A Diocese Católica de Kontagora, na Nigéria, confirmou hoje, dia 22, em mensagem enviada para a Fundação AIS Internacional, a libertação de um segundo grupo estudantes sequestrados em Novembro da St. Mary School, um estabelecimento de ensino católico em Papiri, no estado do Níger.
Num comunicado enviado para a Fundação AIS Internacional, assinado pelo secretário da Diocese de Kontagora, Padre Jatau Luka Joseph, a Igreja reconhece a libertação de um segundo grupo de alunos, dos mais de 300 alunos, professores e funcionários raptados a 21 de Novembro da St. Mary School, uma escola católica em Papiri, no estado do Níger. A Diocese agradece todo o apoio recebido ao longo destes difíceis e angustiantes trinta dias.
“Agradecemos as orações, a solidariedade e a compreensão demonstradas pelos pais, responsáveis, pela Igreja, pelos meios de comunicação e pelo público em geral durante este período difícil”, pode ler-se no comunicado, em que a Diocese expressa a sua “gratidão” pelo papel desempenhado pelas autoridades e parceiros na libertação de todos.
“Estamos profundamente gratos ao Governo Federal da Nigéria, ao Governo do Estado de Níger, às agências de segurança e a todos os outros parceiros cujos esforços e intervenções contribuíram para a libertação segura das vítimas”, afirma o Padre Jatau Luka.
Um agradecimento que se estende “aos pais, responsáveis, clérigos, comunidades religiosas, organizações humanitárias e ao público em geral pelas orações, apoio e solidariedade ao longo deste período desafiador”, acrescenta.
No referido comunicado, a Diocese assegura que o público será informado em tempo útil, pelos “canais apropriados e autorizados”, sobre todo este processo, em que se reafirma o compromisso da Igreja com o bem-estar e a segurança de alunos e funcionários.
A Diocese Católica de Kontagora permanece comprometida com a protecção, o bem-estar e a segurança de todos os alunos, estudantes e funcionários, e continuará a colaborar com todas as autoridades competentes para garantir um ambiente seguro e propício para a aprendizagem.”
O comunicado termina pedindo “ao Senhor a rápida libertação daqueles que ainda estão em cativeiro e continue a proteger o Seu povo de todos os perigos”.
Ataque à escola por 60 homens armados
Apesar de o comunicado da diocese não fazer referência a isso, segundo informações provenientes do governo federal do Níger, do grupo libertado neste domingo, dia 21 de Dezembro, fazem parte 130 alunos e professores e, a partir de agora, “ninguém permanece em cativeiro”. O ataque a esta escola católica, a 21 de Novembro, foi realizado por cerca de 60 homens armados que transportados em automóveis e motociclos invadiram o edifício, entraram nos dormitórios e raptaram 303 alunos e 12 professores.
Segundo informações recolhidas então pela Fundação AIS, o ataque, em que um segurança foi gravemente ferido a tiro, provocou, como se imagina, medo e angústia na comunidade escolar. Posteriormente, soube-se que um grupo de cerca de meia centena de alunos teria conseguido escapar e há precisamente duas semanas, a 8 de Dezembro, deu-se a libertação de cerca de uma centena de estudantes, crianças e jovens. Na ocasião, o próprio Bispo de Kontagora, D. Bulus Yohanna, deu a notícia à Fundação AIS Internaiconal. “É verdade. Até agora, 100 crianças foram libertadas. Agradecemos a Deus por tudo”, referiu o prelado na mensagem enviada então à Ajuda à Igreja que Sofre.
O ataque a esta escola católica ocorreu apenas quatro dias depois de um incidente semelhante num colégio interno, o ‘Government Girls Comprehensive Secondary School’, situado na cidade de Maga, no Estado de Kebbi, no noroeste nigeriano.
A história de Leah Sharibu
Ambos os ataques, quer o ocorrido na escola pública, quer o da escola católica, fazem lembrar os traumáticos sequestros de Chibok, em 2014 e Dapchi, em 2018, tragédias cujos efeitos ainda pesam sobre a consciência nacional e que se tornaram um símbolo da crescente crise de segurança na Nigéria.
Um desses sequestros traumáticos, o de Dapchi, aconteceu a 21 de Fevereiro de 2018. Nesse dia, terroristas do Boko Haram invadiram a Escola Técnica de Ciências, um estabelecimento de ensino oficial feminino, e levaram à força 110 alunas.
Dali a poucas semanas, porém, todas as jovens seriam libertadas com excepção de Leah Sharibu, uma rapariga que então tinha apenas 14 anos de idade. Ela ficou em cativeiro por ser cristã e por ter recusado renunciar à sua fé como os terroristas exigiam. Apesar de se desconhecer o seu paradeiro, esta jovem transformou-se num dos símbolos mais poderosos da perseguição religiosa na Nigéria.
Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt







