“A liberdade religiosa é a pedra de toque do respeito por toda a dignidade pela vida humana”, disse ontem D. Nuno Brás Martins na sessão de apresentação, no Funchal, do Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, produzido pela Fundação AIS. O Bispo da Diocese da Madeira saudou “o trabalho” desenvolvido pela Ajuda à Igreja que Sofre e lembrou que todos têm o dever de rezar e ajudar “os que são perseguidos”.
Nigéria, Moçambique e Venezuela foram os países que o Bispo do Funchal destacou no Relatório da Fundação AIS sobre a Liberdade Religiosa no Mundo e cuja apresentação pública ocorreu ontem, terça-feira, dia 23 de Abril, ao princípio da noite na Igreja do Colégio, na capital madeirense.
O caso da Nigéria, amplamente analisado no documento da fundação pontifícia, mereceu mesmo palavras fortes por parte de D. Nuno Brás Martins. “Na Nigéria, por exemplo, e em toda aquela zona, alguém ir à missa não sabendo se regressará, é para heróis… É uma Igreja com muita fé. Melhor dizendo, é para gente com muita fé. Depois, temos Moçambique, com tudo aquilo que está à volta de Cabo Delgado, que foi notícia aqui há uns tempos, mas que, entretanto, caiu no esquecimento. E depois, a Venezuela, porque nos diz muito a nós, madeirenses. Colocaria estas 3 situações como situações graves que nos dizem respeito”, disse o Bispo do Funchal, numa breve intervenção sobre o Relatório e a leitura que dele se pode fazer sobre o estado do Mundo em relação à liberdade religiosa.
Grande parte da intervenção do prelado foi precisamente sobre a importância da liberdade religiosa, que não pode, de todo, ser desvalorizada.
A liberdade religiosa é de facto a primeira de todas as liberdades. E nós não podemos esquecer isso. E não podemos deixar de reagir e de nos indignarmos e de manifestarmos o nosso repúdio por tudo aquilo que seja uma diminuição da liberdade religiosa.”
D. Nuno Brás Martins
“PRECISAMOS DE ESTAR MUITO ATENTOS”
D. Nuno Brás falou não só destes três países, mas referiu-se também a Portugal e deixou um aviso. “Creio que precisamos de estar muito atentos porque muito facilmente esta liberdade religiosa é beliscada, é posta em causa”, sempre que há “a ousadia de se afirmar alguma coisa que não está de acordo com aquilo que são os dogmas contemporâneos veiculados pela comunicação social, pelas redes [sociais], etc… Portanto, precisamos de estar muito atentos e de chamar a atenção para isto”, disse.
A terminar a sua intervenção, o Bispo do Funchal reafirmou que “a liberdade religiosa é a pedra de toque do respeito por toda a dignidade pela vida humana”.
D. Nuno Brás agradeceu ainda o trabalho da Fundação AIS junto das comunidades cristãs vítimas de perseguição, onde a Igreja mais sofre, e lançou o desafio a todos os presentes para estarem disponíveis para apoiar esta missão tão especial. “Como é que podemos ajudar? Em primeiro lugar, devemos gozar a nossa liberdade religiosa, aproveitar a nossa liberdade religiosa para manifestar a nossa fé. Não devemos ter vergonha da nossa fé, ninguém deve ter vergonha da sua fé, da sua relação com Deus, qualquer que ela seja. Não devemos deixar de usar a liberdade religiosa que temos. Depois, não devemos deixar de protestar, de manifestar a nossa posição e a nossa indignação. Depois, ainda, não podemos deixar de rezar por todos aqueles que são perseguidos”, afirmou.
SESSÕES DE SENSIBILIZAÇÃO
O Relatório da Fundação AIS sobre a Liberdade Religiosa no Mundo foi apresentando nos seus pontos essenciais por Catarina Martins de Bettencourt, directora do secretariado português da fundação pontifícia, que incentivou os presentes a “uma leitura mais atenta” do documento, o que pode ser feito em fundacao-ais.pt.
Antes da apresentação do Relatório, e nos dois dias anteriores, a equipa da Fundação AIS esteve presente em diversas celebrações eucarísticas não só na Igreja do Colégio mas também na Sé Catedral, procurando sensibilizar as comunidades madeirenses para o trabalho e a missão da instituição e para a urgência do apoio material e da proximidade orante para com os cristãos perseguidos no mundo. Sessões que contaram, no conjunto, com algumas centenas de fiéis.
A apresentação do Relatório motivou também o interesse da Comunicação Social local [RTP, RDP e Jornal da Madeira] que fez a cobertura do evento e falou com a responsável do secretariado português da AIS sobre o documento mas também sobre o trabalho que a instituição desenvolve no nosso país e a nível global.
Antes do Funchal, o Relatório da Liberdade Religiosa no Mundo da Fundação AIS foi já apresentado nas Dioceses de Lisboa, Porto, Santarém, Braga, Évora e Setúbal, sempre na presença dos respectivos Bispos.
Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt