MOÇAMBIQUE: Vítimas do terrorismo “não serão esquecidas”, diz Arcebispo de Cantuária em histórica visita a Pemba

MOÇAMBIQUE: Vítimas do terrorismo “não serão esquecidas”, diz Arcebispo de Cantuária em histórica visita a Pemba

O Primaz da Igreja Anglicana pediu orações pelo sucesso da viagem que vai fazer com o Papa Francisco ao Sudão do Sul em Fevereiro de 2023, que classificou como “uma peregrinação de paz”.

O Reverendo Justin Welby, Arcebispo de Cantuária, esteve na Diocese de Pemba, no decorrer de uma visita de quatro dias a Moçambique, e encontrou-se com alguns deslocados, vítimas da violência terrorista que tem conduzido a região norte do país para uma situação de profunda crise humanitária.

Welby esteve no Paço Episcopal com o Bispo de Pemba, D. António Juliasse, e com D. Inácio Saure, Bispo de Nampula e presidente da Conferência Episcopal de Moçambique. Na reunião, dia 22 de Novembro, o líder espiritual da Igreja Anglicana sublinhou a importância do contacto que teve com algumas das vítimas da violência causada pelos terroristas e de como isso o impressionou.

“Foi importante vir aqui e conhecer a realidade, o que foi enfatizado esta manhã quando me encontrei com duas jovens mulheres deslocadas que vieram da região mais a norte, na fronteira com a Tanzânia, e cuja história de horror e terror e de morte de um bebé, um dos seus bebés, revela quão difícil é a vossa situação”, disse o Arcebispo.

Justin Welby aproveitou a ocasião para manifestar a sua proximidade para com a Igreja moçambicana e enfatizar que essa solidariedade não será uma palavra vã. “Garantimos que vocês não são esquecidos, rezamos por vocês, mas também há apoio para vocês e para o trabalho que fazem”, disse no encontro em Pemba.

O Bispo de Pemba agradeceu a solidariedade manifestada pelo líder da Igreja Anglicana e fez questão de lembrar, numa breve intervenção, que o mundo não pode esquecer-se de Cabo Delgado apesar das outras guerras e do sofrimento que acontece noutras partes do mundo, nomeadamente na Ucrânia, em plena Europa.

“O sofrimento é real em Cabo Delgado e, de facto, essa experiência que Vossa Graça fez aqui é uma experiência que nós fazemos diariamente em Cabo Delgado. E algumas vezes o mundo se esquece um pouco também deste sofrimento. Não se compara. Também tem o sofrimento na Ucrânia, as atenções estão a ficar mais voltadas para lá, para esse grande sofrimento, mas o sofrimento de Cabo Delgado ainda é grande”, disse o Bispo de Pemba acrescentando: “Temos imensas pessoas que se veem praticamente despidas de esperança e o grande trabalho que nós, os religiosos, tentamos fazer é oferecer alguma esperança”.

D. António Juliasse referiu que essa esperança tem um valor que supera até a própria ajuda material que é necessária para os milhares de deslocados de Cabo Delgado, por vezes famílias inteiras que foram forçadas a fugir por causa dos ataques de terroristas que têm vindo a reivindicar a sua pertença ao grupo jihadista ‘Estado Islâmico’. “Mais do que dar comida, vestuário, saúde, que são também bons gestos de caridade, mas esta dimensão, a parte mais profunda de poderem acreditar que a paz pode ser possível, esse é um trabalho que cabe a nós, religiosos”, disse.

O líder da diocese de Pemba sublinhou também a importância do bom relacionamento entre igrejas e religiões na luta comum pela paz e solidariedade. “Este caminhar juntos no diálogo, no ecumenismo, no diálogo inter-religioso, que fazemos, tem como grande objectivo oferecer a esperança para que um dia chegue verdadeiramente a paz”, acrescentou.

A intervenção de D. Juliasse ficou também marcada pelo apelo a que o Arcebispo de Cantuária leve ao mundo, “onde as suas responsabilidades também se fazem valer”, a notícia do sofrimento que está a ocorrer em Cabo Delgado, em Moçambique, por causa da ameaça terrorista.

Na visita a este país africano de língua oficial portuguesa, e além de encontros com as autoridades, nomeadamente com o primeiro-ministro, o primaz da Igreja de Inglaterra presidiu ainda à cerimónia de proclamação da província eclesiástica da Igreja Anglicana de Moçambique e Angola, que ganhou autonomia em 2021 depois de ter feito parte da Igreja Anglicana da África Austral desde 1893.

No final do encontro no Paço Episcopal de Pemba, o Arcebispo de Cantuária pediu as orações de todos os presentes pelo sucesso da viagem que vai realizar em Fevereiro com o Papa Francisco ao Sudão do Sul. Uma viagem que classificou como “histórica”. “Antes de nos despedirmos, gostaria de pedir que rezassem por nós e em particular pela viagem que farei acompanhando o Santo Padre ao Sudão do Sul, em peregrinação de paz, em Fevereiro, e com o moderador da Igreja Presbiteriana da Escócia”, disse. “Trata-se de um acontecimento histórico das três Igrejas que trabalham em conjunto e talvez aqui, no meio das suas viagens, pudessem também rezar pelo fruto desta visita”, acrescentou ainda.

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Embora os líderes cristãos e muçulmanos continuem a denunciar a violência e a promover o diálogo inter-religioso, num esforço de deslegitimação do jihadismo, tal será insuficiente se não forem abordadas as desigualdades sociais e económicas subjacentes que afectam os jovens, especialmente nas regiões mais pobres. As perspectivas para a liberdade religiosa continuam a ser desastrosas.

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