhe para a sua libertação”, acusando as autoridades nigerianas de permanecerem “em silêncio” sobre eventuais “negociações ou detalhes relativos a Leah”. Amigo da família, o Pastor Gideon procura estar com os pais de Leah Sharibu com alguma frequência. E contou que eles “permanecem firmes e cheios de fé de que um dia verão a sua Leah. O estado de espírito deles não foi ainda quebrado, mas estão em sofrimento…”

A história de Leah Sharibu é extraordinária e emblemática também pelo facto de se tratar de alguém muito jovem mas que revelou uma enorme coragem frente aos captores. Uma coragem que o Pastor Gideon sublinha também à Fundação AIS. Leah decidiu, diz este amigo da família, “na tenra idade de 14 anos, permanecer fiel à sua convicção cristã”. “Que heroína da fé cristã que Leah é e representa!”

Hoje, 14 de Maio, Leah faz 18 anos de idade. Hoje, 14 de Maio, passam exactamente 1153 dias desde que foi levada à força por terroristas desde a sua escola em Dachi, no nordeste da Nigéria. 

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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