Praticamente um mês depois de a Fundação AIS ter apresentado em Santarém o Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, a Diocese volta a ser palco de uma iniciativa que envolve a Ajuda à Igreja que Sofre. Quando se assinalam os 50 anos do 25 de Abril, vai ser inaugurada uma exposição, este sábado, no Museu Diocesano, que procura ser um alerta para a questão dos cristãos perseguidos. Uma questão que afecta milhões de pessoas nos dias de hoje.
Numa altura em que se multiplicam as iniciativas para assinalar os 50 anos do 25 de Abril em Portugal, em Santarém vai ser inaugurada, este sábado, dia 20, uma exposição que oferece um olhar diferente sobre a questão da liberdade. Em causa está um dos direitos fundamentais da Humanidade, o direito ao culto, à fé, à prática religiosa.
Em causa está o facto de milhões de pessoas em todo o mundo serem perseguidas, maltratadas, violentadas e por vezes até mortas por causa da sua religião. Num país onde há meio século se vive em liberdade, onde a própria legislação assegura o direito aos fiéis em expressarem a sua fé sem restrições, é importante perceber que há muitas pessoas em muitos países onde isso não acontece. Daí a exposição, que tem o apoio da Fundação AIS e é da responsabilidade do artista plástico Miguel Cardoso.
“Percebi a importância e urgência de abordar a Liberdade Religiosa como uma das questões mais prementes de falta de liberdade em todo o mundo. Escolhi utilizar instalações como forma de expressão artística para destacar a contemporaneidade deste problema e enfatizar a sua relevância nos dias de hoje.”
Miguel Cardoso
61 PAÍSES SEM LIBERDADE RELIGIOSA
Se a questão da liberdade religiosa é tida entre nós como uma “liberdade garantida” – daí o nome da exposição, que também deve ser lido como uma provocação – em muitos países isso não é assim. Chega a ser escandaloso constatar que em 61 países do mundo há violações graves desta liberdade que é reconhecida como fundamental na Declaração Universal dos Direitos Humanos, tal como se pode ler no artigo décimo-oitavo: “todos os seres humanos têm direito à liberdade de pensamento, consciência e religião…” Mas isso é apenas letra morta para uma percentagem significativa da humanidade.
Na verdade, 62,5% da população do Planeta, ou seja, quase 4,9 mil milhões de pessoas, vivem em países com violações graves ou muito graves da liberdade religiosa. E a comunidade cristã é, de longe, a mais perseguida.
É por causa disto, para alertar as pessoas sobre esta realidade, que Miguel Cardoso pensou e fez esta exposição que tem, desde a primeira hora, o apoio da Fundação AIS. Ter convidado a AIS para ser parceira nesta exposição “foi uma decisão natural”, reconhece Miguel Cardoso, “dada a sua dedicação a este tema em todo o mundo”. “Ao fazê-lo, esperamos amplificar o impacto da conscientização sobre esta questão tão séria”, acrescenta.
FUNDAÇÃO AIS É UM “ALERTA ENORME”
Curiosamente, esta é a segunda iniciativa que envolve a fundação pontifícia na Diocese de Santarém num curto espaço de tempo. Há sensivelmente um mês, foi apresentado, na Igreja de São João Baptista, na cidade de Tomar, o mais recente Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, documento produzido e editado de dois em dois anos pela Fundação AIS.
D. José Traquina, Bispo de Santarém, esteve presente nesse evento e confessou, na ocasião, ter ficado “impressionado” com a leitura do Relatório. E o que disse então quase que pode ser referido agora como um preâmbulo à exposição que vai ser inaugurada no Museu Diocesano.
Mesmo “num país, Portugal, e num continente, Europa, onde a liberdade religiosa está assegurada, nós não damos conta do que é a perseguição, [do facto de] as pessoas, apenas por quererem manifestar-se, ou rezar em público, serem perseguidas”, disse o prelado. “Isso é impressionante, é inconcebível”, acrescentou. Para D. José Traquina, a liberdade religiosa é um “direito fundamental que, não sendo respeitado, [significa] que os outros direitos também não o são, e isso é muito preocupante”.
Na ocasião, o Bispo de Santarém salientou também, e por diversas vezes, a importância do trabalho da Fundação AIS não só pela informação que publica sobre esta temática, da liberdade religiosa e da perseguição aos cristãos, mas também pela sua missão de solidariedade precisamente para com as comunidades em maior sofrimento, vítimas de intolerância, de violência. “O papel da Fundação AIS é um alerta muito importante. É um alerta enorme e com grande significado para a nossa consciência, para a nossa tomada de consciência dessa realidade, e depois saber que a Fundação não só faz só essa informação mas também recolhe apoios para colaborar com muitos cristãos perseguidos no mundo… isso é notável”, concluiu D. José Traquia.
A exposição, que vai ser inaugurada este sábado, dia 20, pelas 16 horas, no Museu Diocesano de Santarém, é mais um alerta para a importância da tomada de consciência de que milhões de pessoas em muitos países não são verdadeiramente livres. Além da parceria com a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, a exposição conta também com o apoio do Município de Santarém e da Entidade Regional de Turismo do Alentejo-Ribatejo.
Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt