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PAQUISTÃO: “Toda a gente tem medo dos terroristas”, diz responsável pelas equipas de segurança das igrejas
Não é estranho ver seguranças, por vezes até armados, junto às principais igrejas no Paquistão durante as celebrações religiosas. Muitos são voluntários e desempenham um trabalho essencial na prevenção de eventuais ataques terroristas.
Os atentados na última década em Quetta, Lahore ou Peshawar, com igrejas a serem palco de explosões de bombas que causaram mais de uma centena de mortos, são como que um aviso do que pode vir a acontecer a qualquer momento, em qualquer lugar, face a uma crescente onda de intolerância para com os cristãos.
A situação tem vindo a agravar-se e isso está a obrigar à transformação das igrejas e centros paroquiais em espaços fortificados e a rever as normas de segurança. William Arif Khan lidera uma equipa de 15 voluntários que têm como missão assegurar a protecção dos paroquianos que frequentam a Catedral do Sagrado Coração de Lahore.
Estes voluntários não substituem as equipas da polícia destacadas para as igrejas, mas complementam esse trabalho. “Os voluntários estão equipados com detectores de metais”, explica Arif Khan à Fundação AIS. O objectivo é prevenir a entrada de armas ou de objectos que possam ser usados em possíveis ataques contra os fiéis. “A polícia permite-nos manter algumas armas licenciadas nas instalações da igreja”, diz ainda este responsável.
Para uma maior eficácia do trabalho destes voluntários, prevê-se até a criação de equipas femininas. Todos os esforços vão no mesmo sentido: evitar que os templos cristãos se transformem em palco de ataques terroristas. A coordenação destas equipas com as autoridades policiais é significativa. Nas missas festivas da Páscoa, Natal e Ano Novo é comum ver também elementos das forças de segurança destacados nas igrejas. E porque a afluência de fiéis é maior, torna-se necessário também usar mecanismos especiais para controlar as entradas das pessoas. “São usados portões de passagem e atiradores para garantir a segurança das missas”, explica ainda William Arif Khan à AIS.
Estas medidas mostram como é insegura a vida dos cristãos no Paquistão. Em Janeiro de 2018, quando esteve em Portugal, a convite da Fundação AIS, D. Sebastian Shaw lamentou esta triste realidade, esta permanente intimidação. E falou da necessidade de as igrejas e as escolas cristãs terem de se proteger de potenciais ameaças construindo muros, colocando câmaras de vigilância, como se fossem “verdadeiras prisões”.
O Arcebispo de Lahore descreveu uma realidade assustadora, em que é necessário transformar templos de oração em espaços protegidos, como única forma de assegurar a tranquilidade dos fiéis. “Hoje em dia, temos de fazer muros muito altos e com arame farpado e câmaras de vigilância nas nossas igrejas e escolas. E temos de ter, também, guardas de dia e de noite. Não temos alternativa.” Esta ameaça permanente tem posto também à prova a coragem da comunidade cristã. “Temos de estar em alerta, porque estes grupos radicais vão e vêm, como num jogo do gato e do rato. Viver neste ambiente é muito difícil”, sustentou então, D. Sebastian Shaw.
É difícil mas não há alternativa enquanto a sombra ameaçadora do terrorismo continuar a fazer-se sentir sobre a minoritária comunidade cristã. Como afirma William Arif Khan à Fundação AIS, “toda a gente tem medo dos terroristas”. “A nossa fé diz-nos que Deus não nos vai desiludir. Portanto, executamos os nossos deveres com total paixão e evitamos o pensamento negativo.” Rezar à sombra de arame farpado e de medidas rigorosas de segurança não é uma opção no Paquistão. É o único caminho para se enfrentar a ameaça dos grupos radicais.
PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt