A Assembleia Municipal de Lisboa condenou os “massacres, nomeadamente de cristãos”, na República Democrática do Congo. No texto, em que são citadas notícias da Fundação AIS e que mereceu unanimidade dos deputados municipais, são referidos diversos ataques protagonizados pela milícia denominada Forças Armadas Aliadas (ADF), e é condenada toda a violência contra as populações, nomeadamente as “violações de mulheres e meninas”.
A violência contra as populações civis, nomeadamente os cristãos, na República Democrática do Congo está a ser seguida com atenção e a merecer repúdio em vários palcos políticos internacionais. Tal como o Parlamento Europeu, que aprovou recentemente, como a Fundação AIS noticiou, uma resolução de condenação dos ataques “contra comunidades cristãs” cometidas pelos militantes das Forças Democráticas Aliadas (ADF), grupo ligado ao Daesh, a organização jihadista Estado Islâmico, também a Assembleia Municipal de Lisboa aprovou por unanimidade um “voto de condenação pelos massacres, nomeadamente de Cristãos, na República Democrática do Congo”.
No documento dá-se conta do ambiente de “guerra civil prolongada”, em que vastas regiões especialmente no leste do país estão controladas pelo movimento M23, apoiado pelo vizinho Ruanda, e que são muito ricas em minérios, nomeadamente ouro, estanho, coltan, cobre e cobalto. Face à situação de instabilidade provocada pelo conflito militar aberto – o grupo M23 controla já as cidades de Goma, capital da província do Kivu-Norte, e Bukavu, capital do Kivu-Sul – as Forças Democráticas Aliadas, “organização terrorista originária do Uganda, desenvolve também a sua acção, combatendo não apenas o M23 e as forças armadas congolesas, mas tendo como alvo preferencial os cristãos”, refere o documento votado a 18 de Março pela Assembleia Municipal de Lisboa.
ATAQUES CONTRA CRISTÃOS
“Além de promover ataques em massa em escolas, igrejas e comunidades cristãs, os membros das Forças Democráticas Aliadas, conhecidas como ADF, da sigla em inglês, sequestram e agridem sexualmente mulheres cristãs”, refere também o documento – subscrito por Carla Madeira e José Leitão, ambos deputados municipais do Partido Socialista –, que cita por mais de uma vez notícias publicadas pelo secretariado português da Fundação AIS.
São recordados ataques contra cristãos em 2021 e 2024, “que a Ajuda à Igreja que Sofre denunciou e o próprio Estado Islâmico assumiu”, assim como já este ano, em Fevereiro, quando “mais de 70 corpos foram encontrados numa igreja protestante”. O texto, votado pelos deputados municipais de Lisboa, recorda que muitos desses corpos estavam amarrados e “alguns decapitados” e que entre as vítimas havia mulheres, crianças e idosos.
A directora de Informação Internacional da Fundação AIS, Maria Lozano, é citada no documento por explicar que embora não se possa estabelecer uma relação imediata entre o massacre de pessoas cujos corpos foram encontrados numa igreja como um acto concreto de perseguição aos cristãos, até porque “a maior parte dos combates na República Democrática do Congo está relacionada com a competição por recursos”, não se pode ignorar que o grupo Forças Democráticas Aliadas tem “um claro componente religioso”.
Sinal disso, pode ler-se também no documento, e ainda em citação da responsável da Fundação AIS, que esta organização estabeleceu “laços com o Estado Islâmico” e que “tem como alvo específico os cristãos”.
REPUDIAR A VIOLÊNCIA
Face a tudo o que tem acontecido neste país africano, e recordando que Portugal é um país em que a liberdade religiosa está consagrada na sua lei fundamental, a Assembleia Municipal de Lisboa repudia “toda a violência que tem atingido as populações civis com os confrontos que se têm verificado na República Democrática do Congo, e que se têm traduzido, designadamente, em massacres de populações civis e em violações de mulheres e meninas”.
Os deputados decidiram também “condenar os massacres contra populações cristãs, por parte das Forças Democráticas Aliadas (ADF), organização terrorista originária do Uganda e que se identifica com o audodenominado Estado Islâmico”, e dar conhecimento deste “voto de repúdio” à embaixada da República Democrática do Congo, à Amnistia Internacional, à Fundação AIS e ao Patriarcado de Lisboa.
Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt