Nesta Quaresma, a Ucrânia está no centro das preocupações e da solidariedade da Fundação AIS a nível internacional, com a mobilização dos seus benfeitores e amigos para a oração e o auxílio concreto à Igreja deste país. Em Portugal, está em marcha uma grande campanha que visa ajudar a “curar as feridas da guerra” de uma população traumatizada “que carrega a sua cruz”…
O dia 24 de Fevereiro de 2022 marcou o início da invasão da Ucrânia pelas tropas russas. A guerra, que já entrou no terceiro ano, tem sido devastadora. Cidades, vilas e aldeias foram destruídas, cerca de 10 milhões de ucranianos são hoje refugiados em diversos países ou deslocados internos, e calcula-se que aproximadamente 40 por cento da população depende de ajuda humanitária para sobreviver no dia-a-dia.
Desde a primeira hora, quando os soldados russos atravessaram a fronteira, que a Fundação AIS tem procurado auxiliar a Igreja ucraniana na sua missão de socorro junto dos que estão em maior necessidade. Um auxílio que se tem renovado mês após mês e que ganhará agora um novo impulso com uma campanha que a fundação pontifícia está a promover a nível internacional nesta Quaresma e que terá um destaque significativo em Portugal.
Como explica Catarina Bettencourt, directora do secretariado nacional da Fundação AIS, esta iniciativa tem como objectivo ajudar a “curar as feridas da guerra de uma população traumatizada”, e ser também “um sinal de solidariedade” para com “o trabalho concreto da Igreja que está a ajudar um povo exausto, mas determinado a não desistir”.
Num Boletim que está a ser enviado para centenas de benfeitores da AIS em Portugal – e que pode ser lido também na página da instituição na internet, em fundacao-ais.pt –, a responsável do secretariado lembra a importância de toda a ajuda que possa ser canalizada para este país vítima de “irracionalidade humana e de destruição”.
UM PAÍS “ABSOLUTAMENTE EM CHOQUE”
A importância desta campanha foi sublinhada após uma viagem de trabalho, recente, à Ucrânia por uma equipa da Fundação AIS que incluiu, entre outros, o secretário-geral, Philippe Ozores, e a responsável internacional de comunicação, Maria Lozano.
A visita a diversas dioceses, os contactos com dezenas de sacerdotes e religiosas, os dados recolhidos permitem perceber que a Ucrânia é, como diz Catarina Bettencourt, um país “absolutamente em choque”. Além da destruição causada pela guerra e da pobreza em que vivem as populações, especialmente nas zonas mais atingidas pelos combates, há um sentimento de orfandade. As populações “sentem-se esquecidas pelo resto do mundo”, diz ainda a directora da AIS.
A equipa da fundação pontifícia escutou inúmeros relatos, histórias difíceis, trágicas, e deixou uma garantia a todas estas pessoas que abriram os seus corações, que confessaram o medo em que vivem, a angústia de terem perdido praticamente tudo o que tinham. “Prometemos que contaríamos as suas histórias e que não as esqueceríamos”, explica a responsável do secretariado português da AIS.
É precisamente para estas populações “em choque” que se está a lançar mais esta grande campanha internacional de solidariedade.
CURAR OS TRAUMAS DA GUERRA
Se no início do conflito as portas das igrejas e dos conventos se abriram para acolher os deslocados que fugiam dos mísseis e dos ataques, agora tornaram-se lugares onde se pode chorar e curar os traumas.”
Catarina Martins de Bettencourt
Na informação sobre a Campanha online, procura-se explicar, dando exemplos concretos, como é que a Igreja da Ucrânia está a lidar com a guerra, como se tem vindo a mobilizar no apoio aos feridos, às famílias enlutadas, aos que estão deslocados, aos que choram os seus ente-queridos, como se auxiliam as viúvas, os órfãos…
São padres e irmãs que, como sinaliza Catarina Bettencourt, “socorrem milhares de pessoas, material e humanitariamente, e oferecem apoio psico-espiritual a doentes, feridos e familiares de falecidos, partilhando com eles o trauma do horror da guerra”.
SOLIDARIEDADE SEM FIM
Numa altura em que os sinais são de recrudescimento de ofensivas militares em várias frentes da guerra, torna-se mais urgente do que nunca apoiar este esforço da Igreja junto do povo ucraniano. Um esforço que “não será possível sem a ajuda de cada um de nós”, lembra a directora do secretariado português da Fundação AIS. “Não os podemos abandonar. Que os nossos irmãos na Ucrânia sejam uma parte importante da nossa Quaresma. A nossa ajuda, jejum e oração irão aliviar o seu sofrimento. Ajude-os a levar a sua cruz”, sintetiza a responsável da AIS. Desde Fevereiro de 2022, quando começou a invasão da Ucrânia pelas tropas enviadas por Moscovo, a Fundação AIS já apoiou a Igreja da Ucrânia com mais de seis centenas de projectos que representam um valor de mais de 15 milhões de euros. Uma onda de solidariedade que não pode parar. Porque a guerra também continua… E todos os dias chegam até nós notícias de mais destruição, de mais violência, de mais feridos e mortos.
Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt