É um caso de sucesso. O livro “Deus fala aos seus filhos”, editado pela Fundação AIS Internacional há 45 anos, já ultrapassou os 51,6 milhões de exemplares de tiragem. Publicado pela primeira vez em 1979, foi já traduzida em 194 línguas, uma das quais é o português. E há histórias até de sacerdotes que se deixaram enamorar por Deus folheando as páginas deste livro…
Neste ano de 2024, a Fundação AIS celebra um momento marcante na sua história: o 45º aniversário do lançamento da Bíblia das Crianças, o nome por que é mais conhecida a obra “Deus Fala aos Seus Filhos”. Desde então, já foram impressos mais de 51 milhões de exemplares deste livro que apresenta em linguagem acessível para os mais novos a obra fundamental do cristianismo.
No total, o livro está já editado em 194 línguas e dialectos e foi já distribuído em 140 países. O português é uma dessas línguas, numa edição que ultrapassa já os 10,3 milhões de exemplares graças, sobretudo, ao impacto que esta obra tem tido no Brasil. Aliás, a história deste livro está intimamente ligada, no caso do Brasil, ao Papa Bento XVI.
No ano de 2007, o Santo Padre visitou o país e fez questão de ir à Fazenda da Esperança, uma comunidade terapêutica apoiada pela Fundação AIS, tendo aí recebido o exemplar número 10 milhões da Bíblia da Criança impressa em português do Brasil. Desde então, têm-se sucedido as reimpressões desta obra que é, no seu conjunto, uma compilação de 72 textos do Antigo e do Novo Testamento de forma a familiarizar as crianças com as Sagradas Escrituras.
A ligação deste livro aos Papas não começou com Bento XVI. Antes dele, no final de Janeiro de 1979, a Fundação AIS apresentou a Bíblia das Crianças na Conferência Episcopal Latino-Americana, que decorreu na cidade mexicana de Puebla e na qual também participou São João Paulo II, naquela que foi a sua primeira viagem fora de Itália. Essa apresentação teve um impacto significativo no sucesso do livro.
Os bispos presentes em Puebla encomendaram directamente 1,2 milhões de exemplares em língua espanhola e depressa se percebeu que era necessário apostar noutras línguas para que o maior número possível de crianças pudesse também conhecer as histórias bíblicas. E isso independentemente da região do planeta onde possam viver. E tem sido assim, num crescendo de ano para ano.
ENAMORADO DE DEUS
Relacionado com este livro há inúmeras histórias de crianças que descobrem nas suas páginas um verdadeiro tesouro. É o caso do padre Rolando de Oca, um sacerdote cubano que contou em Fátima, em 2017, durante a Peregrinação Internacional da Fundação AIS ao Altar do Mundo, como a leitura deste livrinho veio despertar nele, num país onde a Igreja atravessava tempos de grandes dificuldades, o enamoramento por Deus.
Éramos um grupo muito pequeno de crianças na comunidade, mas tínhamos uma catequista muito empenhada, muito forte, muito animada, muito alegre, que sofria por causa da sua fé, mas mantinha-a apesar de tudo. Fazia desenhos e ensinava-nos a fé com muita dedicação, mas todos tínhamos no coração a nostalgia de não termos nenhum livro que nos falasse de Deus. E, um dia, nunca me esquecerei, chegou o pároco, muito feliz, e ofereceu-me a minha Bíblia preferida: a Bíblia para crianças. Com esta Bíblia conheci Deus, conheci a história da salvação. Com esta Bíblia enamorei-me de Deus, e esse Deus, pelo qual me enamorei, chamou-me para ser seu sacerdote.”
Padre Rolando de Oca
Pároco em Camaguey, Cuba, Rolando Montes de Oca reconhece que este livro que folheou e leu vezes sem conta acabou mesmo por ser determinante para a sua vida, para o sacerdócio. “Foi com esta Bíblia que fui para o seminário. [Depois], tive que procurar outras maiores, mais profundas, mais explicadas, mas esta será sempre a minha Bíblia preferida: a Bíblia com a qual conheci Jesus Cristo e com a qual me enamorei de Deus”, afirmou o padre Rolando num testemunho gravado no Santuário de Fátima.
A BÍBLIA DA CRIANÇA NO MUNDO
Actualmente, existem versões da Bíblia das Crianças em 194 línguas, desde a Afar, falada por cerca de meio milhão de pessoas em partes da Etiópia, Eritreia e Djibuti, até ao Zulu, uma língua do povo Bantu da África Austral.
Ainda recentemente, em Janeiro do ano passado a Fundação AIS dava conta de que as crianças da comunidade Sataré-Mawé – um povo indígena que vive nas regiões de Andirá e Marau –, também já podiam ter acesso ao livro depois de ter sido concluída mais uma tradução, desta vez na língua nativa deste povo da Amazónia.
Um dos grandes mentores desse trabalho foi o padre Henrique Uggé, missionário italiano do Pontifício Instituto de Missões Estrangeiras. Uggé chegou à Amazónia em 1972 quando esta comunidade estava reduzida a apenas cerca de 1200 pessoas. Mas hoje são já mais de 12 mil e as crianças têm agora, graças a este projecto da Fundação AIS, um livro que lhes dá acesso à Bíblia.
Além do Sataré-Mawé, e só no Brasil, é possível ler este livro dedicado às crianças em outros idiomas indígenas. É o caso do Guarani, Tukano, Ticuna e Macuxi. As línguas em que o livro da Fundação AIS foi mais distribuído são o espanhol (cerca de 14 milhões de exemplares), o português (10,3 milhões), o inglês (2,5 milhões), o francês (1,2 milhões) e o swahili (950 mil).
Após o colapso da União Soviética, uma estação de rádio cristã lançou uma Bíblia para crianças em russo, e a fundação recebeu logo meio milhão de encomendas. A Fundação Pontifícia também apoia a publicação de outros livros e materiais de catequese, como o YouCat, catecismos, livros litúrgicos e de oração. Em conjunto, e só no ano de 2022, a Fundação AIS financiou mais de 1,3 milhões de publicações em todo o mundo.
Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt