NIGÉRIA: Bispos agradecem ajuda da Fundação AIS para as famílias cristãs vítimas do terrorismo

A Nigéria é um dos países de África onde a violência terrorista mais se tem acentuado afectando a vida de milhares de pessoas, de milhares de cristãos. A Fundação AIS tem procurado apoiar o esforço da Igreja no socorro das vítimas dos grupos armados, nomeadamente o Boko Haram, e dois bispos manifestaram publicamente a sua gratidão pela solidariedade dos benfeitores da Ajuda à Igreja que Sofre.

Makurdi e Zaria são duas dioceses nigerianas onde os cristãos têm vindo a ser profundamente atormentados pela violência dos grupos extremistas que actuam neste país africano. Sinal disso, o número de famílias deslocadas tem vindo a aumentar dramaticamente.

O Boko Haram, um dos grupos terroristas mais temidos da actualidade e os pastores nómadas Fulani, também cada vez mais radicalizados são exemplo da ameaça que se faz sentir sobre as comunidades cristãs na Nigéria. Na última década, desde sua ordenação episcopal, o Bispo Wilfred Anagbe, de Makurdi, testemunhou precisamente um aumento drástico no número de famílias deslocadas em parte, na sua diocese, por causa dos pastores Fulani, que tomaram vastas extensões de terra, forçando comunidades inteiras a abandonar as suas casas.

Em resposta a esta situação, o bispo criou um programa de educação de emergência para mais de 400 crianças, tendo conseguido que muitas voltassem para a escola e saíssem das ruas.

A SEMPRE PRESENTE AMEAÇA FULANI

Este projecto tem-se revelado fundamental não só por funcionar como uma barreira para a ameaça da prostituição e do trabalho infantil, mas também do tráfico de pessoas e da toxicodependência. A Fundação AIS tem apoiado este projeto, além de outras iniciativas vitais para a Igreja, nomeadamente relacionadas com o sustento de padres e religiosas através dos estipêndios de Missa.

Em agradecimento a todo este apoio, o prelado, assinalando também o décimo aniversário como bispo e o trigésimo ano da sua ordenação sacerdotal, enviou uma carta para a Fundação AIS Internacional.

Desde que me tornei bispo, fui confrontado com a triste realidade do deslocamento de milhares de pessoas dentro da minha diocese. Afinal existem áreas completamente dominadas por pastores e, há anos, a educação das crianças em idade escolar nessas áreas foi completamente interrompida. Mas, percebendo a necessidade de fazer algo sobre essa situação triste, iniciei o fundo de Educação em Emergência para devolver crianças em idade escolar às aulas. O objetivo era garantir seu futuro em meio à situação desesperadora actual.

“OBRIGADO, FUNDAÇÃO AIS!”

Na carta, manifesta a sua gratidão por tudo o que a fundação pontifícia tem permitido fazer junto destas populações marcadas desde há anos pela violência terrorista neste país africano. Sou profundamente grato à AIS por todo o apoio que recebemos. Tem sido uma ajuda não apenas na área de educação para as populações deslocadas em nossa diocese, mas, mais importante ainda, pelo trabalho de advocacia que trouxe nosso sofrimento à superfície. A equipa da AIS, que actua nessa área, tem sido incansável em tornar a comunidade internacional ciente das dificuldades e do sofrimento que o nosso povo está a enfrentar. De facto, não consigo agradecer o suficiente a todos vocês e à equipa da AIS por toda a ajuda que recebemos ao longo dos anos.”

Em resposta à carta do Bispo de Makurdi, Regina Lynch, presidente executiva internacional da Fundação AIS, reiterou o compromisso da Ajuda à Igreja que Sofre no apoio permanente aos cristãos que são vítimas de perseguição religiosa, nomeadamente na diocese de D. Wilfred Anagbe. “O senhor tem sido bispo num tempo de grande sofrimento para seu povo. Muitos foram mortos ou deslocados. Mas, felizmente, a Igreja está presente para trazer consolo e fortalecer a fé deles, apesar das cruzes que carregam. O senhor tem sido – e continua sendo – o Bom Pastor, que nunca abandona suas ovelhas. Demonstrou grande coragem e fortaleza ao guiá-los nesses tempos difíceis e ao lhes dar voz, compartilhando seu testemunho com políticos e a comunidade internacional”, disse Regina Lynch, concluindo: “Que Deus continue a abençoar seu trabalho e conceda a graça necessária para servir ao Seu Reino nesta terra”.

“DÃO-NOS, ÁGUA, COMIDA, ROUPA…”

Também recentemente, de passagem pela sede internacional da Fundação AIS na Alemanha, o Bispo de Zaria fez questão de agradecer toda a ajuda que tem sido canalizada para a Nigéria. “Quero agradecer muito sinceramente aos nossos benfeitores, homens e mulheres, por todos os sacrifícios que fazem para nos ajudarem. Dão-nos o vosso dinheiro, dão-nos água, dão-nos comida, dão-nos roupa”, disse o prelado, sublinhando que se trata, mesmo, de uma ajuda preciosa. “Podem pensar que estão a dar apenas uma pequena contribuição, mas posso assegurar-vos que estão a dar uma enorme ajuda. Por isso, muito obrigado pela vossa generosidade para connosco. Que Deus continue a abençoar-vos, a fortalecer-vos e conceder-vos os desejos dos vossos corações, e que, no fim, vos dê a vida eterna”, disse o Bispo de Zaria, agradecendo a generosidade dos benfeitores da Ajuda à Igreja que Sofre para com a Igreja da sua diocese, muitos dos quais estão em Portugal.

O prelado aproveitou a passagem por Konïgstein para denunciar também a situação extremamente grave no plano humanitário que os cristãos enfrentam na sua diocese situada entre Sokoto e Kaduna.

“ESTA É UMA IGREJA PERSEGUIDA”

Um exemplo trágico da discriminação dos cristãos verifica-se na questão da maternidade. “As mulheres têm de dar à luz no mato e por isso muitas crianças morrem ou são mortas porque não há hospitais para onde ir”, afirma o prelado.

O acesso a empregos qualificados e ao ensino público é outra questão que o Bispo de Zaria enumera como exemplo da discriminação e perseguição aos cristãos na sua diocese. “Independentemente das qualificações que tenhamos, nunca teremos um certo tipo de emprego porque somos cristãos. Se o nosso nome não reflecte o Islão, é-nos negado o emprego. O mesmo se passa com o acesso às escolas. Temos escolas federais governamentais, temos escolas estatais, mas estas escolas também discriminam no sentido de que os Cristãos não têm permissão para frequentar algumas dessas escolas, simplesmente por serem cristãos”, referiu também D. Habila Daboh.

O prelado fez ainda uma referência à actuação do Boko Haram, grupo jihadista que tem a comunidade cristã como um dos seus alvos. “É claro que temos as Igrejas, os nossos locais de oração, mas devido ao medo dos ataques, quer pelo Boko Haram, quer por criminosos, ou por jihadistas islâmicos, não somos livres de rezar, e, por isso, esta é mesmo uma Igreja perseguida na minha diocese”, sintetizou D. Habila.

Paulo Aido e John Pontifex

Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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A liberdade religiosa na Nigéria está gravemente ameaçada. As vítimas são predominantemente cristãs, mas também muçulmanas e de religiões tradicionais, líderes religiosos e fiéis que sofrem às mãos dos terroristas, grupos armados jihadistas e criminosos nacionais e transnacionais.

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