NIGÉRIA: Quase mil cristãos crismados no mesmo dia na Diocese de Enugu, apesar da perseguição religiosa no país

Poucos dias antes do massacre, em Junho, de cerca de duas centenas de cristãos no estado de Benue – um dos episódios de maior violência na história da Nigéria contra esta comunidade religiosa –, quase mil adolescentes e adultos receberam o sacramento da confirmação na Diocese de Enugu.

No espaço de poucos dias, a Nigéria assistiu a dois acontecimentos significativos de sinal contraditório e que mostram, no entanto, a coragem e resiliência da comunidade cristã nigeriana. Enquanto na Diocese de Enugu se celebrava, a 4 de Junho, o sacramento do crisma de praticamente mil pessoas, entre jovens, adolescentes e adultos, noutra zona do país, no estado de Benue, mas apenas nove dias depois, atacantes fortemente armados abriram fogo indiscriminadamente contra as pessoas que se encontravam na missão católica em Yelewata, perto de Makurdi, causando cerca de duas centenas de mortos.

Este ataque foi já classificado como um dos mais graves ocorridos na Nigéria contra a comunidade cristã e mereceu inclusivamente a denúncia do Santo Padre, que falou num “terrível massacre” e num cenário de “extrema crueldade”. Um cenário que contrastou totalmente com o que aconteceu, dias antes, no estado de Enugu, situado na mesma região sul da Nigéria, na cerimónia de celebração do crisma, presidida por D. Ernest Obodo.

Foi uma festa no verdadeiro sentido da palavra e que levou milhares de pessoas, entre clérigos, familiares e amigos, até à Catedral do Espírito Santo. Durante a homilia, citado pela agência Zenit, o prelado referiu-se ao grande número de crismados para dizer que isso era sinal de que “Deus está a trabalhar na diocese”, e que o “Espírito Santo é o nosso maior consolador”.

“Ele tira-nos o coração de pedra e dá-nos um espírito novo, transformando-nos em novas criaturas. Mesmo que não o vejamos, sentimos o seu impacto. Como o vento e o fogo, o Espírito purifica-nos, santifica-nos e fortalece-nos”, disse ainda D. Ernest Obodo, Bispo de Enugu.

OUTRO MASSACRE EM MAIO

A festa do crisma mostrou como a comunidade cristã está pujante neste país de África apesar da enorme perseguição que se faz sentir, nomeadamente pela actuação do grupo terrorista Boko Haram, que deseja a instauração de um ‘califado’ no norte da Nigéria, e pelos pastores nómadas fulani, cada vez mais radicalizados.

E o estado de Benue, especialmente a região de Makurdi, onde ocorreu o massacre de 13 de Junho, tem sido um dos palcos dessa violência contra a comunidade cristã, e que tem tido como protagonistas principais os criadores de gado, que são muçulmanos e de etnia fulani, que têm atacado os agricultores sedentários, principalmente cristãos.

Em causa está o controlo das terras e de outros recursos naturais. Os líderes da Igreja têm apelado repetidamente à ajuda internacional, afirmando que está em curso nesta zona, um plano de militantes jihadistas para se apoderarem de terras e limparem etnicamente a região da presença cristã.

Ainda recentemente, entre os dias 24 a 26 de Maio, a Fundação AIS denunciava a morte de pelo menos outras 40 pessoas em ataques brutais contra comunidades rurais situadas na região central da Nigéria, precisamente no estado de Benue.

Um episódio de violência relatado à Fundação AIS Internacional por Ori Hope Emmanuel, da Fundação Justiça, Desenvolvimento e Paz da Diocese. Segundo este responsável, atacantes, fortemente armados, dispararam “indiscriminadamente, causando vítimas civis e provocando pânico e confusão generalizada”, em várias aldeias.

Neste ataque morreram 40 pessoas. Menos de um mês depois, e no mesmo estado de Benue, aproximadamente mais 200 cristãos perderam a vida noutro massacre.

Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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