A directora do gabinete de Imprensa da Fundação AIS Internacional acompanhou o Santo Padre na recente visita à Mongólia. Para Maria Lozano, a viagem foi marcada por um clima de grande afectividade, visível nomeadamente no encontro inter-religioso que permitiu ao Papa sublinhar que a Igreja não tem uma agenda política, mas existe, sim, para criar pontes e laços de proximidade com todos…
A recente viagem do Santo Padre à Mongólia, de 31 de Agosto a 4 de Setembro, a 43ª do seu pontificado, foi histórica e permitiu ao mundo descobrir a pequeníssima comunidade católica existente neste país da Ásia Central, composta por menos de 1500 baptizados. Nunca um Papa tinha estado em terras de Gengis Khan. Foi uma viagem do Papa das periferias a um país que se destaca nesta região do globo pela defesa da paz e pelo respeito ao diálogo inter-religioso. Maria Lozano, directora do gabinete de Imprensa da Fundação AIS Internacional, acompanhou o Santo Padre e, em entrevista ao programa “Perseguidos, pero no olvidados”, na Rádio Maria de Espanha, Lozano destaca alguns dos momentos mais impressivos da viagem, a começar pela importância que o Papa atribuiu à própria comunidade, pequena em número, mas significativa pela missão que desempenha. “O Papa não foi à Mongólia por ser uma grande comunidade, por ser muito poderosa ou por ter um grande significado internacional”, explicou Lozano. “O sucesso e a aparência não são o mais importante”, disse ainda. “Por vezes vemos isso como uma limitação, mas ele disse que não, que na verdade é um ganho. Por isso, lembrou-me Maria, a serva do Senhor, que na sua humildade é muito mais importante do que todos os reis da terra.”
Criar laços e pontes
A viagem do Papa, explicou ainda Lozano aos microfones da Rádio Maria, ficou marcada também pelo ambiente de grande cordialidade e respeito. “A comunidade cristã estava muito alegre, muito feliz e orgulhosa do seu país. As autoridades receberam o Papa com grande respeito. Há que dizer também que não se tratou de um evento organizado pela Igreja, mas sim de um convite do Governo da Mongólia. Além disso, com as comunidades das outras confissões religiosas presentes no país, assistimos a um grande afeto. Recordo que o representante budista mais importante da Mongólia, que é o abade de um dos mosteiros mais importantes, quando o Papa chegou ao encontro inter-religioso, tratou-o com grande afecto e proximidade. O ambiente era harmonioso.” De todos os eventos em que participou, Maria Lozano destaca como dos mais significativos, o que juntou na catedral, em redor do Papa, os missionários, as ordens religiosas, e os agentes de pastoral, e também o encontro ecuménico e inter-religioso. Este encontro, num teatro de Ulaanbaatar, estiveram reunidos dez líderes de diferentes confissões religiosas, desde monges budistas, xamãs mongóis, islâmicos, judeus e um padre ortodoxo russo. A própria realização do encontro foi importante. “Foi de grande importância por mostrar que esta é uma das mensagens que o Papa quis transmitir ao mundo”, explicou Maria Lozano, acrescentando: “A Igreja não tem uma agenda política, nem quer criar influência, não é agressiva. Mas está lá para criar laços e pontes. Penso que a ‘Fratelli tutti’ – Encíclica publicada em Outubro de 2020, sobre a fraternidade e amizade social – tem sido muito vivida nos encontros inter-religiosos”, disse ainda a responsável da Fundação AIS.
Presença da Fundação AIS
Durante os quatro dias da visita do Papa à Mongólia, Maria Lozano teve a oportunidade de se encontrar também com algumas das pessoas que compõem a pequena comunidade católica deste país maioritariamente budista. E nessas conversas sobressaiu a importância do trabalho que a Igreja tem vindo a fazer, nomeadamente junto dos mais jovens.
Tive bastantes conversas com fiéis e famílias da Mongólia. Perguntei-lhes por que razão se tinham aproximado da fé católica. Aqui, a maior parte deles são ateus ou budistas e ser católico é uma coisa bastante exótica. Muitas das mulheres disseram que tinham encontrado conforto na Igreja em situações muito difíceis das suas vidas”
Maria Lozano
2 Comentários para “MONGÓLIA: “A Igreja não tem agenda política”, diz Maria Lozano, da Fundação AIS, sobre a visita do Papa”
É precisamente isto um dos temas que nunca consigo entender, ou seja que as diferentes religiões “andem” em sentidos opostos, muito especialmente as que são cristãs. Se até entre os cristãos há caminhos em sentidos opostos, bem mais difícil conseguir-se esse entendimento entre religiões que acreditam, veneram, diferentes Deuses. Esta viagem do Papa Francisco foi precisamente criar laços de união entre diferentes credos religiosos. Bem hajas, Papa Francisco.
Obrigado pelo seu comentário, caro José Pedro Alves. Criar laços de união entre todos. Bem haja!