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NIGÉRIA: Libertados alguns dos estudantes raptados de uma escola cristã no estado de Kaduna
Quinta-feira · 2 Setembro, 2021
Foram libertados, há cerca de uma semana, 15 jovens estudantes que tinham sido raptados no dia 5 de Julho de uma escola protestante situada no estado de Kaduna. Na ocasião, homens armados, designados localmente como “bandidos”, invadiram o estabelecimento de ensino e raptaram mais de uma centena de alunos, tendo-os levado, ao que tudo indica, para a floresta que existe na região. Na altura, 25 jovens conseguiram escapar.
Segundo o reverendo Joseph Hayab, os estudantes foram libertados “após o pagamento de resgate”. Em declarações à agência de notícias AFP, o líder da igreja protestante local não explicou quanto foi pago pelo resgate, deduzindo-se que terão sido as próprias famílias a fazê-lo. Na ocasião, Joseph Hayab disse que ainda estão várias dezenas de alunos nas mãos dos raptores e que a comunidade está a trabalhar no sentido de que todos “possam ser libertados”.
A região de Kaduna tem sido particularmente visada por ataques de grupos armados, muitas vezes criminosos que buscam apenas o pagamento de resgates. Mas há também grupos jihadistas, nomeadamente o Boko Haram, que visam espalhar o terror entre a população. Os ataques a escolas têm sido recorrentes, calculando-se que apenas desde Dezembro do ano passado já tenham sido raptadas mais de mil crianças no norte da Nigéria.
A comunidade cristã tem sido particularmente visada nesta onda de violência. No final de Junho, por exemplo, um sacerdote foi raptado no estado de Borno. O padre Elijah Wada, que pertence à diocese de Maiduguri, viajava de Shani para Damaturu, onde ia celebrar uma missa, quando foi levado por homens armados.
Os raptos de pessoas são apenas uma das faces do terror em que vivem estas populações. Também no final de Junho, quando participava nas cerimónias fúnebres de um sacerdote católico assassinado em Malfunashi, o Arcebispo Matthew Ndagoso, da Diocese de Kaduna, ergueu a sua voz denunciando a tragédia que está a afectar este país africano. “O país está em guerra”, disse o prelado, que acusou de serem “criminosos”, todos os responsáveis por esta situação, englobando neste grupo tanto “fanáticos religiosos” como “bandidos, sequestradores, terroristas, pastores armados e oportunistas”.
Para o Arcebispo, não haverá mais nenhum lugar no mundo onde tantas pessoas são “mortas em público sem consequência”, acusando assim as autoridades de negligência grosseira na defesa das populações. “Os cidadãos estão sozinhos”, disse. “Bandidos estrangeiros ou outros criminosos podem vir à vontade matar-vos, saquear-vos, violar-vos, raptar-vos e assassinar-vos…”
De acordo com o Relatório da Fundação AIS sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, a Nigéria continua a ser um dos países mais atingidos pelo terror Islâmico. As Nações Unidas estimam que cerca de 36 mil pessoas perderam a vida em resultado da violência relacionada com o Boko Haram, que teve início em 2009, e que haverá cerca de dois milhões de deslocados.
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