Começa hoje, quarta-feira, dia 16, a “Semana Vermelha” (#RedWeek). Trata-se de uma acção promovida pela Fundação AIS em Portugal, em simultâneo com praticamente todos os países em que está presente, com o objectivo de sensibilizar a opinião pública para a questão da perseguição aos cristãos.
O arranque desta iniciativa está agendado para as 16:30 horas, no Santuário do Cristo Rei, em Almada, onde um grupo de voluntários e amigos da Fundação AIS vão rezar o Terço, a que se seguirá a celebração da Santa Missa meia hora mais tarde. No final, o monumento ao Cristo Rei será iluminado de vermelho procurando-se, dessa forma, lembrar todos os mártires do cristianismo.
Tal como este Santuário situado na Diocese de Setúbal, muitas outras igrejas e paróquias um pouco por todo o país têm vindo a associar-se à Fundação AIS para esta acção muito concreta relacionada com a questão, tantas vezes ignorada, da perseguição aos cristãos.
O objectivo é só um: combater a indiferença, pois não é justo que se continue a ignorar os sucessivos ataques, a violência e discriminação a que estão sujeitos milhões de cristãos, que são a comunidade religiosa mais perseguida em todo o mundo.
Para consciencializar as pessoas para esta realidade, a Fundação AIS vai também divulgar um relatório, “Perseguidos e Esquecidos?”. Produzido a nível internacional de dois em dois anos pela Ajuda à Igreja que Sofre, este relatório tem como objectivo analisar as violações da liberdade religiosa contra os cristãos em alguns dos países onde há descrições persistentes de abusos de direitos humanos. O lançamento deste documento vai realizar-se na quarta-feira, dia 23 de Novembro, na Igreja do Campo Grande.
No período em análise, de Outubro de 2020 a Setembro deste ano, assistiu-se nos 24 países em observação ao agravamento da perseguição aos cristãos. O nacionalismo religioso e o autoritarismo intensificaram problemas para os fiéis.
Isso foi visível no Afeganistão onde, com o regresso dos Talibãs ao poder, houve uma desesperada tentativa de fuga do país não só dos cristãos, mas também de elementos de outras minorias religiosas. Mais grave, pela dimensão da comunidade cristã, é o que se passa na Coreia do Norte, China, Índia e Birmânia. Aí, constata o relatório da Fundação AIS, “a opressão aos cristãos aumentou”.
Muito preocupante é a situação em África, “onde o extremismo ameaça comunidades cristãs outrora fortes”. A violência que se tem registado permite falar já em “possível genocídio”. Um dos países em análise é Moçambique, onde ataques sistemáticos por parte de grupos terroristas islâmicos que reivindicam a sua ligação ao Daesh, levaram já ao deslocamento de mais de 800 mil pessoas e à morte de mais de 4 mil.
Particularmente grave é o que se passa na Nigéria. O Relatório da Fundação AIS refere que o número de ataques aumentou acentuadamente nos dois anos em análise, havendo mais de 7.600 cristãos mortos.
Se em África a situação dos cristãos piorou em todos os países sob pesquisa, no Médio Oriente, nomeadamente no Iraque, na Síria e na Palestina, é a própria sobrevivência das comunidades cristãs que está em causa.
O Relatório da Fundação AIS apresenta o testemunho do padre Andrew Abayomi, que estava a celebrar uma missa no Domingo de Pentecostes, a 5 de Junho deste ano quando a igreja foi palco de um violento ataque na Nigéria por terroristas.
Diz o padre Abayomi que o mundo está a ser, de alguma forma, cúmplice desta violência extrema que está a afectar as comunidades cristãs. “O mundo afastou-se da Nigéria. Está a acontecer um genocídio, mas ninguém se importa”, diz o sacerdote. E esta é uma realidade que ocorre em muitos países e não apenas na Nigéria. “Não são apenas os cristãos da Nigéria que sofrem, mas os do Paquistão, da China, da Índia e de muitos outros lugares”, acrescenta o sacerdote.
“Os cristãos são assassinados por toda a África, as suas igrejas atacadas e as suas aldeias arrasadas. No Paquistão, são detidos injustamente sob falsas acusações de blasfémia. Meninas cristãs são raptadas, violadas e forçadas à conversão e a casar-se com homens de meia-idade, em países como o Egipto, Moçambique e Paquistão. Na China e Coreia do Norte, governos totalitários oprimem os fiéis, controlando cada um dos seus passos. E, como este Relatório demonstra, a lista de abusos continua…”, afirma ainda este sacerdote.
O Relatório “Perseguidos e esquecidos?”, da Fundação AIS, denuncia ataques, a violência, o abuso de direitos humanos contra as comunidades cristãs. Como escreve o padre Andrew Abayomi, esta Igreja que sofre “precisa de pessoas que lhe dêem voz”. “Para que terminem as matanças, mais organizações como a Fundação AIS precisam de denunciar a verdade do que está a acontecer aos cristãos em todo o mundo. De outra forma, seremos sempre perseguidos e esquecidos.”